Capítulo 8

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Murilo

O beijo de Lia estava diferente, na realidade, ela estava diferente. Talvez fosse apenas saudade da minha parte, mas não me lembrava dela ser assim... dispersa.

— Como vai Murilo? — Emanoel perguntou entrando em meu escritório segurando uma pasta em sua mãe.

— Bem. Como foi a reunião? — Perguntei sem tirar os olhos do computador analisando os relatórios de vendas do último trimestre.

— Sobre isso que vim falar com você. — Ele disse se sentando na poltrona em minha frente, estendendo a pasta em minha direção. — As propostas deles.

Peguei a pasta e passei os olhos.

Nada de atrativo.

— São fracas. — Disse, deixando a pasta de lado e me voltando para ele. — O que você achou?

— O mesmo que você, já recebemos propostas bem melhores. — Afirmou.

— Realmente, vou mandar um e-mail para com aquela empresa que queria nos vendar as esmeraldas, quem sabe eles não têm os rubis que precisamos para a produção.

— Se quiser posso fazer isso. — Ele se ofereceu.

— Pode ser.

— Como está, Lia?

— Bem. — Respondi, nunca fui muito de conversar com as pessoas no trabalho, Emanoel era uma exceção, além de socio, ele também era meu sogro. — Ela estava exausta da viagem.

— Imagino. Deve ter se cansado de andar e fazer compras em Paris. — Disse. Não contamos a ele, que Lia, na verdade, tinha ido a uma consulta medica para alguns exames.

— Por que não vem jantar em casa hoje? Aposto que Lia, adoraria te ver.

— Por mim, tudo bem, quero mesmo ver minha filha. Estou morrendo de saudades dela. — Ele sorriu e bateu as palmas das mãos na guarda da poltrona. — Bom, vou para minha sala mandar o e-mail, espero que eles possam e queiram nos ajudar. — Disse. — Te vejo mais tarde.

— Até mais. — Respondi, voltam meus olhos para a planilha aberta, o faturamento estava alto, ainda mais com as vendas do mês passado, aumentaram significativamente, talvez desse para tirar alguns dias de férias com Lia, como ela vim querendo.

Só alguns não fariam mal, pelo contrário.

Lia

Você falou com ela sobre seu plano de não voltar? — Alex me perguntou, enquanto voltávamos para o hotel.

— Não. — Respondi de forma seca. — E nem pretendo. — Ele olhou para mim.

— Isso é cruel, Lia. Até mesmo para você.

— Está com peninha dela? — Perguntei. — Liz é exatamente o que Murilo e meu pai procuravam em mim. A mulher perfeita e submissa, que sorri e a acena como um pinguim. — Olhei para fora da janela. — Eles nem vão se dar conta da troca, apenas vão pensar que resolvi atender aos desejos deles depois de tantos anos me rebelando.

— Você fez o teste de DNA?

— O que você acha? — Perguntei irônica. — Eu já sabia que Liz era minha irmã, no minuto em que vi sua foto, tudo se confirmou, quando vi a foto da mãe dela, no escritório do meu pai, o teste foi só uma formalidade para confirmar o que eu já sabia.

— Deixe-me adivinhar, você também não contou isso a ela?

— Liz é uma mulher esperta, vai descobrir por si só.

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