capitulo 1

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Ja são quase duas da manhã e aqui estou eu, jogando um jogo bobo que eu costumava adorar quando era mais nova, se chama Amor Doce, um jogo otome de romance que conta a história da protagonista que se muda para uma nova escola e la tem vários paqueras que irão se relacionar com ela.
Estou quase terminando o high school, só falta alguns diálogos pra finalizar, nunca estive tão ansiosa por causa de um jogo.

— Mas o que!? — minhas sobrancelhas se franzirem e meus olhos encaravam a mensagem que apareceu na tela no meu celular.

*Pontos de ação insuficientes*

— Eu não acredito nisso — jogo meu celular para o outro lado da cama enquanto me deixo cair de cara no colchão — Jogo idiota... — me virei para o lado, encarando o relógio estava no móvel ao lado da cama.

É, acho que isso é um sinal para eu dormir, prefiro não passar raiva com a ideia de ter que juntar pontos de ação para terminar esse maldito jogo, amanhã eu vejo se consigo terminar...

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O som do despertador invade o quarto inteiro, posso sentir a luz do dia me alcançar, parece um pouco diferente do comum, não consigo escutar minha vizinha da frente brigando com o cachorro cujo o nome é vilão, ou a musiquinha do vendedor de sorvete passando na minha rua.

Me levanto da cama com certa dificuldade, tenho a impressão que ela está bastante espaçosa, vou cambaleando até o banheiro sem prestar atenção no ambiente, pronta para iniciar a minha rotina exaustiva como trabalhadora de baixa renda.

Mas...algo parece errado, parece MUITO errado, eu acho que é um sonho, isso! Deve ser um sonho não é? Meus olhos sempre foram dessa cor? E esse cabelo loiro encaracolado com certeza não é o meu. Quem é essa garota na frente do espelho? Ok, isso tá muito estranho.

— Mantenha a calma! — Bato no rosto, enquanto olho fixamente para o espelho. — Essa aparência me lembra alguém...

Coloquei o rosto pra fora do banheiro, visualizando o quarto que definitivamente não era o meu, meus olhos pararam em algumas fotos de polaroids grudadas na parede, cortinas imensas que deslizavam pelas janelas e uma penteadeira cheia de cosméticos.
Ouço uma batida na porta — Ambre? Se apresse ou vamos nos atrasar.— A voz masculina ecoa pelo corredor.

— Ambre? Eu?! — Em um susto, acabo tropeçando no tapete do banheiro — Ah não é possível — eu tô alucinando? Isso não pode estar acontecendo.

Ambre Carello, uma garota que inferniza a vida da protagonista desse jogo. Se isso não for um sonho... Eu realmente me tornei ela, mas por que? Como eu devo agir? Seria difícil ter que ir para Sweet Amoris sabendo que metade da escola me odeia, ou melhor, odeiam a Ambre.
Decidi que vou pensar com mais calma depois, se eu demorar mais, provavelmente a voz masculina vai voltar.

Depois de tomar um banho, espiei seu guarda-roupa, ela tinha muitas roupas bonitas. Mas como uma personagem secundária não pode ofuscar a protagonista, o jogo a deixou com aquela roupa brega de sempre.

A roupa que eu escolhi certamente me faz parecer menos má, eu não quero mudar o percurso da história, só não quero ser vista como uma vilã.

Não pude deixar de me olhar no espelho outra vez, só para ter certeza de que isso não é um sonho esquisito. Tirando o fato de que a Ambre é uma personagem não muito amigável, ela é bastante bonita, o cabelo dourado realça a cor clara dos seus olhos, se ela fosse a protagonista seria encantadora.

Conforme eu ia descendo as escadas, pude ver decorações caras por todo canto, o cheiro de café invadia toda a casa, assim que entrei na cozinha pude notar um olhar de curiosidade vindo da minha suposta família.

—Está tudo bem Ambre? - A mulher loira que estava sentada olhando alguns papéis levanta seus olhos para me avaliar — Você parece abalada — Seu olhar continuava a me penetrar, esperando uma resposta.

— Ah c-claro que sim— As palavras pareciam se embolar, é desconcertante ter alguém te encarando por mais de cinco segundos, tentei ao máximo disfarçar meu desconforto.

A mulher loira, apenas assentiu e voltou a olhar seus papéis.
Eu já havia me sentado e comecei a comer um prato de panquecas doces que estava na minha frente, dessa vez quem chamou minha atenção foi Nathaniel.

— Pensei que não gostasse de panquecas porque engordavam. — Ele me deu uma breve olhada e voltou a despejar um pouco de café em sua xícara.

fiquei o encarando por alguns minutos sem acreditar na figura q está bem na minha frente, que só consegui responder segundos depois. — Mudei de ideia. — voltei a saborear o gosto da massa, tentando não olhar muito, o único que não estava nessa cozinha era o pai de Nathaniel, e sinceramente, eu nem quero saber onde ele está.

Depois do café da manhã eu e o Nathaniel fomos para a escola, como a cidade é pequena, a Sweet Amoris é bem perto de casa. Com pouco esforço eu consegui chegar no lugar que eu tanto ansiava conhecer. Uma onda de nervosismo e ansiedade me atingiu e eu apenas fiquei parada na entrada.
Meus pensamento foram interrompidos assim que uma mão tocou no meu ombro.

— Estou indo para o grêmio antes da aula começar, não causa problemas. — Ele me deu um sorriso breve e se distanciou de mim.

Fui andando, tentando chegar ao corredor da escola, acho que fiquei desestabilizada com o clima caótico da escola.
Sinto meu corpo colidir com alguém bem maior que eu, por causa do impulso de nossos corpos se chocando, dei uma cambaleada para trás, e pude ver a figura que estava na minha frente.

— Você não olha por onde anda?!

A pessoa com quem eu colidi foi Castiel, pude ver sua expressão de desdém enquanto me analisava. Ele é muito mais bonito pessoalmente isso eu confesso, mas ainda é um grosseiro!

— A culpa é sua que não presta atenção — franzi o cenho — Da licença cara. — Ignorei completamente qualquer murmuro que ele falou logo depois de passar por ele.

andando pelos corredores pude ver os cenários do próprio jogo, os armários em um tom azul escuro, a sala do grêmio, as salas de aula, no final do corredor vi o caminho para a escadaria.
Olhei atentamente para os armários, procurando o "meu" nome, peguei a chave em uma bolsa qualquer que achei no quarto da Ambre, e tentei abri-lo.

— É até mais organizado do que eu pensei — Olho para os adesivos cor pastéis colados na porta, livros empilhados, batom vermelho, um chiclete sabor morango e uma foto do Castiel pendurada com vários adesivos de coração... Soltei uma leve risada, não esperava que a Ambre fosse tão melosa.
Arranquei a foto e amassei ela, olhei em volta procurando alguma lata de lixo , pude ver uma perto dos armários então arremessei a bolinha que foi contra a parede e caiu dentro do lixeiro.
Encarei o horário das aulas que estava colado na porta do armário , peguei o livro da matéria que teria daqui a alguns minutos e fechei o armário.

— Desde quando você estuda?— ouço uma voz feminina atrás de mim.

— Você mudou de visual? — outra voz surge.

Respiro fundo, eu já imaginava que teriam dúvidas vindo por parte dos estudantes que não suportam a Ambre, me virei lentamente para visualizar quais eram as pessoas atrás de mim.

— Ah... São vocês — Encaro Li e Charlotte, as duas cobrinhas que andam atrás de Ambre — E-eu não tô de bom humor hoje, não falem comigo! — Pego o livro e tranco o armário. Ainda não processei bem a situação em que estou, não sei como reagir perto dessas duas.

— O que deu em você? — Charlotte pergunta

— Você não entendeu? — Chego mais perto dela — Me deixem em paz!— meu rosto se contorceu mostrando puro desprezo. As duas pareceram entender a mensagem e rapidamente saíram da minha vista.
Suspirei de alívio, me direcionando até a sala de aula.

Losing The Sun ~ AmbreOnde histórias criam vida. Descubra agora