𝐂𝐚𝐫𝐞𝐥𝐞𝐬𝐬 𝐖𝐡𝐢𝐬𝐩𝐞𝐫𝐬⎯ 𝐎𝐮𝐭𝐞𝐫 𝐁𝐚𝐧𝐤𝐬

Capítulo 10 | Until he gets tired

⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯Sophie's pov⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Depois da briga de ontem com meu pai, o café da manhã ficou esquisito. Eu odeio brigar com ele, e fazia um tempo desde que isso aconteceu da última vez. A frustração da "briga" com Pope e o resto da semana se descontaram nele.

A verdade é que esse clima estranho só me fazia sentir mais falta ainda dele. 

⎯Desculpa por ontem, pai⎯ solto durante o café da manhã. Ele afasta a xícara de café dos lábios finos.

⎯Tudo bem. Você também tinha um pouco de razão. Eu não estava presente⎯ confessa ele.

⎯É, mas, você tinha seus assuntos⎯ digo, inclinando-me na mesa suavemente⎯ Te deixei preocupado. Me desculpa⎯ repito.

Ele dá um sorriso sem dentes desconcertado.

A verdade é que não consigo⎯ e não posso⎯ ficar brigada com meu pai. Depois que minha mãe morreu no verão passado, eu só tenho ele. Se eu ficar brigada com meu pai, quem vai sobrar na minha vida?

O pensamento me assusta, fazia tempo que eu não pensava na morte da minha mãe.

Não posso perdê-lo de novo. Não é uma espécie de jogo em que se pode perder uma pessoa mais de uma vez porque, relaxa, você tem três vidas. É impossível saber quando algo vai acontecer, odiaria que meu último momento com meu pai fosse brigado também.

Me levanto da cadeira, sentando-me na que ficava ao lado do meu pai.

Apoio minha cabeça em seu ombro, sorrindo.

⎯Odeio ficar brigada com você. Eu senti saudade.

⎯Eu também, querida⎯ ele põe sua mão sobre minha cabeça, acariciando⎯ Depois da sua mãe...

A palavra me causa um arrepio. Meu corpo fica paralisado no ombro do meu pai. É a primeira vez desde que meu pai falou da minha mãe desde que chegamos em Outer Banks. 

Apesar das memórias nessa casa, enterrei tudo no fundo do meu cérebro. Não pensei nisso em nenhum momento desde que cheguei, não porque eu não a amasse, mas porque amava demais. Não conseguiria viver se não ignorasse que ela esteve aqui também. Mas quando as palavras vêm dele, é como se uma mão afundasse na minha cabeça e arrancasse cada centímetro de lembrança e destroçasse a caixa na qual eu as mantive escondidas.

⎯...Eu tinha que ter ficado mais com você⎯ ele continua⎯ Por isso eu cancelei todos os meus assuntos para hoje.

Afasto a agonia no meu peito para respondê-lo.

⎯Sério?⎯ pergunto levantando meu rosto e me endireitando na cadeira. 

Ele assente. Meu sorriso ilumina seu rosto.

⎯Quer começar a maratona por qual filme?

⎯Que tal Harry Potter e a Pedra Filosofal? Ou a gente podia assistir todos os filmes dos Vingadores?⎯ pergunto empolgada.

⎯Senhor dos Anéis?

⎯Bingo! Vou fazer pipoca!⎯ me levanto da cadeira indo até a cozinha.

...

Eu e meu pai passamos a manhã inteira assintindo Senhor dos Anéis, um de nossos filmes preferidos. Depois do almoço eu fiz sua barba e falhei, deixando um ou dois cortes em seu maxilar. Ao fazer sua barba, bem de perto, eu pude perceber o quanto a idade o pegou nesses últimos meses. Antes suas rugas não eram tão visíveis, mas agora eram profundas e contavam uma história longa e cansativa de muitas noites em claro. Meu pai não era tão velho, era alguns anos mais velho que minha mãe, e devia ter por volta dos 45. Ela faria 40 esse ano.