Na noite anterior, no horário do jantar; Tedros teria conversado mais um pouco com Kiko, e descoberto uma pequena cidadezinha chamada Galvadon.
Na manhã seguinte porém, recebeu uma carta:Caro hóspede, receio que nosso encontro tenha sido abrupto e rígido, e por isso devo lhe informar que não o desejo mais em minha casa, contudo, Kiko falou-me que você descobriu da existência de Galvadon, sugiro então que parta hoje pós o almoço, ficará numa estalagem — não será complicado acha-la já que é a única da cidade— e não se preocupe com o dinheiro, paguei sua reserva lá por uma semana, obrigada pela atenção.
Senhorita Woods.
—Caramba! Essa mulher realmente não me quer aqui!- Tedros falou para si próprio.
Depois de respirar fundo, tomou o café que estava servido na mesa. Uma deliciosa salada de frutas com um copo de leite fresco.
— Essa mulher deve querer mesmo me matar! Manga com leite! Onde já se viu?!- Comentava enquanto comia apressado, queria sair dali o mais rápido possível.
Decidiu-se por sair bem antes do almoço.
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O Sol queimava no céu. Devia ser perto de dez da manhã. E Tedros começou a andar.
A brisa fresca soprava em seus cabelos loiros, e Tedros finalmente se sentiu realmente relaxado, desde a tragédia de seu reino ele tem estado com a cabeça pairando em um zilhão de coisas diferentes.
Sentia falta de seu reino. Sua casa. Seu cavalo. Seu pai.
Seus amigos também.
Lembrou-se de Chaddick, seu único e melhor amigo. Será que estava morto? Vivo? Acho que Tedros sabia a resposta. Mas não queria admitir para si mesmo.
Andando mais um pouco e finalmente chegou na tal da Galvadon. Era uma cidade pequena e humilde. Tedros foi procurar a estalagem. E realmente a 'Senhorita Drácula' estava certa, foi muito fácil. Era um casebre rústico e sujo, com os quartos no primeiro andar e um bar no térreo.
Tedros torceu o nariz quando cheiro de bacalhau com rum chegou ao seu nariz. Quem essa 'galera' pensa que são? Piratas?
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Depois de colocar tudo em seu quarto, foi explorar a cidade.
— Que cidadezinha entediante, viu?- tagarelava para si.
Um sujeito moreno, alto, sujo e muito magro passou por ele. O homem era também muito peludo e andava todo encolhido, tinha uma aura de estranheza que o cercava.
Tedros o encarou, desconcertado; o homem pareceu andar mais rápido, apressar o passo.
Ao andar mais um pouco Tedros viu algo incomum. Na praça da cidade, sentada na beira de uma fonte, havia uma mulher de cabelos louros esbranquiçados que eram delicadamente penteados por suas mãos nobres. A moça tinha olhos cor de jade, pele de pêssego e usava um vestido rosa bebê comprido.
Tedros não pôde deixar de sorrir! Pelo menos uma moçoila na cidade que agia com classe!
Sentou-se ao seu lado na fonte, a menina não tirava os olhos verdejantes de Tedros.
— Olá, jovem! Eu sou Tedros, e você quem é?
— Sophie. Meu nome é..- antes da menina terminar de se apresentar, um homem com barba e cabelos grisalhos e rosto marcado de suor sai de uma casa próxima gritando:
—SOPHIE, VOCÊ COLOCOU UMA COBRA NA CAMA DE HONORA?- A menina loura começou a parecer constrangida e logo foi falar com seu — aparentemente — Pai.
— Papai, óbvio que não! Pergunte a seus filhos se não foram eles!- a menina gritou ao longe.
Tedros deu um suspiro pesado, e saiu.
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Decidiu por jantar na hospedagem, as luzes das velas e castiçais brilhavam, a música fluía pelas vielas da cidade, pessoas —especialmente homens— se sentavam no bar para beber; enquanto atendentes bonitas cercavam as mesas.
Tedros bebeu um pouco e comeu algo com carne de porco, não sabia exatamente o que era, mas não era tão ruim. Seus pensamentos estavam focados em voltar e reconquistar seu reino.
Quanto mais tarde ficava, mais o bar lotava, homens bêbados entravam com mulheres de procedência duvidosa, as pessoas dançavam, beijavam, cantavam, comiam e bebiam.
Tedros por sua vez, ficava sentado observando; até seus pensamentos pararem na moça do castelo. O que estaria fazendo agora?
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No escuro castelo, apenas se ouviam os passos apressados de Kiko, que ao chegar na grande porta de madeira de Carvalho escura, a puxou com força.
— Senhorita, ele está rondando a casa de novo!- falou.
— Deixe-o. Aliás, o rapaz já foi?- a voz alta retumbou nas paredes do casarão.
— Sim, Senhorita.- Kiko se encolheu.
— Foi até mais cedo, antes do almoço, quero dizer.
— Perfeito.- o sotaque europeu ecoou no cômodo, a vampira se virou, tinha uma estrutura ossuda e pele assustadoramente branca, olhos esbugalhados saltavam do rosto mirrado. Seus cabelos pretos caiam sobre seus ombros, eram curtos e repicados, como se os tivesse cortado em um acesso de raiva.
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Tedros deveria estar um pouco bêbado, tanto que não percebeu quando começou a chover exatamente, só percebeu que estava chovendo quando, junto com um trovão, um homem barbudo entrou encharcado de água, sua calça aparentava estar rasgada, do rasgo se via sangue escorrendo, algo o atacou.
Tedros imediatamente se levantou.
— UM MONSTRO! UM LOBO GRANDE QUE ANDA SOBRE SUAS PATAS TRASEIRAS ME ATACOU!
— A besta?- perguntou alguém ao fundo, pela voz, Tedros julgou ser uma das mulheres.
Alguns se levantaram ao ouvir isso, outros se encolheram.
O homem, já um pouco menos aterrorizado, olhou para os lados e concordou:
— Aparentemente sim, e está rodando um casarão na clareira.- Tedros arregalou os olhos. Casarão na clareira? Estaria se referindo a casa onde se abrigou? Na casa onde a senhorita morava?
— Mas a besta de Galvadon já tinha sido derrotada, não?- as pessoas no cômodo trocaram olhares preocupados.
Homens começaram a querer se juntar para sair numa busca a criatura. Ao longe, Tedros ouviu um uivo fraco.
Até pensou em ir, mas logo depois Camelot lhe veio à mente; 'Se eu morresse, a família real de Camelot morreria comigo, e nunca conseguiríamos reconquistar o reino'.
Então recuou, e subiu para seu aposento.
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Tedros ficou o resto da noite olhando pela janela, viu a chuva, os relâmpagos, escutou trovões, até alguns gritos. Viu também as luzes de tochas ao longe, quase se apagando por conta da chuva, que burrice dos aldeões. Levarem tochas para chuva.
Tedros deu uma risadinha pensando nisso.

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Lady Drácula
FanfikceTedros sai a galope do massacre acontecendo em Camelot, enquanto isso um turbilhão de pensamentos passavam pela sua cabeça, seu reino... seu povo queria-o morto, junto com toda sua família, já que o povo andava insatisfeito com a liderança do atual...