capítulo três;

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- Ei, moça!! - ouvi uma voz familiar e desejei como louca que fosse algum conhecido me chamando, porém o medo invadiu meu corpo ao pensar que pode ser um estranho querendo fazer algo comigo. Me virei lentamente para a voz que gritava e vi ele. Raphael. O meu Raphael. - É você! Vem, entra. - ele lembra de mim! Mas espera, como assim entrar? Ele não viu que estou toda molhada? E outra, ele tá maluco em colocar uma completa estranha no carro dele assim do nada?? Acho que estou alucinado, decorrente a toda essa chuva que tomei.

- Não, eu tô toda encharcada, vai molhar seu carro inteiro. - respondi incerta, com a voz quase inaudível. Não conseguia distinguir se ele realmente estava ali, ou era minha mente pregando peças, talvez eu estivesse falando sozinha, no meio do nada, debaixo de uma tempestade que parecia mais o fim do mundo.

- Tini, entra logo no carro, o sinal já vai abrir. - Corri para o lado do passageiro e entrei me martirizando por molhar o assento inteiro. Segundos depois o sinal ficou verde, fazendo Raphael acelerar o carro. Um silêncio não constrangedor, porém incômodo - ao menos para mim - invadiu o carro de luxo com vidros fumê em que estávamos. Queria dizer algo, mas não sabia o que. Senti um frio percorrer minha espinha fazendo todos os meus pelos se arrepiarem e percebi os olhos dele sobre mim. Paramos em outro semáforo e me peguei perguntando o porquê de tantos pela cidade. Raphael se remexeu no banco do motorista tentando pegar algo no banco de trás, era sua mochila, ele pareceu procurar algo. - Aqui, veste. Vai amenizar um pouco o frio, tira essa camisa e põe. - após a fala dele, eu arregalei os olhos virando para ele, que começou a rir da minha cara como se eu fosse uma palhaça que acabou de contar uma piada.

- Não ri, seu ridículo! - brinquei empurrando o braço dele de leve e me arrependi no mesmo instante em que o vi gargalhar ainda mais alto, me encarando intensamente logo depois. Aqueles olhos castanhos me hipnotizaram de uma forma surreal e eu entrei em transe. Era como se apenas eu e ele existissem no mundo. Senti Veiga se aproximar mais de mim e já conseguia sentir sua respiração quando..o sinal abriu e os carros atrás de nós começaram a buzinar. É sério isso? Minha falta de sorte é admirável. Veiga acelerou o carro e seguimos o resto do caminho em silêncio, porém um silêncio confortável, não tinha o que ser dito e entendíamos isso.

Chegamos a um prédio simples, porém sofisticado e antes de pôr o carro no estacionamento, Veiga foi abordado por alguns fãs que o esperavam. Ele, gentil como sempre, atendeu a todas. Algumas me olhavam com cara feia, provavelmente achando que sou namorada dele ou algo do tipo. Eu não tinha percebido que provavelmente tiraram minha foto e amanhã eu devo tá em todas as páginas de fofocas como novo 'affair' do Raphael. Irei evitar pensar nisso, preciso parar de me preocupar com algo que talvez nem aconteça. Subimos o elevador sem dizer uma só palavra e me peguei lembrando do 'nosso momento' no carro. Eu iria beijar Raphael Veiga! Faltou tão pouco, maldito sinal.

- Fica à vontade. - Rapha falou assim que abriu a porta de seu apartamento. O lugar era aconchegante e muito bem decorado, a cara dele. Sussurrei um 'obrigada' e fiquei em cima do tapete de entrada por conta de ainda estar molhada. - Eu vou pegar uma roupa minha pra ti, vem comigo, vou te mostrar onde fica o banheiro.

- Obrigada. É.. será que você pode me emprestar seu celular? É que o meu provavelmente já está estragado. - pedi enquanto o seguia pela casa, morta de vergonha por está o incomodando tanto assim.

- Claro. - entramos em um quarto que deduzi ser o dele e Veiga me entregou o seu celular já desbloqueado. Sorri ao ver a foto dele com a família. Raphael Veiga era de longe a pessoa que eu mais admirava no mundo. - Ali é o banheiro, tem toalha limpa e sabonete no armário, se precisar de alguma coisa é só me chamar. - sorri para ele em um agradecimento silencioso e entrei no banheiro.

- Vamos lá, atende Mel. - sussurrei para mim mesma torcendo para que minha amiga atendesse o telefone. - Oi! Amiga, sou eu, a Tini, me salva. - talvez eu não tenha usado as melhores palavras, já que eu estou ligando de um número desconhecido, a essa hora da noite e pedindo para ela me salvar, porém eu não estou raciocinando muito bem nesse momento.

- O que aconteceu, sua maluca? Onde você está? Como assim te salvar? Tini, você está bem? - eu realmente não tinha usado a melhor escolha de palavras.

- Calma, eu tô bem. Lembra que fui ao Allianz de táxi? Então, como você pode perceber, está caindo uma chuva de outro mundo e não consegui nenhum Uber. Acabei voltando a pé e adivinha quem eu encontrei e me deu uma carona? Raphael Veiga. Agora eu estou na casa dele, usando o telefone dele, no banheiro dele. - falei tudo de uma vez sem pausa e escutei um 'uau' vindo de minha amiga do outro lado da linha. - Será que tem como você vir me buscar? Tá tarde e eu esqueci minha chave, não queria acordar meus pais.

- Você tá maluca? Tini, esqueceu que eu, os meus pais e os seus estamos no Rio de Janeiro? Garota, onde você se meteu?! - merda, merda, mil vezes merda! Como eu não lembrei disso? O desespero tomou conta de meu corpo. O que eu iria fazer? - Amiga, o jeito é você pedir para ele te levar até o prédio e torcer para o porteiro ter uma chave reserva. Fica bem, tá bom? E qualquer coisa me liga. Te amo. - Mel desligou a ligação e eu me encarei pelo reflexo do espelho. Você tá ferrada Tini!

Terminei o banho e me toquei que o Raphael não havia me dado a roupa. Ótimo, tudo dando certo pra mim, grazadeus. Sai do banheiro enrolada na toalha, e agradeci aos céus por ter um conjunto de moletom do Palmeiras perfeitamente dobrado em cima da cama. Quando iria começar a me vestir, vi Veiga saindo do closet apenas de toalha com uma roupa na mão. Bendito seja a Afrodite, que homem gostoso. - Desculpa, eu não sabia que você estaria aqui e.. - fui interrompida por seus lábios que me atacaram de repente, e que lábios maravilhosos..

Dusk till dawn - Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora