Raphael Veiga
Onde eu estava com a cabeça? Trazer uma estranha para minha casa? Tudo bem que a Tini não era exatamente uma estranha, mas mesmo assim não deixava de ser uma loucura sem tamanho. Me sentei no sofá e apoiei os cotovelos aos joelhos, encostando ali minha cabeça. Eu precisava focar no que estava fazendo. Desde que vi a Tini no Allianz, parece que minha cabeça não conseguia pensar em outra coisa a não ser ela, e isso era perigoso. Me levantei, sob a relutância do meu corpo que doía, por conta do esforço físico e mental no jogo de hoje e fui até o banheiro tomar um banho. Enquanto a água morna caía pelo meu corpo, deixei algumas lágrimas caírem ao lembrar do jogo mais cedo. Eu deveria ajudar meu time, fazer um bom jogo. Não sei o que pode tá acontecendo, não é normal essa queda de rendimento tão repentina. O que quer que fosse, precisava acabar! O próximo jogo seria pela libertadores, contra o Bolívar, na nossa casa. Esse jogo era crucial para conseguirmos a liderança geral da competição, e consequentemente o mando de campo em todas as decisões de mata-mata, o que era de extrema importância. Sai do banheiro enrolado na toalha, e fui em direção ao meu quarto. Droga, Tini! Antes de entrar, ouvi o barulho do chuveiro. Ela ainda estava no banho, daria tempo trocar de roupa. Entrei no closet e lembrei que não entreguei a roupa a Tini. Peguei um moletom do Palmeiras dentre tantos ali presentes, e pus em cima da cama, perfeitamente dobrado, como estava. Voltei para o local e também peguei um conjunto de moletom, porém, todo marrom. Apaguei as luzes e saí dali. Meu corpo parou no lugar quando vi Tini enrolada na toalha, pegando a roupa que eu deixei ali a poucos minutos. Vi o espanto em seu rosto e a culpa, talvez por estarmos em meu quarto. Eu só queria beijá-la, eu precisava beijá-la. Mas será que ela queria o mesmo? Essa dúvida foi embora ao lembrar do nosso momento no carro. Se ela queria me beijar naquele momento, ela poderia querer agora também, não é? O medo de invadir seu espaço assolou meu corpo, mas aí eu vi seu olhar para meu corpo. Ela também queria! Não estava tão longe dela, conseguia perceber seu corpo tenso e respiração pesada, eu não estava muito diferente. Essa mulher não saia do meu pensamento a 9 meses, estava ficando completamente maluco.
— Desculpa, eu não sabia que você estaria aqui e.. — Tini começou a falar, mas eu não consegui me segurar e ataquei seus lábios de forma urgente. Eu queria ela, precisava dela! Senti o moletom deslizar entre nós e suas mãos correram para meu pescoço, me permite agarrar sua cintura com força e a empurrei de leve, para que se deitasse na cama. Eu não podia acreditar que a minha Tini finalmente estava entre meus braços. Sonhei com esse momento todas as noites durante esses longos meses, nunca senti algo parecido por alguma mulher. Poderia ser só desejo, claro, mas eu não sentia isso, era algo mais. Afastei com dificuldade nossos lábios pela falta de ar, e a encarei. Seus olhos brilhavam. Agora de perto, pude notar pequenas sardas em seu nariz, o que a tornava ainda mais linda. Iria voltar a beijá-la, mas aí o meu celular tocou. Que maravilha! Trocamos um olhar que não consegui definir naquele momento, era muito sentimento envolvido. Sai de cima dela e arrumei a toalha sobre minhas cintura, vendo-a se sentar na cama e fazer o mesmo. Era número desconhecido, mas atendi, já que poderia ser para Tini. — Alô?
— Oi, boa noite! Desculpa incomodar, você é o Raphael, certo? – uma voz feminina falava do outro lado da linha.
— Sim, ele mesmo. Quem é?
— Eu sou a Melissa, amiga da Martina. Poderia avisar a ela que já estou no avião, quase chegando a São Paulo? E eu preciso do endereço para ir pegá-la. – meu peito se apertou por alguns segundos. Não queria que ela fosse embora. Passei o endereço para garota e dei o telefone a Tini, me encaminhando para o banheiro com as peças de roupa em mãos. Droga! Eu precisava me controlar. O que acabou de acontecer? Eu estava prestes a transar com uma desconhecida que invadiu meu quarto de hospital 9 meses atrás e desde então não saiu do meu pensamento. Isso era completamente fora do normal, jamais tinha acontecido algo parecido. Me vesti e saí do banheiro, vendo ela em pé ao lado da cama, já vestida e ainda falando ao telefone. Ela estava perfeita, mesmo de costas para mim.
— Tá bom, Mel, eu já entendi! A minha mala já está arrumada e não vamos perder o voo. – como assim voo? Para onde ela iria? Não que isso seja de minha conta, claro. — Agora eu preciso desligar, tchau. – ela virou e se espantou quando me viu em pé ali. — Pelo anjo, Raphael, que susto! – foi impossível não rir com sua reação. Tini veio em minha direção e me entregou o celular. — Obrigada. A minha amiga já já chega para me pegar, finalmente irá se livrar de mim. – seus lábios se contornaram em um sorriso tímido e reparei em seu piercing. Como eu não vi antes?
— Talvez eu não queira me livrar de você. – antes que pudesse perceber, as palavras já tinham saído da minha boca. Pude ver suas bochechas corarem.
— Está me deixando envergonhada. – abaixou seu olhar, mexendo no cabelo. Até esse simples gesto nela me encantava. Me aproximei e coloquei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. Toquei seus lábios com os meus novamente e era como se eu estivesse nas nuvens. Essa mulher ainda iria me deixar maluco. — O que está fazendo? – perguntou quando nos afastamos minimamente.
— Nem eu mesmo sei. Você está me deixando louco. Não teve um só segundo em que eu não pensei em você durante esses meses. – confessei.
— Achei que você tivesse me esquecido.
— Seria impossível esquecer você, Tini.
<♡>
— Oi, prazer em conhecê-la! – cumprimentei a amiga de Tini. Meu coração estava apertado por saber que minha sardenta já iria embora e nem sei dizer se a verei novamente.
— Olá, o prazer é todo meu. Obrigada por ter cuidado dessa maluca. – acabei rindo com a fala dela.
— Eu tô aqui, tá bom?! Vai indo, eu te encontro. – Melissa se despediu e seguiu em direção ao lado de fora do prédio. — Muito obrigada por tudo, jamais conseguirei te agradecer o suficiente. – ela me abraçou. A apertei entre meus braços não querendo soltá-la nunca mais.
— Quando eu posso te ver novamente?
— Eu ficarei fora por mais ou menos 1 mês. Te daria meu número, mas nem sei se meu celular ainda funciona.
— Posso entrar em contato através da sua amiga? Ou você me liga pelo telefone dela quando voltar.
— Claro. Eu te ligo! Tchau, Raphael, e obrigada novamente. – lhe dei um último beijo e a vi partir..espero que não para sempre.
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Dusk till dawn - Raphael Veiga
Hayran KurguAté onde você iria pelo seu jogador favorito? Martina é uma jovem palmeirense que faz de tudo para apoiar Raphael Veiga no momento mais difícil da vida dele. Mal sabe ela que irão se reencontrar e o jogador poderá agradecer todo apoio recebido. Capa...