O Lago

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Um silêncio instalou-se, todos buscando respostas que cada vez faziam menos sentido.

– E se conversássemos com o padre? – Enid deu a ideia, suspirando — Se Wednesday é realmente um demônio agora, só ele pode fazer com que... Com que isso acabe.

O coração de Enid estava em pedaços desde que saíram da mansão e se dirigiram à casa de Yoko.
Wednesday poderia ter a matado se Madame Weems não a tivesse resgatado a tempo. Como tudo havia chegado a esse ponto? Dias atrás estavam trocando palavras de amor e agora quase morreu pelas mesmas mãos que a deixavam segura.

Enid estava mais do que segurando suas lágrimas.
Queria poder chorar no peito de Wednesday como sempre fazia quando sentia-se perdida e ter as mãos da mais velha acariciando suas costas, dizendo que tudo ficaria bem.

– E se o padre não acreditar na nossa palavra? Eu entenderia, até porque eu mesma só acreditei quando vi corvos se chocarem contra paredes e uma das minhas melhores amigas gritar comigo como se eu fosse o próprio diabo — Divina bufou, levando um tapa de Bianca.

— Sem piadinhas, Divina. – Bianca repreendeu, encarando a aparência abatida de Enid — Eu posso ir com você à igreja, nós podemos convencer o padre de que nossa história é verdadeira. Até porque essas mortes no vilarejo ainda estão sem explicações.

— Eu também vou — Yoko se levantou, bebendo o resto do seu café amargo — Nós precisamos ficar juntas se quisermos achar uma saída para tudo isso.

Todas se viraram para Divina, que revirou os olhos.

– Eu não abandonaria vocês nem em um milhão de anos – se levantou — Vamos logo de uma vez.

★ ★ ★

No caminho encontraram-se com as irmãs de Enid, conversando baixinho e olhando curiosas para a irmã e suas amigas. Enid percebeu que as irmãs estavam tão abaladas quanto elas, com olheiras fundas e suspiros cansados. Encontrar um homem morto em frente a sua casa não era algo agradável.

– A mamãe está preocupada com você – Sara disse, abraçando a irmã brevemente – Onde estava?

Enid apontou para Divina. Ela concordou, suspirando novamente. As suas garotas carregavam cestas com que pareciam ser velas já usadas, e os véus na cabeça indicavam que acabavam de voltar da igreja.

– Estavam na missa? – Enid perguntou, vendo Sara chutar a neve das calçadas, perdida em seus próprios pensamentos.

– Não, o padre não está lá, foi visitar Busteni antes que a matança em nosso vilarejo começasse, aposto que não foi avisado sobre o horror que estamos vivenciando – Sara disse, arrumando o véu em seu ombro.

– Nós íamos hm... Falar com ele – Divina disse nervosa, sabia que não deveria contar nada sobre a madrugada conturbada – Mas se ele não está lá, será uma viagem perdida.

– Talvez ele chegue amanhã – as garotas já voltando a caminhar, acenando para Enid e suas amigas.

– Ótimo, o que iremos fazer agora? – Divina perguntou emburrada, e o bocejo de Bianca foi a resposta para sua pergunta.

– Acho que algumas horas de sono serão necessárias para enfrentarmos o amanhã – Yoko disse, já dando meia volta. Enid pensou em contestar, mas ao abrir a boca um bocejo também escapou – Vamos para minha casa, tem colchões suficientes para todas.

– Eu realmente acho melhor voltar para casa, minha mãe deve estar preocupada – Enid bocejou novamente – Por favor, amanhã cedo iremos até a igreja, precisamos de ajuda.

Hell Girl! | Wenclair G!POnde histórias criam vida. Descubra agora