Meu Delírio

Uma cama só

— Para onde ele está indo? – Samuel meu primo pergunta após voltar da cozinha e nota o Júnior saindo do apartamento.

— Uma festa. – puxo o coberto que está com a Roberta para que eu possa me aquecer também.

A chuva intensa está caindo lá fora, e o vento agradável entra pelas portas da varanda que estão abertas.

Moramos em 6 pessoas, eu divido o quarto com o Júnior mesmo ele passando a maioria das noites em qualquer lugar menos aqui no apartamento. Roberta divido o quarto com a Eveline, já o Samuel divide com o Pedro que são meus primos.

Todos nós moramos juntos porque fica muito mais barato as despesas da casa, meu bolso agradece.

Samuel e Roberta estavam assistindo a "Eu estive aqui" na Netflix, só estou segurando vela para eles porque amo filmes de suspense.

[...]

Sinto algo pesado abaixando o colchão, abro os olhos sonolenta. Uma mão molhada envolve minha cintura, logo o abajur assustada.

O Junior esta deitado ao meu lado com os olhos fechados.

— Ei, acorde! Vá dormir no sofá. – balanço o corpo dele.

— Deixa eu dormir aqui, por favor Sn... – ele abre os olhos para me olhar.

A vermelhidão domina os olhos claros dele, não quero nem saber que tipo de entorpecente ele usou n festa que foi.

— Só hoje. Você tomou banho? Não quero alguém fedendo a bebida deitado na minha cama! – afirmo minha pergunta levantando o edredom que cobre o corpo dele.

Meu olhar recai no corpo nu do rapaz.

— Ei! – balanço o ombro do Junior que já está dormindo.

— Hum?

— Quem deixou você ficar sem roupa na minha cama? – tento não alterar meu tom de voz.

Em resposta a minha pergunta o Junior se vira de costas e puxa o edredom para cobrir o corpo. Fico boquiaberta com a ousadia dele, não vai adiantar nada debater com alguém que esta com o cu cheio de cachaça, desligo o abajur e me deito.

Assim que estou pegando no sono a cama se mexe e meu sono desperta novamente, passo a mão onde o Junior estava deitado antes. Meu olhar recai na luz acesa do corredor.

Me levanto e sigo até a claridade, Junior esta comendo o resto do pudim de olhos fechados.

— Esta acordado ou e sonâmbulo? – zombo abrindo a porta do armário em procura de algo para comer.

— Sou sonâmbulo.

Olho para o Junior que esta me olhando, me abaixo e pego uma bolacha de sal.

— Ao menos agora você está usando algo, não quero você indo para a minha cama. Você tem seu sofá! – aponto para a sala.

O rapaz me olha de cima a baixo e ri.

— Esta rindo do que? – me sento na cadeira em frente a ele.

— Estou apenas esperando minha cama chegar, não se preocupe. Não é como se eu fosse te atacar durante a madrugada. – Junior zomba colocando uma colher de pudim nos lábios. — Dormir no sofá é muito ruim.

— Se você não tivesse feito a incrível proeza de ter quebrado a sua não estaria tendo que dormir no sofá.

— Eu queria era esta dormindo coladinho com você, sentindo seus peitos contra mim. – o Junior diz rindo.

— Vá se ferrar. – abro o pacote de biscoito.

— Quer casar comigo?

— Não, coma o pudim e me deixe em paz. – como meu biscoito ignorando o olhar persistente que o rapaz loiro esta me dando.

Eu achei que quando chegasse aos 20 anos estaria em uma casa a beira da praia, com um namorado loiro dos olhos azuis, vida financeira boa e estável emocionalmente.

Mas na verdade, minha mãe me expulsou de casa quando fiz 18 anos após descobrir que eu não era mais virgem, meu último namorado sumiu sem terminar nosso relacionamento, minha mente está um caos e eu não tenho um trabalho estável.

A porra da meritocracia não se aplica. Me aconchego no edredom tentando não pensar muito sobre minha vida se não vou acabar chorando.

— Posso dormir aqui? - a voz do Junior ecoa pelo quarto silencioso.

— Pode, faça isso antes que eu mude de ideia. – sinto o colchão afundar.

A escuridão do quarto me impede de vê o rosto dele mas posso sentir sua respiração próxima ao meu.

— Quer fumar maconha?

— Vai dormir.

— Não quero ser pretensioso ou que você me entenda errado, adorei seu pijama preto. – o silêncio volta a reinar.

Meu pijama agora é um conjunto branco com desenhos de morangos.

— Mas eu não estou usando um pijama preto, de qual você tá falando?

— O de ontem.

— Não era um pijama, era lingerie. Você esteve aqui ontem de noite? – minha voz é agregada de surpresa.

Junior passou o dia inteiro fora e eu não vi durante a noite, como ele mal dorme aqui eu nem me toquei de que ele poderia me vê de lingerie.

— Eu cheguei hoje hoje de manhã cedo. Você estava descoberta era impossível não vê. – ele ri.

— Ah, caramba isso é constrangedor. – me viro para o outro lado.

— Eu não acho.

Ficamos em silêncio novamente, respiro fundo sentindo meu corpo inteiro relaxar.