III| O Príncipe

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 "Duvida da luz dos astros,

  De que o sol tenha calor,

  Duvida até da verdade,

  Mas confia em meu amor".

- Shakespeare

ASSIM QUE CHEGO NO CASTELO me encaminho aos meus aposentos, mas no meio do percurso sou agarrada e levada a um cômodo

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ASSIM QUE CHEGO NO CASTELO me encaminho aos meus aposentos, mas no meio do percurso sou agarrada e levada a um cômodo. Não luto.

O cheiro de colônia entra pelas minhas narinas. Me embebedando.

Ele se aproxima do meu ouvido, seus lábios vermelhos e macios tocando a ponta levemente, e sussurra com a voz abafada:

— Sentiu minha falta?

Estremeço.

Meu corpo é inundado de emoções: saudade, excitação, medo e prazer.

— Quase como senti da minha cama, meu príncipe.

Ele sorri maliciosamente. O tipo de sorriso que fraqueja as pernas e me faz querer curvar de prazer e não por título.

— Um pombinho azul me disse que está machucada.  

Dário entrelaça nossas mãos e me leva para cama. Percebo que há uma sopa escaldante e vários doces em uma mesinha ao lado.

Seus olhos esverdeados nunca deixam os meus. 

Dário sempre foi bom em esconder os sentimentos, mas os anos de convivência me permitiu notar pequenos padrões de comportamento.

A coroa reluzente em sua cabeça, por exemplo, ele sempre usa as mais revestidas em ouro quando sente a necessidade de reafirmar seu poder. Ou seja, quando está com dificuldade de manter os sentimentos escondidos embaixo da pele.

Para nós, sentir não é nada além de uma fraqueza. 

Agora, Dário usa a deslumbrante coroa que costuma ir aos eventos públicos. Observo as olheiras embaixo dos seus olhos. Dói pensar que fui a causa disso.

— Estamos sendo descuidados. O rei está no castelo, você sabe como ele tem um instinto refinado. — Digo, rompendo o silêncio.

Olho para as janelas, sempre nos encontrávamos no mais entardecer possível, quando os monstros estão em sua toca, maquinando a próxima jogada.

No entanto, o príncipe está inquieto, não conseguiu esperar até a noite. Foi perigoso, muito perigoso. 

— Coma a sopa. 

Deixo a colher de lado e aproximo os lábios da borda do recipiente, o líquido quente desliza pela minha garganta e cai na barriga vazia. Eu sempre ajo como uma selvagem nesses momentos. 

— Boa menina. — Ele elogia. — Agora, um pequeno suborno. Um chocolate para cada pergunta, no final tem um prêmio especial.

Nós dois sabíamos como aquilo ia acabar, meu coração palpita em antecipação.

O Rei TirânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora