IV| A Esperança

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"A grande honra se conquista com a vingança".

- Dante Alighieri

CURVO MINHA CABEÇA e dobro os joelhos

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CURVO MINHA CABEÇA e dobro os joelhos.

— Meu rei.

— Minha guerreira, você demorou.

— Fui ferida gravemente, precisei de cuidados.

Os olhos azuis do velho homem sentado ao trono me examinam, perdi a conta das vezes que desejei arrancá-los com meu punhal e jogar na fornalha. Como agora.

Ele não responde. Às vezes, tinha uma terrível sensação rastejando pela minha pele, a sensação de que ele sabia dos meus encontros secretos com o príncipe. 

— Meu rei, precisa dos meus serviços?

— Sempre tão prestativa. — Ele diz satisfeito. — Não tenho nada para você hoje, não posso permitir que minha melhor guerreira se machuque novamente. 

— Mais uma batalha ganha, e como nas outras você foi a mais sanguinária. — Ele enfatiza. — Por isso, merece uma recompensa.

Meu corpo vira pedra.

— Peguei um servo das ruas, a garota será sua escrava.

A porta é aberta em um estrondo, uma criança é jogava na sala. Ela está coberta de lama e o seu rosto está só pele e osso.

Preciso de tudo de mim para não o contrariar, para não implorar que ela corra, para dizer que ela havia entrado em uma toca de leões famintos e que ela é a presa perfeita. Assim como eu um dia fui.

Esse é mais um dos seus testes doentios, ele queria se certificar que a garota faminta que ele arrancou das ruas havia morrido, que não havia chance de rebelião.

— Obrigado, meu rei.

Ele me analisa, procurando qualquer faísca, mas não encontrará nada. A dormência havia esfriado meu sangue, qualquer fogo que a enfermeira e o príncipe conseguiram arrancar de mim desapareceu. 

— Está dispensada, não se esqueça de retornar ao treinamento antes do alvorecer.

Percorro o corredor sentindo a presença da garota logo atrás. Ela precisa de um banho, roupas novas e comida. No entanto, não daria nenhuma dessas coisas. Não quando a consequência é sua cabeça rolando. 

Ela se deita no chão duro e frio, eu me deito no colchão macio e quente. 

Pela centésima vez quase peço para criança deitar-se ao meu lado, o rei descobriria essa pequena piedade e não acabaria bem para ambos os lados. 

O Rei TirânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora