A distância cresce...

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Alguns dias depois, quando já era quase noite, três figuras desceram de suas espadas em frente aos portões do clã Nie. Após identificados, entraram rapidamente, principalmente o Lan mais novo.

— Wangji! — Xichen foi de encontro com o irmão e o abraçou.

— Irmão... — Olhou apreensivo para a primeira Jade, com muitas perguntas, mas não fez nenhuma.

— Estou bem, Wangji. E você, eu soube o que aconteceu com nosso pai, deve ter sido difícil pra você, mas acho que já está melhor, graças a Wei-gongzi — dizia com um sorriso simpático. O Lan mais novo nem se incomodou em negar o sentido das palavras do irmão.

— Hum, bem, Zewu-jun — Wei reverenciou após se aproximar. — Que bom que parece bem.

— Algumas coisas aconteceram, outras não sei ao certo, mas está tudo bem agora.

Num ponto do lado de fora, sem revelar sua presença ainda, Jiang Cheng escutava a conversa, logo percebendo que Lan Xichen havia recobrado a memória. Olhava para o fio vendo que ainda continuava seguindo a direção da primeira Jade. Cerrou as mãos com muitos sentimentos confusos em seu peito. Aquilo não podia continuar como estava, tudo tinha que voltar ao seu lugar. Zewu-jun não era sua alma gêmea, o mesmo certamente também já devia ter notado. O que deveria fazer?

"Por que tudo está uma bagunça?"

— Jiang-gongzi? — Ouviu uma voz pequena logo atrás, não demorou para reconhecer.

— Meng Yao, como está? — perguntou se virando.

— ... Bem... — O menor pareceu analisar o outro por um momento. — Estou bem, melhor ainda, agora que Zewu-jun está aqui. — Sorriu tímido. — Algumas coisas estão bagunçadas, mas isso não muda nada.

— ... — Por alguma razão, Jiang Cheng sentiu um tom diferente naquela frase. — Bem, ahm, tem razão. Certas coisas precisa saber o seu lugar. Vamos entrar? Todos estão lá dentro. — Indicou seguindo na frente.

Atrás, o menor cerrou as mãos encarando as costas do Jiang, mas suspirou e o acompanhou.

"Pessoas também."

Sem se aproximar muito, Jiang fez uma reverência geral, e foi se sentar a uma mesa, queria comer algo e afastar aquele frio na barriga que surgiu ao cruzar o olhar com Xichen, também foi inevitável não recordar o que aconteceu entre ambos há algumas noites.

Os outros se sentaram e continuaram a conversar, enquanto Jiang, em silêncio, não ousava erguer o olhar, pois sentia que estava sendo observado, mas quem era?

Primeiro olhou para o lado onde logo atrás Wei e o Lan mais novo comiam, seu pai estava ao seu lado, e na outra sessão de mesa, estava HuaiSang. No lado oposto, Lan QiRen estava em uma sessão com Nie Mingjue, e na sessão em frente a Jiang Cheng, estava Lan Xichen comendo junto a Meng Yao.

Os olhos de Zewu-jun pareciam querer lhe perfurar, mesmo que mantivesse o sorriso gentil. Desde que chegou, o mesmo não se aproximou ou quis conversar, era como se aqueles dias naquela vila nunca tivesse acontecido, mas continuava a lhe encarar, e o motivo estava bem ali. Lan Xichen já não tinha seu fio vinculado a Meng Yao, e a pessoa responsável por isso era Jiang Cheng. O fio vermelho atravessando o salão era muito óbvio para ser ignorado.

Suspirou se pondo em pé, dizendo que sairia primeiro. Sob o olhar repreensivo do pai e o preocupado de Wei Wuxian, saiu dali, indo para uma área vazia ao fundo, apenas alguns discípulos Nie passavam rondando. Debruçado sobre a meia parede de um muro de guarnição, observou o céu por um momento antes de fechar os olhos com uma leve ardência no nariz. Seu queixo tremeu e algumas lágrimas surgiram, mas as limpou antes de cair. Não choraria, não tinha motivos para isso. Não deveria chorar.

MEU DESTINO - XichengOnde histórias criam vida. Descubra agora