*Tock tock*
- Não quero comer nada Gaia.
- Não é a Gaia, abra já essa porta Arya. Isso já foi longe demais. – Disse minha mãe.
Levantei da cama e fui até a porta, hesitante se abria ou não.
Quando abri finalmente abri minha mãe entrou feito um furacão sem me dar chance nenhuma de impedi-la.
- Arya querida, sei que você está chateada com tudo que aconteceu. E eu te dei espaço para que você sentisse sua dor. Mas eu não aguento mais vê-la nesse estado, querida. Você não come nada a dias. Não sai desse quarto. Não fala com ninguém.
Ela esperou que eu dissesse alguma coisa, mas eu não tinha nada para falar. Ela estava certa, mas eu ainda não estava pronta para conversar com ninguém.
- Então por isso tomei uma decisão, e preciso que você não se oponha, porque é o melhor para você nesse momento. Vou enviá-la para Swiatel, para ficar um tempo com Serafim.
Eu olhei perplexa para ela, não esperava que ela fosse fazer isso.
- Não pode estar falando sério.
- Não só estou, como você vai sair daqui a pouco. É preciso querida, chega de chorar dentro desse quarto por alguém como ele.
- Um humano, mãe. Ele não é tão diferente de nós sabia?
- Não é tão diferente? O que você faria daqui quarenta anos, que ele estivesse velho, com doenças da idade, amaria ele da mesma forma? O amor de vocês não seria eterno.
- Sim, eu continuaria o amando, mesmo que ele fosse velho, ainda seria ele. Mas isso já não importa mais, porque ele já me esqueceu. Já está com outra.
- Arya, não se prenda a esse sentimento. Não vale a pena passar sua vida presa pensando em alguém que não pode passar anos ao teu lado, que não pode enfrentar nada por você.
- Eu sei, eu já sei disso. Mas eu não quero ir pra Swiatel, não quero.
- Não estou pedindo Arya, estou informando para você que você irá.
- Por quanto tempo?
- O tempo que for preciso.
Disse isso e saiu.
Como se não bastasse tudo o que já aconteceu ainda tenho que passar por mais isso.
Eu tenho certeza de que não vão ser apenas alguns dias, ela vai fazer questão de que eu fique por lá um bom tempo.
Ela fez questão de falar sobre como seria se Hector envelhecer. Não foi por acaso, vindo dela nunca é.
Hector. Não posso ir sem antes ter uma explicação.
Coloquei uma roupa mais confortável, uma calça e uma blusa, e pus meu cinto e nele coloquei as facas. E em meus cabelos fiz uma trança. Me olhei no espelho, e vi o quanto mudei nesses dias.
Eu estava muito magra, perdi peso demais, e havia marcação nos ossos da minha clavícula, que antes não era evidente.
Meu rosto está pálido demais. Pela falta de sol, e também falta de uma alimentação.
Eu já não me reconheço.
Eu costumava ser tão linda. Tinhas os traços marcantes, que lembrava meu pai. Os cabelos vermelhos, eu puxei dele.
Mas não é hora de me preocupar com minha aparência, eu precisava ver Hector. Mas primeiro eu tinha que conseguir sair da Vila sem que ninguém me visse.
Sair da casa principal, era fácil. Já estava acostumada a andar por esses corredores sem ser vista por ninguém.
O problema mesmo, era passar pela Vila, com todas as pessoas andando para lá e para cá.
E tenho certeza de que minha as Nyphers já estavam cientes da minha atual situação.
Minha mãe não iria facilitar as coisas para mim.
Não depois de tomar a decisão de me mandar para Swiatel, ela já deveria imaginar que eu tentaria sair, porque hoje mais do que nunca à muitas Nyphers andando pelas ruas.
Passei pelo mercado e um capuz, e agora eu só saber como sair pela entrada da Vila sem ser vista.
Comecei a andar, e a me esconder de quem pudesse me reconhecer. E encontrei um senhor que estava abastecendo sua carroça. Provavelmente vai para alguma outra Vila, esperei até que ele terminasse, e sem ninguém ver entrei atrás e me cobri com um pano que encontrei lá.
E a carroça começou a andar.
Parecia até fácil demais.
Quando saímos da Vila esperei um tempo até que estivesse longe o bastante do alcance para sair da carroça.
E segui meu caminho.
Passei pela antiga sequoia, também por entre a floresta e segui o rio.
Fiquei andando por quase três horas até o limite das terras Élficas.
Esse caminho seria muito mais rápido com um cavalo.
A única coisa que faltava era atravessar esse rio, e eu estaria em terras humanas.
E parecia ser a coisa mais difícil a se fazer. Mas do que sair escondida da Vila dentro de uma carroça.
Eu queria atravessar, queria muito.
Mas era como se algo tivesse grudado em meus pés e não me deixasse sair do lugar.
Como Hector conseguia fazer isso?
Cruzar esse limite para mim estava sendo um desafio enorme.
Parecia que se eu cruzasse as coisas se complicariam.
Eu sei que precisaria de muito mais para acabar com a trégua entre nossos reinos. Afinal eu não estava machucando nenhum inocente.
Mas mesmo assim eu tinha medo.
Para Hector era muito mais fácil ele se explicar.
Muitos humanos atravessavam o rio atrás de aventuras, afinal os elfos seres de aparência muito majestosa.
Há algo em nós que atrai os humanos.
Agora o que eu iria explicar? Hector estava casado, e agora era o Rei.
Eu queria poder ignorar os riscos, ignorar tudo só para ver Hector.
Saber como ele está.
Apesar de toda dor que eu senti, eu ainda o amava.
Eu fiquei ali, parada as margens do Rio observando o outro lado, torcendo para ele aparecer.
Nem que fosse por alguns minutos apenas.
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Marcada
FantasyArya é filha de uma governante Élfica. Teimosa, sai em busca de respostas, mas ao invés disso encontra mais sofrimento , se vendo forçada a ir embora de seu lar, e abandonar pessoas que ela ama. Ela então conhece Adrien, um rapaz misterioso, que...