Um pouco de paz

Lan Huan

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Lan Xichen tem uma preocupação muito genuína de que, se eles passarem pela árvore torta que se parece com um pato carrancudo mais uma vez, Jiang Cheng a destruirá e depois a si mesmo em pedaços. A frustração de Xichen só aumenta; A angústia de Jiang Cheng e a incapacidade de Xichen de confortá-lo aumentam sua própria irritação. Ele quer estar ao lado de Jiang Cheng, mas não sabe se ainda tem essa permissão.

Eles estão circulando pela mesma clareira na base de uma colina há horas, tendo sido deixados por um discípulo de Jin naquele dia. A colina é uma precursora das montanhas que atravessam Gusu, a fronteira a meio dia de caminhada. As flechas de Jin se projetam das árvores e as marcas de queimaduras de onde os cadáveres foram incendiados estão carbonizadas no chão. Há uma única pena preta pisada na grama.

  Vários caminhos de terra revirada e galhos quebrados se estendem além da linha das árvores, pelo menos uma dúzia a seguir, e embora seja mais rápido se dividir e seguir rotas separadas, nenhum deles está interessado em se separar devido ao último encontro com uma bruxa.

Eles seguem trilha após trilha de terra revolvida, passam por riachos e afloramentos rochosos, voam na espada, andam de pé, seguem à distância e, independentemente do caminho que escolheram, sempre terminam de volta onde começaram. Por mais que não quisessem dizer isso, retornar à clareira os forçou a uma conclusão: eles estavam sendo desviados propositalmente.

Não ajuda que Xichen esteja tão... distraído. Ele está cheio de todos os tipos de emoções que agora ele sabe que estão presentes há muito tempo, apesar de não prestar atenção ao ponto culminante e de repente elas são muito mais avassaladoras do que ele se lembra. 

Ciente desses sentimentos, ele pode reconhecer e identificar muitos deles: preocupação com o bem-estar de Jiang Cheng; alerta e ansioso para que concluam sua tarefa; querendo que ele se perdoe pelo que aconteceu há três anos - e agora todos eles estão emparelhados com o entendimento abrangente de que pelo menos uma parte dessa motivação foi simplesmente porque ele é Jiang Cheng e Xichen o ama.

Essa é outra distração. Agora que ele está ciente, ele não conseguia parar de pensar sobre isso, e sua impressionante quantidade de paciência se esgotou por ter que esperar o ponto certo para ter aquela conversa. Embora estejam sozinhos nesta floresta e na fronteira de Lanling, Xichen não ousa quebrar o assunto que prometeram discutir na noite anterior. Jiang Cheng está no limite, zangado consigo mesmo e com a falta de progresso deles, e falar sobre isso só iria distraí-lo em um jogo já perigoso. A culpa que o líder da seita Jiang exerce sobre si mesmo por deixar a bruxa beber deixou uma sacudida inquietante em seu peito, mas não há nada que Xichen possa fazer - não agora.

Eles voltam para a clareira pela décima primeira vez, suas energias físicas e espirituais exaustas de seus esforços e o sol há muito se pôs atrás do horizonte. Xichen puxa seu cantil da bolsa em suas costas e o estende.

"Talvez devêssemos seguir o conselho do jovem Mestre Jin," ele sugere. É a primeira coisa que ele se permite dizer que não tem relação com a missão desde que começaram esta manhã. Jiang Cheng olha com frustração e exaustão, tornando sua expressão mais nítida. Jiang Cheng revira os olhos bufando, mas aceita mesmo assim.

"Estamos esgotados", acrescenta Xichen cautelosamente, observando Jiang Cheng beber com um sentimento de responsabilidade que começa a parecer menos desequilibrado. "Devemos considerar alugar um quarto na cidade mais próxima e voltar amanhã."

Jiang Cheng claramente não quer ceder, detesta admitir a derrota e ficar separado de seus sobrinhos deixados sob os cuidados de Nie Huaisang, mas se eles encontrarem a bruxa esta noite, Xichen teme que eles não tenham força suficiente para superá-la.