verdade ou desafio

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  Dante ainda estava em seu ombro. Ainda estava adormecido ao seu lado, e ele ainda estava surtando em silêncio. Seu perfume havia invadido suas narinas de uma forma impossível de ignorar, e tudo o que ele queria fazer era virar e beijar a testa do loiro, que estava tranquilo, obviamente cansado.
  O jogo continuou, e mesmo com o falatório incessante de Joui e Kaiser, Dante permanecia adormecido. Arthur via com dificuldade seu rosto no reflexo da televisão, e só podia pensar em como queria beijar seus lábios, ou como ele estava adorável, dormindo daquela forma.

  Gostaria muito de não estar apaixonado por ele. Mas sua mente estava completamente infestada pelo mais alto, que o fazia perder tudo com um simples olhar.

  - Meninos! O jantar tá pronto, vem pra mesa!- Ivete chamou, dando um susto nos três, que estavam em um momento tenso do jogo.
  - Já vamos, Ivete!- Kaiser falou, pausando o jogo após se esconder com o personagem, para não serem atacados de surpresa enquanto o jantar acontecia.
  - O Dante dormiu?- Joui perguntou, vendo o loiro com a cabeça apoiada no ombro do amigo de olhos heterocromaticos.
  - Dormiu. Podem ir indo, vou acordar ele.
  Jouki ficou meio enciumado, mas deu de ombros, indo junto de Kaiser até a mesa de jantar.

  Arthur respirou fundo, já sentindo saudades de ter Dante apoiado nele. Tocou no rosto dele com cuidado, cutucando sua bochecha, que era macia.
  - Dante? Ei, acorda.- Falou suave, tentando ser delicado com o jovem. Viu o loiro abrindo os olhos lentamente, parecendo confuso, não lembrando onde estava de imediato.
  - Arthur?- Ele praticamente sussurrou, se ajeitando melhor. Ficou irritado consigo mesmo por ter adormecido apoiado no outro. Talvez se ele rezasse mais.... Deus iria ajudá-lo, certo? Iria fazê-lo parar de pensar sobre seu melhor amigo daquela maneira?
  - Oi, gracinha.- Ele riu.- O jantar tá pronto, vem.

  Dante pensou que iria morrer. Pensou mesmo. Sabia que Cervero chamava os amigos de "gracinha" mas... isso ainda o trouxe uma sensação estranha. Seu coração palpitou como nunca. Nem mesmo com sua amada Jasmin. Ele aceitou a mão de Arthur, se deixando ser puxado para ficar de pé. Era surpreendente como o mais baixo era forte.

  Foram para a mesa em silêncio. Arthur tranquilo, e Dante se sentindo quente por dentro. Mas não estava gostando nada de se sentir daquela maneira. Nem um pouco...
  Não queria ir pro inferno, e sabia que era errado gostar de garotos. Foi isso o que ele ouviu sua vida inteira. Mas Arthur... ele era tão bom. Tão doce-

  Por Deus.
  Ele estava apaixonado por Arthur.

  O loiro ficou em choque. Se sentando na mesa sem reação, sua mente afundada por pensamentos diversos todos ao mesmo tempo. Afinal, ele não podia se sentir daquela maneira.

  Seus amigos não notaram seu momento de choque. Mas se tivessem, teriam visto o olhar assustado em sua face. Só conseguia pensar nos ensinamentos do padre na sua época no orfanato. Ou em seu pai adotivo, falando sobre como era errado se sentir da maneira que estava se sentindo.

  Ele queria chorar.

  - Fiz uma lasanha, sei que o Kaiser ama.
  O moreno corou um pouco, não sabendo lidar com a atenção.
  - Valeu, Ivete.
  - Que isso, guri. Precisa agradecer não. - Ela riu, se sentando na mesa junto dos jovens.- E tem rapadura de sobremesa.
  - Aí sim.- Arthur falou feliz, se servindo.- Você gosta, Dante?
  - Hum? Gosto do que?- Ele perguntou perdido, finalmente saindo daquele estado de transe que havia ficado, seu desespero ainda guardado em seu peito.
  - Rapadura.
  - Nunca comi, na verdade.
 
  Todos, com a exceção de Joui, suspiraram de surpresa.
  - Pois tu vai comer hoje!- Ivete falou decidida, antes de pegar um pedaço da lasanha.

  Ele sorriu de leve, vendo Arthur falar animado sobre como iriam jogar Verdade ou Desafio depois do jantar, Joui e Kaiser pareceram hesitar de leve. Dante logo notou que ele não era o único ali com segredos.

Teen Romance - DanthurOnde histórias criam vida. Descubra agora