Quem é você?

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Qual a sua identidade?

Não falo de RG,

Não me refiro ao número que te identifica

Como mais um entre tantos outros.

.

Como você se compreende?

Diante do mundo,

Como se entende?

Qual espaço você ocupa?

Como você se sente?

.

Olhando para fora é fácil ver...

Um ciclista passando,

Uma jovem empurrando um carrinho de bebê.

Um senhor grisalho andando,

Pássaros na árvore cantando,

Uma criança brincando com o cachorro.

E uma outra ali, sorrindo, dançando e

Comendo um belo pedaço de bolo...

De terra molhada?!

Que nada,

É de puro chocolate...

.

E ao olhar para dentro,

O que você vê?

Quais os sentimentos permeiam você?

Quais emoções você sabe identificar?

O que determina o seu olhar?

O que te faz, o sabor do bolo, interpretar?

.

Isso é uma cadeira,

Aquela outra é a mesa.

Em um você pode sentar,

No outro, vão te julgar.

Nos ensinam os modelos sociais,

Com o objetivo de nos estigmatizar.

Chamam de respeito e educação.

Pura mentira, irmão.

Acorda.

Eles ocultam seu interior sem nem conhecer.

Te proíbem de viver, de ser você.

.

A justiça da criança é manipulada,

Todo os dias ela é desrespeitada,

Podada, criticada, afastada.

Quando pior não acontece... de ser espancada.

.

Justificativas temos mil:

Por amor, pureza, preservação da sua natureza,

Ela é inferior, não entende o mundo, precisa ter um senhor,

Pra lhe alimentar,

Lhe vestir,

Lhe ensinar a viver.

Que viver, que nada.

Deixam a criança enjaulada.

Preferem fazer por ela do que lhe ensinar,

Porque "dá trabalho".

Criança bonitinha é criança obediente.

Que senta que nem gente.

Até Ritalina damos de graça pra se calar.

Alteramos seu pensar

Pra ser mais fácil manipular.

.

Quando cresce...

Sabe a função da mesa, da cadeira,

Do livro, da caneta.

Dos varais, das panelas,

Das portas e janelas.

E ainda exigimos muito mais:

Muito do que ninguém ensinou.

.

Não sabemos o que é a angústia, a tristeza,

O amor, a raiva, o (des)conforto.

Sentimos sem nem saber.

Somos sem perceber.

Não somos mais capazes de nos identificar,

Não sabemos, para dentro, olhar.

Não somos mais capazes de (re)criar,

Nem a nós, nem ao mundo.

Não somos capazes de enxergar

Um bolo de chocolate.

Poemas/PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora