PARTE II

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Demorei? 👀





Helena Weinberg

Os passos firmes e o caminhar confiante da mulher que vinha em minha direção, me fez desejá-la e temê-la ao mesmo tempo.

O barulho discreto do salto alto do Louboutin preto que a mesma calçava, ecoava sutilmente pela a academia, e o seu cheiro marcante invadia o ambiente.

Vestindo uma camisa de seda verde claro com um decote generoso, o look era composto por uma calça social preta e um blazer verde escuro que eu particularmente adorava quando a mesma o usava como sobreposição.

Clara Albuquerque estava vestida para matar!

A medida com que se aproximava, o seu olhar intensificava o contato com o meu, e seu semblante enfurecido era mascarado por um sorriso forçado.

— Oi amor! — Esbanjou uma falsa simpatia e encostou seus lábios nos meus brevemente.

— É.. Oi! Oi amor! — Gaguejei um pouco e me praguejei mentalmente por isso, ainda a fitando com curiosidade e contemplamento.

Ela estava linda!

— Oi.. É.. ? — Mirou minha aluna que até esse momento eu havia esquecido que a mesma ainda dividia o mesmo ambiente que eu e ela. — Desculpa, qual o seu nome mesmo? — Estreitou os olhos indagando falsamente.

A olhei desacreditando do que ouvia.

— Caroline! Mas pode me chamar de Carol! — A morena a encarou. — E você é a Clara, não é?! — Questionou como se também não soubesse ao certo, se aproveitando do fato de que nunca foram apresentadas formalmente.

Eu só queria que um buraco se abrisse debaixo dos meus pés diante de tanto cinismo.

— Sim! Namorada da Helena! — Albuquerque Deu ênfase exclamando a última parte com um sorriso vanglorioso.

— Um prazer, Clara! — A mais jovem lhe estendeu a mão de forma gentil.

— O prazer é meu, Carolina! — Retribuiu o contato trocando "despropositadamente" a última letra do nome da morena.

Eu quis rir.

— É Caroline! — A corrigiu com rigor e meus olhos dançavam de uma para a outra em desespero, tentando acompanhar aquela interação "amigável", já com receio do que isso poderia resultar.

— Ah sim, desculpa! — Levou a mão ao peito fingindo lastimar-se e Carol assumiu uma feição séria.

Meu Deus! Ela é terrível!

— Amor? — Se direcionou novavamente a mim que engoli em seco.

Eu estava nervosa.

— Vim só deixar seu celular que você esqueceu lá em cima. — Disse abrindo sua bolsa. — Eu tô indo no salão de beleza, aí aproveitei pra passar aqui. Você ainda vai demorar? — Me entregou o objeto.

— Não! Terminamos né?! — Busquei contato visual com a minha aluna.

— Sim! E eu já tô indo! — Disse Carol pegando sua garrafa de água e seu celular que havia deixado em um dos equipamentos, depois de ter atendido a ligação mais cedo. — Tchau, Helena! — Acenou com a mão se despedindo.

— Tchau, Clara! — Arqueou uma sobrancelha em direção a de cabelos claros.

Carol sabia ser abusada e não baixava a guarda para a outra. Entretanto, ela não sabe a fera com quem está se metendo.

Ainda bem | ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora