... Cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia-lhe a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.Clara Albuquerque
Em meio a beijos e brincadeiras, a água morna deslizava sobre os nossos corpos despidos. Helena delicadamente lavava os meus cabelos e cuidava da maior parte do meu banho.
Conversávamos amenidades, e eu ria das suas piadas que literalmente não tinham graça, mas o seu entusiasmo me fazia apreciar o quão linda é a mulher que eu amo.
"Não teve graça." eu lhe dizia. "Mas você tá rindo" ela retrucava. "Porque é engraçado o jeito que você conta." Em resposta ela só me beijava.
A forma cuidadosa com que ensaboou a minha pele, que tirou o excesso do sabonete, tratando o meu corpo como se fosse o seu. E de fato, também era.
Já havia feito isso outras vezes, mas em todas tinha algo novo e diferente para mim que não sou acostumada com tanto carinho e tanto cuidado, principalmente depois da transa.
"Você não para quieta, amor, como vou secar os seus cabelos direito?" Ela reclamava e eu lhe pedia desculpas com selinhos.
Helena chegou para fazer a diferença na minha vida, em todos os sentidos. Para somar, para me completar até que eu transbordasse de amor e me fazer viver em uma existência onde tudo é superiormente interessante.
Como se estivesse escrito, como se fosse pra ser, eu estava destinada a encontrá-la, a me sentir fascinada por cada traço e cada detalhe dela que é o esboço de tudo que eu sempre sonhei para mim.
Com ela, descobri que se tratando de amor, não havia tomado nenhuma dose daquilo que chamam de felicidade, mas hoje, eu posso me embriagar de tanto.
[ ... ]
Sentada de frente para o espelho da penteadeira, eu assistia a sutileza com que sua mão leve segurava a escova para desembaraçar os meus cabelos.
Helena de pé nas minhas costas penteava as minhas mechas claras depois de tê-las secado, em um toque tão moroso que eu poderia dormir enquanto a mesma fazia aquilo.
Inclinei meu pescoço para trás para que pudesse lhe observar nitidamente, e sua feição era concentrada, dando total atenção ao que fazia.
Sorrí ladino lembrando de quando me disse que quando ela gosta, paparica muito.
Ela não mentiu.Pôs sua mão livre na parte de trás da minha cabeça delicadamente, me fazendo voltar a posição anterior, de certo por ser o ângulo melhor para escovar os fios dalí.
Passado alguns segundos, me inclinei de novo e sorri para ela que naquela posição invertida, a olhando de baixo para cima, me fazia constatar que ela era linda diante de qualquer perspectiva.
As luzes amareladas que rodeavam o espelho, refletiam nos seus olhos, e as estrelas certamente teriam inveja do brilho extraordinário daqueles castanhos.
— Por que cê tá me olhando assim? — Franziu o cenho parando o que fazia.
— Assim como? — Um sorriso riscava os meus lábios.
— Com esse olhar sapeca e esse sorrisinho presunçoso. — Disse lendo perfeitamente as minhas expressões.
— É que você vive me chamando de mimada, mas.. — Mordi o canto do lábio inferior em hesitação.
— Mas sou eu quem mais te mima. Difícil me defender, né? — Completou com o que eu ia dizer fazendo uma cara de falsa indignação.
Lhe direcionei um sorriso largo e ela balançava a cabeça em negativa e semicerrava os olhos.
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Ainda bem | Clarena
FanfictionOnde Helena precisará lidar com a insegurança e o ciúmes de Clara.