Capítulo 1

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Cinco anos atrás, Min Yoongi foi jogado numa prisão com uma sentença de vida na cabeça. É nisso que dá quando se é amigo da pessoa errada e você tenta ajudá-la. Choi Seung Ho sempre foi problemático, o Yoongi sabia disso. Não era incomum que os dois encobertassem as besteiras um do outro. Suas mães se conheciam, o que significava que elas achavam que eles estavam destinados a ser melhores amigos para sempre. Talvez, isso tenha influenciado os dois de alguma forma, fazendo com que eles sempre cuidassem um do outro. "Yoongi e Seung Ho, inseparáveis" – não soava muito certo, mas isso não impedia que as pessoas falassem, de qualquer forma.

Seung Ho tinha evitado que o Yoongi se afogasse na sua própria poça de vômito, quando ele descobriu o álcool e o Yoongi tinha quebrado o nariz de um cara mais velho que perturbava o Seung Ho. Seung Ho salvou o Yoongi de virar um viciado em heroína, mesmo que indiretamente. Na verdade, Seung Ho tinha roubado a seringa de tão egoísta que era. Mas quando o Yoongi viu o que a droga fez com ele, se sentiu grato. Por isso que Min Yoongi pensava que estava em débito com Seung Ho, quando ele ligou tarde da noite, chorando.

Ele disse para o Yoongi que sua namorada, Monah, estava fodendo com o gerente do seu trabalho. Ele falou que tinha visto os dois juntos, transando que nem coelhos no cio. Seung Ho não estava chorando porque se sentiu magoado. Ele estava chorando de raiva. Seung Ho pediu ao Yoongi para ir com ele assustar o bastardo que estava comendo sua namorada e o Yoongi disse sim.

Realmente, era para ser só um susto. Dizer algumas palavras ameaçadoras e talvez, deixar umas marcas para a mensagem durar um pouco. Só. Mas quando Yoongi chegou no endereço que Seung Ho havia enviado e empurrou a porta que já estava entreaberta, ele se deparou com uma cena a qual não estava preparado. Havia sangue. Sangue por todo lado. Ele mal podia reconhecer Monah – tendo a visto só uma ou duas vezes antes – com o rosto desfigurado por duas balas. O tal gerente estava num estado parecido, deitado no chão ao lado do corpo sem vida da garota. Até hoje, Yoongi não sabia se eles realmente haviam transado ou se eram apenas amigos, já que ambos estavam de roupa.

Yoongi encontrou o Seung Ho em pé, sobre os corpos. Ele estava com uma arma na mão, seu corpo inteiro tremendo e seus olhos vidrados. O sangue escorria pelo chão de madeira e parecia que não iria parar nunca.

E então, Seung Ho enfiou a arma na mão do Yoongi. Seus olhos arregalados e sem foco. Depois, ele correu pela porta dos fundos.

Do nada, as sirenes da polícia soaram na rua.

Durante todos os procedimentos legais que se seguiram, o Yoongi estava no mínimo furioso. As pessoas sempre dizem por aí que as leis existem para manter os cidadãos de bem seguros e os homens ruins presos. Yoongi nunca foi muito de seguir as normas e nunca se importou muito com essas tais leis, até serem aplicadas nele. 

Mas agora, um inocente estava sendo algemado, despido de suas roupas para substituí-las com o uniforme monocromático da prisão e ser escoltado para sua cela acinzentada, a qual chamaria de casa para o resto da vida. Ninguém havia dado ouvidos ao Yoongi, quando disse que não tinha cometido o crime. Até o seu próprio advogado lhe lançou um olhar desesperançoso, disposto a tentar amortecer a pena, mas sabendo que tinha evidência demais contra o Yoongi.

E onde estava o Seung Ho? Yoongi também não fazia ideia. Mas não na prisão, onde era seu lugar.

**

O seu primeiro companheiro de cela era enorme. Yoongi só tinha 21 anos naquela época. Yoongi havia cometido pequenos delitos, aqui e ali em sua adolescência, nada muito sério. E lá estava ele, preso no mesmo lugar que assassinos. Yoongi tinha uma pele pálida, que fazia contraste com seu cabelo negro, entretanto, seu porte baixo e olhos pequenos não lhe favoreciam na cadeia. Ele também não era um homem muito musculoso, mas sabia se virar numa luta – suas experiências com bullies lhe ensinaram muitas coisas. 

Yoongi tinha criado uma confiança arrogante sobre si mesmo – talvez pela influência do Seung Ho – e ele não deixava ninguém pisar em sua cabeça. Mas ali, dentro da prisão, ele sabia que era peixe pequeno num mar de tubarões. E o seu colega de cela, foi o primeiro tubarão que o Yoongi encarou. O homem estava deitado no beliche de cima, quando um oficial empurrou o Yoongi para dentro da cela.

O homem apenas lançou um olhar breve para o Yoongi e isso bastou para ele saber que teria que lutar. Não de imediato, o homem parecia preguiçoso e tranquilo com o poder que possuía, mas em algum momento. 

No final das contas, o momento foi naquela noite mesmo, quando as luzes da prisão foram desligadas.

Yoongi escutou o ranger do beliche antes do homem descer de lá e pairar sobre o seu corpo. — Dakho. – o homem proferiu o nome, como se fosse um privilégio para o Yoongi ouvir. — Qual o seu nome?

Honestamente, Yoongi não sabia o que fazer, deitado em sua cama enquanto encarava de volta o Dakho, tentando esconder o quão tenso estava. Yoongi iria ficar ali para o resto da vida, ele precisava se lembrar disso. Não é como se pudesse fazer mil inimigos naquele lugar e ir embora no dia seguinte. 

Ele poderia dar uma de amigável e obediente, e esperar que o Dakho não quisesse nada além do ele estivesse disposta a sacrificar. Ou, ele poderia lutar com alguém que certamente detinha um ar de poder, mesmo que o Yoongi ainda não soubesse da hierarquia carcerária, quem estava no topo ou não. Talvez ele tivesse sorte ou, talvez, morresse na sua primeira noite na cadeia.

Yoongi ainda tinha uma pequena esperança que alguém iria perceber o erro que cometeram, ou achar algum vídeo de uma câmera na rua ou de um carro que comprovassem que o Seung Ho era quem deveria estar deitado naquele beliche. Então, ele decidiu optar por ser amigável. — Yoongi. – disse, se certificando que sua voz não soasse tão assustada quanto ele se sentia.

Com um movimento rápido, Dakho agarrou as mechas negras do Yoongi e o arrancou da cama. Com sua outra mão, ele abaixou as calças para expor um meio duro e, para ser franco, horrível pênis. — Você vai me chupar, Yoongi. – ele sussurrou, para que ninguém no bloco pudesse escutar — E eu vou tornar o seu tempo aqui, um pouco mais tolerável.

Os pequenos olhos do Yoongi estavam lacrimejando, de tão forte que o Dakho estava segurando seu cabelo. Mesmo que ele lutasse ou tentasse resistir ao brutamontes, sabia não teria chances. Então, Yoongi se forçou a abrir os lábios e enfiar aquela coisa horrorosa na boca.

Yoongi prendeu a respiração, tentando não vomitar e em seguida, ele mordeu o mais forte que conseguiu.

Dakho gritou.

Ele tentou desvincular o Yoongi do seu membro, puxando-o pelo cabelo. O gosto rançoso de suor e de sangue preencheu sua boca, e então, ele sentiu o punho do Dakho chocar contra sua mandíbula. O primeiro soco foi um erro, pois forçou a mandíbula do Yoongi se fechar com a dor e seus dentes finalmente atravessaram a carne e cartilagem. 

Yoongi cuspiu um pedaço do membro no chão e vomitou um segundo depois, só de pensar no que tinha acabado de fazer. Dakho gritou e o esmurrou socou novamente, atingindo sua bochecha.

Socos continuaram a chover sobre o corpo do Yoongi, aonde quer que o Dakho conseguisse alcançar. O moreno realmente não conseguia entender como o homem conseguia se mover com a dor que deveria estar sentindo. Gritos e vaias das celas vizinhas vieram logo em seguida, com a comoção. Quando os oficiais chegaram, Yoongi havia desmaiado.

Ele acordou na enfermaria, onde ficou por um mês e meio. Quando ele se recuperou, passou duas semanas na solitária. Finalmente, ao retornar para sua cela, ela estava limpa e havia um jovem encolhido na cama de cima do beliche. Seu nome era Kim Taehyung e ele era meio "na dele", então, o Yoongi lhe deu o espaço que precisava. Ele não ficou sabendo o que aconteceu com o Dakho.

A primeira vez que o Yoongi pôs os pés no pátio da prisão, quase ninguém tentou mexer com ele. Há males que vem para o melhor. Talvez, ele devesse agradecer a estupidez do Dakho. 







Entãaao, o que acharam? 

Sobre o Jungkook... ele vai aparecer nos próximos capítulos😊

Lembranças - YoonkookOnde histórias criam vida. Descubra agora