Capítulo 4

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Pov: Ayanna Conway

"Dias atuais"

̶E̶r̶a̶ ̶u̶m̶a̶ ̶t̶a̶r̶d̶e̶ ̶e̶n̶c̶a̶n̶t̶a̶d̶o̶r̶a̶ ̶e̶m̶ ̶E̶v̶a̶n̶t̶o̶w̶n̶... Não!! Eu poderia começar a contar uma história apaixonante e digna de contos de fadas, mas essa é a vida real, pra ser mais exata, minha vida real, agora como Ayanna Conway. Já começamos pelo nome... Um tanto peculiar e incomum, uma mistura dos nomes das minhas irmãs mais velhas: Ayla e Anna.

Eu vivia na sombra de minhas irmãs. Ayla, a mais velha, estava prestes a se formar em biomedicina e já havia viajado por todo o mundo em prol de ajudar os mais necessitados e Anna, a irmã popular, considerada a mais bonita de nós três. Ela exalava confiança e não se importava com o que os outros falavam. Estava no último ano do ensino médio, ela vivia uma vida de festas e garotos, a adolescente achava que era a filha menos importante, a irmã do meio e por isso nossos pais não dariam atenção caso fizesse algo de errado, principalmente considerando o trabalho deles. Ela mudou bastante de dois anos para cá.

Os Conway eram conhecidos por suas habilidades em ganharem julgamentos, Liza e Rick Conway, além de serem nossos pais, também eram advogados renomados no ramo, ou melhor, fingiam ser.

Eu não era nada conhecida na escola, até entrar num rink de gelo, era apenas uma adolescente cheia de insegurança. As pessoas até se aproximavam de mim de vez em quando, mas era somente para saber sobre como chegar até minha irmã do meio. Bando de interesseiros.

Naquela tarde, eu estava estudando em meu quarto tranquilamente quando senti meu corpo estremecer em um susto ao ouvir tocar heavy metal no volume máximo próximo lá em casa, tirando completamente meu foco. Meu sangue ferveu, cerrei os punhos e fui até a janela pronta para gritar com o primeiro que aparecesse ali. Para a minha não tão surpresa, avistei meu vizinho arrogante e particularmente lindo tomando banho de sol enquanto apreciava aquele lixo de música na minha opinião.

Eu gritei e acenei, obviamente ele não escutou ou apenas ignorou minha presença insignificante. Foi então que tive a brilhante ideia de jogar o pé direito do meu all star vermelho pela janela na intenção de acertar o aparelho de som ou mesmo chamar atenção do rapaz. Dei um passo para trás, peguei impulso no braço e arremessei com toda força que conseguia. O tênis sobrevoou através da cerca que limitava as casas e acertou em cheio o ombro do rapaz. Ele levantou-se da espreguiçadeira assustado e gritou um palavrão, seu olhar procurou o culpado e logo se travou ao encontrar minha silhueta feminina na janela. Sorri sem graça ao perceber o que acabara de acontecer. A música parou de tocar, pelo menos consegui o que queria, ele se aproximou da cerca e gritou com indignação.

- Tá maluca, chaveirinho!? Tinha que ser a baby Conway pra fazer algo tão infantil e insano ao mesmo tempo! - esbravejou.

Eu odiava os apelidos que ele me colocara, Bryan tentava minimizar minha altura e implicava a todo custo comigo por causa de nossa pequena diferença de idade.

- Que raios de barulho é esse em plena manhã de sábado!? Estou tentando estudar! Isso não deve ser considerado música! - gritei da minha janela.

- Quem estuda em pleno sábado de manhã? Isso só pode ser doença! Cuidado pequena rabugenta, ficar muito tempo no quarto está comprometendo sua sanidade - disse ele com um sorriso sarcástico, segurando o tênis pelo cadarço.

- Tudo bem... Eu agi por impulso, desculpa se te machuquei. Agora devolve meu tênis e ficaremos em paz.

Ele sorriu ironicamente e caminhou em direção a piscina segurando o tênis com a ponta dos dedos.

- Devolver? - gargalhou - se você quiser, vem buscar... - ele soltou o tênis na piscina, colocou o óculos de sol no rosto, a toalha azul nos ombros e caminhou dando de ombros em direção a sua casa ignorando tudo ao seu redor enquanto eu gritava com ele irritada por ver meu tênis boiando e aos poucos sendo consumido pela água.

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Toquei a campainha da casa dos Angiez e logo fui atendida pelo mordomo, ele rapidamente barrou minha entrada.

- Com licença, meu tênis caiu na sua piscina acidentalmente e eu preciso dele de volta - reclamei para o homem que pareceu não se importar.

- Sinto muito, a senhorita não pode entrar - respondeu o mordomo inexpressivo.

Clara Angiez, a senhora da casa, ouviu a discussão e se dispôs a ir até lá para ver o que estava acontecendo.

- Ayanna querida, o que a trás aqui? - a mulher me recebeu com um sorriso acolhedor.

Expliquei a situação para a mulher e logo me foi permitida a entrada até a piscina.

- Peço desculpas, senhora Angiez, mas parece que seu filho nasceu para me irritar.

Clara riu me deixando confusa.

- Querida, existe uma linha tênue entre o amor e o ódio, talvez ele seja sua alma gêmea.

Fiquei sem palavras e envergonhada, o que a mulher quis dizer com aquelas palavras? Eu realmente achava o filho de Clara insuportável e se fosse para ele ter alguma coisa com uma Conway seria com minha irmã Anna, já que os dois fazem parte da mesma turma na escola e tem praticamente a mesma idade, a única diferença entre eles é que Bryan prefere sua própria companhia e minha irmã gosta de ser o centro das atenções. Sem querer, me peguei a imaginar um cenário cujo nós dois seríamos um casal e logo expulsei aqueles pensamentos peculiares de minha cabeça. Não daríamos certo juntos!

Peguei meu tênis ensopado e quase caí na piscina junto com ele, não seria má ideia com o calor que estava fazendo.

- Obrigada pela disposição, senhora Angiez. Prometo que não acontecerá novamente e desculpe qualquer incômodo.

- Tudo bem, querida. É sempre um prazer conversar com uma menina tão doce como você - ela me abraçou em despedida.

- Doce como um limão - disse Bryan descendo as escadas.

Revirei os olhos e pensei em revidar, mas apenas abri a porta e saí. Logo depois consegui escutar a senhora Angiez repreender o garoto com um bom e velho sermão. Bryan era intolerável e eu faria o possível para manter distância de alguém como ele.

Patinando nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora