Capítulo 5

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Que chatice a vida escolar, só uma coisa faz a escola ser mais suportável: ver o sorriso reluzente de Mason Collins. Sou completamente apaixonada por ele desde que o vi, foi amor a primeira vista, mas ele nunca me notaria. Sou um zero a esquerda, nerd que tem bom gosto para filmes e até músicas.

Mason é o capitão do time de futebol, tem o sorriso mais perfeito já visto e com certeza é o queridinho entre as meninas. Eu estava admirando ele enquanto conversava com seus amigos no banco perto da grande árvore, era de costume ele está ali todos os dias no intervalo. Todos da escola tinham que usar um uniforme azul sem graça, exceto o último ano. Minha irmã aproveitava para usar suas saias curtas e blusas de alça, estilo patricinha. Bryan ficava sempre no canto com peças de roupas escuras e em dias mais frios usava sua jaqueta de couro preta e uma touca meio nada haver deixando apenas um topetinho para fora e Mason preferia usar a jaqueta do time sempre. Não sei se era exigência da escola todos do time usarem sempre esses uniformes para mostrar que fazem parte dos jogadores ou se era vontade própria, mas eles eram conhecidos por serem inconfundíveis e deixava qualquer garota completamente rendida.

O sinal tocou e recebi uma mensagem no celular, era do motorista da casa avisando que não estava se sentindo bem e não poderia ir nos buscar hoje. Meus pais estavam viajando e agora o motorista não vem, como voltarei para casa?

Mesmo estando atrasada para aula, fui atrás da minha irmã na sala dela, eu precisava resolver isso.

- Com licença, sou Ayanna Conway. Gostaria de falar com minha irmã Anna Conway, é um assunto famíliar urgente - falei para professora.

A mulher a chamou frente a sala toda e minha irmã veio até mim.

- Quantas vezes vou ter que falar pra você que na escola você não deve dirigir a palavra a mim, caso necessário eu procuro você! - esbravejou.

- Só vim atrás de você porque é algo urgente, caso contrário eu nem me daria o trabalho!

- Tá... Fala de uma vez - ela deu de ombros - na verdade eu já sei o que você vai falar, eu também recebi a mensagem.

- Vamos caminhando para casa então? - perguntei.

- Eca! Eu não vou gastar meus sapatos caminhando por essas ruas sujas e ainda correr o risco de calejar meus pés macios. Você eu não sei, mas eu já tenho carona... Se vira pra arrumar a sua!

Anna virou as costas para mim e voltou para sua sala, ela havia se tornando uma pessoa mesquinha e completamente sem noção nesses últimos anos, é nessas horas que sinto falta do Brasil e da nossa vida simples lá.

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O sinal da última aula tocou e eu ainda não sabia com quem voltaria para casa, sou tímida demais para pedir carona a alguém. "Parece que vou ter que caminhar algumas quadras" pensei e comecei a seguir minha caminhada. Anna passou por mim no carro de Jordan, um garoto do último ano, jogador de futebol e amigo de Mason Collins.

Revirei os olhos e continuei caminhando. Um Civic branco parou ao meu lado e baixou o vidro, logo avistei a silhueta masculina do motorista com sua jaqueta preta e óculos escuros, meu vizinho chato, Bryan.

- Entra aí baby Conway. Ouvi sua irmã pedindo carona no meio da aula e imaginei que não serviria para você.

- Prefiro ir caminhando do que dividir carro com você!

- Tudo bem... Eu ofereci, mas esqueci o quão orgulhosa você é!

Ele não esperou resposta, acelerou e eu continuei caminhando tranquilamente.

Minutos depois, mais na frente, o mesmo Civic branco parou ao meu lado, baixou o vidro e antes que ele pudesse falar qualquer coisa eu rebati:

- Você de novo!? Não tem nada melhor pra fazer do que ficar me seguindo? - juntei as sobrancelhas.

- Entra no carro agora Conway! Eu não estou oferecendo carona, estou mandando você entrar na droga desse carro agora!

Levantei às sobrancelhas, nunca havia visto esse lado de Bryan, na verdade o único lado que conhecia era o de sua chatice e implicância suprema. Entrei no carro como ele havia "carinhosamente" pedido, sentei-me no banco de trás, o vi me encarar pelo retrovisor e revirar os olhos ao perceber que meus olhos encontraram o reflexo dos seus.

- Se você quer saber, eu não me importo com você, só 'tô' fazendo isso porque vi um cara te seguindo e talvez lá no fundo eu sentiria um pouco de culpa se alguma coisa acontecesse.

Dei de ombros e não o respondi, talvez não houvesse ninguém me seguindo e isso foi só uma desculpa que ele arrumou para parecer menos arrogante e mais gentil. Não funcionou.

Paramos em frente a uma escola do fundamental e logo avistei pela janela um garotinho de cabelos loiros aproximar-se.

- Olá pequeno Lian, tudo bem se eu pegar carona com você?

Ele parecia cabisbaixo e apenas concordou com a cabeça forçando um sorriso ambíguo. Olhei para o retrovisor e avistei Bryan acompanhando discretamente tudo que acontecia no banco de trás. Um silêncio se estabeleceu por um instante e logo tive uma brilhante ideia que talvez animaria o pequeno.

- Hey Lian, tenho uma surpresa pra você - consegui chamar sua atenção, ele me olhou de lado e pareceu interessado na minha proposta - Passa na minha casa mais tarde, pode ser?

- Claro! Posso ir assim que chegarmos? - vi a curiosidade despertar em seu olhar.

- Com certeza! Eu aproveito e faço uns lanchinhos pra gente - continuei planejando. Bryan riu.

- Cuidado pra não colocar fogo na cozinha, baby Conway - disse Bryan implicando. Preferi não rebater e manter minha pose de doce e gentil na frente da criança.

- Não liga pro meu irmão, Aya. Ele é bem sem noção quando quer - disse Lian com cara de tédio.

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Chegamos em casa, Bryan fez questão de esperar o portão abrir e nos deixar na porta do casarão para garantir que nada acontecesse. Só depois ele deu a voltar para sua casa.

Patinando nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora