A primeira aventura

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Diferente das outras vezes, o tempo que Anne Marie iria passar na ilha seria consideravelmente longo. Exatos um mês que a menina poderia aproveitar suas férias na Ilha do Maracujá, enquanto seus pais desbravam o Brasil em uma segunda lua de mel. O presente que a menina havia ganhado pelas boas notas estava sendo aproveitado ao máximo.

Fazia apenas quatro dias desde sua chegada e já tinha vivido tantas experiências mágicas para os seus sete anos. Estando longe das vistas dos pais, Anne Marie ficou sob a responsabilidade de seus avós, mas a estreita ligação entre a sua família e de Maria fazia com que fosse possível passar mais tempo fora do que dentro da casa dos pais de sua mãe.

Apesar de ser apenas dois anos mais velha, Maria de Nazaré era responsável por acompanhar Anne Marie nas andanças pela ilha, as crianças do local costumavam ser bem livres para terem suas próprias experiências em meio a tanta vegetação e lugares para desbravar. Não que Maria fosse para lugares distantes, as aventuras das duas meninas costumavam encontrar limites no grande quintal dos pais da mais velha.

Assim passavam mais uma tarde juntas, apenas as duas, perambulando ao redor da casa de Maria. O rio estava raso, o que proporciona boas caminhadas pelo local livre de qualquer acúmulo de água que a maré alta pudesse trazer. A tarde quente tinha seu calor amenizado pela ventilação natural das enormes árvores ao redor.

Após uma intensa corrida, Maria e Marie aproveitavam para descansar encostadas em uma goiabeira, a mais nova respirava fundo para recuperar o folego depois de tanto esforço, correr para poder alcançar a amiga era mais cansativo do que parecia. Anne Marie compensava a pouca estatura com a agilidade e Maria bem que tentou fugir, mas foi capturada pela pequena.

Horas antes Maria havia dispensado os primos e suas brincadeiras, não queria dividir a atenção de Anne Marie com outras pessoas, também planejava mostrar uma habilidade recém adquirida para a amiga. Ter os primos como plateia não parecia uma boa ideia naquele momento, teriam outros dias para brincarem juntos, sabia que os primos entenderiam.

- Quero te mostrar algo. - Disse Maria chamando a atenção da outra. Anne Marie nada disse esperando que a amiga continuasse, Maria costumava ter as melhores ideias e tinha certeza que adoraria o que viria a seguir. - Vou subir até lá em cima sozinha, mas vou mostrar só pra você!

Maria havia aprendido recentemente a subir em arvore de açaí com a ajuda de uma peconha, amarração feita com folhas do açaizeiro que auxiliava na subida da fina arvore. No entanto, a menina já havia visto pessoas maiores subindo sem aquele apoio e acreditava estar grande e capaz o suficiente para tentar fazer aquele experimento. Seus braços e pernas já suportavam seu peso com eficiência, sabia remar contra a correnteza e subir no telhado com perícia, aumentar a dificuldade na escalada parecia ser uma ótima ideia para impressionar a amiga.

Anne Marie estava com medo, mas empolgada com a aventura, a mais nova via a Maria como uma super-heroína e acreditava que ela podia fazer tudo, mesmo que algumas coisas parecessem ser muito difíceis na perspectiva infantil de seus olhos que recém descobriram o mundo todos os dias naquele lugar. Cada passo dado nas casas de palafita e no chão de terra batida era bem diferente do apartamento em que morava.

Assim que percebeu a movimentação da amiga, Anne Marie ficou em pé e se pôs a observar a preparação feita pela maior. Maria amarrou os cabelos novamente e levantou o short que já estava pequeno para o tamanho da menina que a cada dia crescia mais. O frio na barriga era compartilhado pelas duas pela adrenalina da peraltice. Incentivada pela empolgação da menor e com vontade de surpreendê-la com sua façanha, Maria subiu na árvore que ela espertamente escolheu, aquela sem dúvida não era uma árvore tão alta e o cacho de açaí estava logo ali.

MARIASOnde histórias criam vida. Descubra agora