A mudança é uma merda necessária na vida de quem não quer morrer morando com os pais
Os anjos gritaram amém. Os pássaros cantaram no ritmo do " aleluia, aleluia", e o meu sorriso evidente quase fez as minhas bochechas arderam de tão esticada que ficou a minha pele.
Desci do carro bem devagarzinho, para saborear lentamente o gostinho doce da mudança. Lembro-me até de ter fechado os olhos inspirado profundamenteO vento era fresco, e soprava com uma tranquilidade que invadia meu peito. Havia muitas árvores na rua, nada de gás carbônico em demasia. Crianças brincavam de queimada. Uma casinha estilo Barbie bem bonitinha estava diante de mim, parecia com a que eu implorei para que minha mãe comprasse quando t8nja sete anos ( ela não comprou, que fique claro)
Estava tudo mais do que perfeito. O bairro era perfeito, a rua era perfeita, a casa era perfeita, a vida era perfeita, o mundo era perfeito, e eu, Soraya thronicke, finalmente estava livre de toda aquela gente doida que compunha a minha família. Nada contra, só que não dá para viver em um lugar onde não se sabe quando exatamente estão conversando ou discutindo.
Foram vinte e oito anos. Vinte e oito anos de muitos: Soraya, vai lavar os pratos! Soraya, passa pano na casa! Para onde pensa que vai a essa hora, Soraya? Soraya, já disse que não gosto dessa sua amiga. Soraya, esse seu namorado é irritante. Soraya, cuida da Clarinha, ela é tão pequena! Soraya, você não pode dormir tão tarde. Soraya, sai deste computador! Soraya sua aula é daqui a uma hora e você ainda está aí? Soraya, você só pode estar louca se pensa que vai comer chocolate no jantar! Soraya, Soraya , Soraya , Soraya!
Na moral, naquele instante, esperava nunca mais ouvir o meu nome de novo. Eu ia morar sozinha (ops, deixe-me repetir: sozinha! Mais uma vez: sozinha! Outra: SOZINHA! Ok, ok... Acho que me empolguei) e muita coisa iria mudar. Teria as minhas próprias regras, planos, horários e responsabilidades. Pagaria todas as contas, precisaria lavar meus pratos, fazer a minha comida e lavar a minha roupa, mas cara... O preço da paz não pode ser quitado com um cartão de crédito. Tudo vale a pena quando é a liberdade e a privacidade que está em jogo. Só de pensar que teria um banheiro só meu, a felicidade era tão grande que dava vontade de chorar.
Nunca queira morar com pais malucos, uma avó com amnésia, uma irmã solteira com uma filha pequena e um irmão adolescente em plena ascensão da puberdade. Só da confusão. A minha antiga casa devia ter um alerta do Ministério da Saúde bem na placa de boas-vindas. Tenho certeza de que, depois de vinte e oito anos de doideira, o meu cérebro não funcionava como o das pessoas normais.
A minha única esperança era aquela nova fase da minha vida, que estava começando com estilo. E, claro, com um emprego novo (e bom), casa nova (e linda), tranquilidade, calmaria... Seria quase como se eu tivesse me mudado para a montanha dos monges, no Tibete. Já me sentia bem mais zen enquanto percorria o pequeno jardim da frente. Podia ouvir até o "aaaaummmmmmmm" ressoando ao longe
provavelmente alguém meditava diante do silêncio da rua. Ou era apenas o meu cérebro perturbado imaginando coisas.Querendo ou não, este é o começo da minha história. Havia uma Soraya radiante, sorrindo para os ares, ouvindo meditações alheias e pássaros em sinfonia. Foi comigo, mas podia ter sido com você. Imagine-se em um processo maravilho de mudança; aquela que você estava esperando há muitos anos. Imagine que nada no mundo
poderia estar mais perfeito, procure em sua mente o dia mais lindo da sua vida.
Era o que eu estava vivenciando naquele momento. Afinal, tudo havia saído do jeito que quis: a casa estava à venda por um preço tão pequeno que nem acreditei. Quando fui visitá-la, realizei a compra na hora, sem ao menos pensar duas vezes. Tudo bem que era pequena. E tudo bem que era dupla.
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A safada do 105 (Versão Simoraya)
FanfictionFanfic Simoraya Soraya finalmente compra um imóvel e realiza o sonho de morar sozinha. Assim que ela se muda descobre que sua nova vizinha é uma chef de cozinha alta, bonita, jovem e gostosa. Simone G!P (Dei um pau pra ela sim!! e foda-se) Contém...