• Capitulo 7 •

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Dois minutos.
Dois malditos minutos e ainda estávamos na mesma posição. Eu com meus braços na lateral do corpo segurando os dois revólveres e Kate de joelhos com a mão na boca, mas as lágrimas... Essas não pararam, continuam descendo por seu rosto petrificado em choque.
Eu nunca me importei que vissem o meu pior modo o frio, cruel, assassino. Entretanto Kate era a exceção, não queria tudo isso na vida dela.
Quando se ama uma pessoa, você quer que ela ignore os males da vida.
Era isso o que eu queria para ela e agora estamos aqui, comigo sem uma única máscara para me esconder.
- Kate - tento me aproximar mas ela recua jogando o corpo para trás já que está de joelhos.
- Não! - seus olhos focam minhas mãos e percebo que ela olha as armas. Solto-as imediatamente no chão e Kate se assusta com o barulho.
- Por favor...
Mais uma vez tento me aproximar mas ela se levanta e vejo em seus olhos que não me quer por perto.
- Tá tudo bem ela não machuca, ela protege - Dimitri diz ganhando minha atenção. Diferente de Kate ele tem confiança em seus olhos dirigida a mim.

"Nunca conte a sua família, ela não entenderia porque te veria apenas como um monstro. Nós sabemos quem você é continuamos aqui, nós somos sua família"

Eu nunca acreditei nessas palavras quando Devan me disse isso, acreditava que família eram nossos parentes e com eles podíamos contar sempre pois foi assim que me ensinaram. Mas com o tempo percebi que era bem mais que isso, família se resume a companheirismo, confiança e amizade por isso aceitei Katerine LeMarchal tão rápido como minha irmã porque antes dela ser oficialmente já era de coração. Mas agora ver o medo em seus olhos está me fazendo repensar em tudo que já vivi. Talvez ela precise de tempo.
- EU PENSEI QUE VOCÊ ESTIVESSE MORTA! A loja do Mike explodiu e pensei que minha irmã estivesse lá dentro como ela disse que estaria! Eu entrei em pânico nem sabia mais o que faria se você tivesse morrido, e quando o policial me disse que não tinham sobreviventes?! Meu mundo caiu perdi minha única família! Eu rezei pra que por algum motivo você não estivesse lá dentro! E agora chego em casa na maior angústia que já senti na vida e te vejo carregada de armas? Armas Rebecca? O que você está fazendo com armas? E principalmente por que quase atirou em mim? - ela joga tudo de uma vez em mim e suas perguntas me assustam principalmente a última.
- Não! Eu não queria atirar em você eu me assustei e não sabia que era você, apenas me virei e lá estava... Você - tento me explicar.- Já o porque das armas é assunto longo, e bem... Eu estava na loja na hora da explosão Kate.
Seus olhos se arregalam em choque e depois miram Dimitri como se perguntasse se ele estava comigo. Apenas aceno com a cabeça em afirmação.
- Céus - Kate de repente pula em meus braços o que me surpreende um pouco mas logo a envolvo em um abraço. Eu estava errada, Kate é família sempre foi.
- Dimitri você está bem? - pergunto quando ela me solta. Ele apenas da um sorriso. - Você deve estar com fome vamos pra sala e preparo um lanche para comermos enquanto conto o que ouve a Kate.
Seguimos até a sala e deixo Dimitri assistindo Televisão. Já na cozinha começo a preparar dois sanduíches de vez em quando dando uma olha no pequeno garoto.
- Quem é ele? - Kate pergunta.
- Quando estávamos na loja o Homem que estava assaltando pegou Dimitri e o ameaçou, mas uma mulher surgiu e conseguiu salvar o garoto, acontece que antes dos ladrões irem embora ouvi o barulho de uma bomba e puxei Dimitri pelo braço até o freezer mais próximo. Quando aconteceu a explosão não fomos atingidos. Só restou eu e ele. - Conto e coloco os sanduíches no pequeno forno.
- Você narra como se não fosse nada de mais - Kate diz um tanto assustada.
- Estou acostumada - dou um sorriso fraco. Ouço o apito do forno e tiro os sanduíches, pego um suco na geladeira e levo o pequeno lanche até Dimitri.
- O que quer dizer com "Estou acostumada"?
Antes que eu pudesse responder a parede de vidro da sala explode espalhando cacos de vidro por toda direção, só consigo colocar Dimitri a minha frente pra que nenhum o machuque.
Escuto os passos e gritos, o pequeno garoto treme em baixo de mim e Kate tem a respiração ofegante. Sou puxada por braços fortes, acontece o mesmo com Dimitri e Kate.
- Me solta Callum! - minha irmã grita e já sei o que está acontecendo.
Em um movimento rápido derrubo quem estava me segurando e puxo a arma de seu coldre apontando para sua cabeça. Levanto o rosto para ver a confusão que se tornou minha sala, 13 agentes no máximo, dez com armas apontadas na minha direção, um segurando Kate que no caso é o Callum, outro de joelhos na minha frente.
- Nós tentamos evitar isso Becca mas você não colaborou, venha conosco e nada acontece com eles - diz o décimo terceiro e quando viro meu rosto me surpreendo ao ver Sebastian com uma arma apontada para a cabeça de Dimitri.- Ou você vai dizer sua famosa frase "E quem disse que eu me importo?"


Consequências de um enganoOnde histórias criam vida. Descubra agora