• Capitulo 6 •

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EU NÃO DISSE CARALHO?
O nome dele não é Julian!
Ok, isso é irrelevante agora porque tenho uma questão mais séria para resolver: Não vou voltar para aquele lugar. De jeito algum. Criei uma vida nova, identidade nova, personalidade nova! E depois de quatro anos longe disso tudo eles querem que eu volte? Nunca!
Depois daquela noite minha vida foi um inferno e poderia ser diferente se eu não tivesse nessa maldita agência. Não quero voltar, NÃO VOU VOLTAR.
Sebastian dirige o mais rápido que consegue pelas ruas movimentadas, Sebastian... Esse nome combina mais com ele. Os olhos castanhos claro, cabelo escuro, maxilar quadrado, a postura firme do corpo. Se o comparar com o irmão não vai existir uma única semelhança, são totalmente opostos.
E é aí que eu me lembro.
Pulo do banco jogando meu corpo por cima dele e abrindo a porta do motorista, pego o volante fazendo o carro derrapar e virar um pouco desequilibrando Sebastian, nesse momento acerto meu cotovelo no seu rosto e um chute no abdômen, metade do corpo dele fica pro lado de fora do carro que continua em movimento de zigue-zague pela avenida- ainda bem que estamos afastados da cidade- ele tenta se defender mas eu o puxo pela perna e sua cabeça bate na lateral do banco. O carro vira bruscamente e meu corpo vai junto batendo no painel do carro.
- BECCA! - Dimitri grita do banco de trás, tinha até me esquecido da sua presença, levanto a cabeça a tempo de ver um caminhão a nossa frente, seguro o volante com força e consigo desviar o carro antes de uma fatalidade acontecer. Só consegui porque no momento em que puxei as pernas de Sebastian ele soltou o acelerador.
Volto para o meu banco um pouco ofegante, ele estaciona o carro fora da estrada.
- Eu realmente não acreditei quando me disseram que você é louca - Sebastian diz com a testa no volante respirando fundo.
- Se pensa que eu vou pra Washington com você é um homem morto - meu tom sai frio, seguro de que realmente sou capaz de fazer isso.
Ele arregala e fecha os olhos depois pragueja baixo em russo. Nota mental: sabe três idiomas.
Olho no banco de trás e vejo Dimitri com a cabeça entre as pernas respirando devagar, os cabelos loiros espalhados encostando nos joelhos ele realmente precisa de um corte. De repente eu começo a rir e Sebastian me olha assustado como quem diz: alguém interna essa mulher!
Minha risada aumenta e pra falar a verdade? Eu devo ser louca mesmo, porque pensar no corte de cabelo de um garoto que acabei de salvar a vida em uma explosão durante um ataque na loja do mike direcionado a mim é o cúmulo da idiotice. Dimitri levanta a cabeça rindo comigo.
- Pela segunda vez no dia a gente quase morre - o menino diz rindo, mais em desespero do que felicidade.
- Não sei se isso é sorte ou azar - falo com minha risada diminuindo.- Tenho que voltar pra casa.
Meu lado racional voltou, o que eu ainda faço aqui?
Abro a porta e saio do carro.
Céus! Eu realmente quase morri hoje!
Sento no chão levantando os joelhos até meu queixo, fecho os olhos. Desde o momento da explosão eu soube.
O inferno na minha vida tinha voltado.
Sem que eu percebesse minha mente já estava naquela noite.
•••
Saio correndo do prédio, cheguei até a deixar minha arma pra trás. Tudo o que eu tinha que fazer era fugir. Assim que vejo Jonny atrás do carro vou até ele ao mesmo tempo em que procuro Kaiden, não o encontro.
- Rebecca graças a Deus você conse...
Antes que ele pudesse continuar a frase os tiros começaram. O tiroteiro foi forte, nós no chão e eles no telhado do prédio de três andares. Grito com a dor que agora queima meu braço esquerdo, foi de raspão mas uma bala me acertou. Jonny ficou atrás de mim e fomos até a lateral do carro abaixados.
- Cadê o Kaiden?! - ele gritou, mal consegui ouvir devido as tiros que ecoavam alto pelo terreno baldio. Meu ouvido começou a doer e já ouvia os zumbidos como se tivesse um inseto na orelha. Homens gritavam por todos os lados algo sobre detonar.
- Como assim cadê o Kaiden?! Ele é seu parceiro deveria estar com você! - Grito com o pânico que começou a crescer dentro de mim. Jonny fechou a cara e quando abriu os olhos eu vi determinação neles.
- Você vai ficar bem aqui e não se mexer, entendido? - afirmo com a cabeça sem entender muito.- Vou ter que entrar no prédio, são só alguns minutos, eu volto Becca.
- NÃO! - A compreensão me atinge, Kaiden foi atrás de mim e não voltou, agora Jonny queria ir buscá-lo. - É perigoso demais, olha essa situação situação!
E como para se dar ênfase no que eu digo um dos nossos carros explode por causa de uma granada nos assustando. Lagrimas saem por meus olhos, não posso perdê-lo, não posso perdê-lo, isso é quase um mantra para mim. Jonny beija minha testa e murmura um "Eu te amo" eu apenas aceno com a cabeça. Ele sai de perto de mim enquanto grita pra um dos outros homens.
- Preciso de três minutos!
- Olhe nossa situação Collins! Não posso fazer isso! - grita Leon de volta.
- Me dê o máximo que conseguir.
E o vejo entrando no prédio.
•••
- Depois da explosão no colégio onde o presidente estava a cede mudou para a filial de Chicago, então não vou te levar para Washington.
Volto de meus pensamentos pela presença de Sebastian, ele fica de frente para mim me observando. Eu fecho minha cara sem expor, expressar e relatar qualquer sentimento ou pensamento. É assim que fui criada.
- Quem é você? - pergunto mas para mim mesma do que pra ele.
Sebastian fica com o corpo tenso, é claro. Ele entendeu o que eu quis dizer, vai muito além de nome e sobrenome. Um silêncio se instala entre nós.
- Rachel está esperando Sullivan é melhor irmos - diz ele por fim.
- Calum... - digo lembrando o motivo de ter tentado o jogar para fora do carro. Em um único movimento minhas pernas atingem atrás de seus joelhos e ele cai na minha frente, subo em seu abdômen e coloco o antebraço na garganta dele. - Calum disse que você era um simples policial e não sabia de absolutamente nada sobre mim ou sobre a CSNI, você disse que era um simples policial viúvo querendo curtir a noite justamente comigo, não acha isso estanho Sebastian? Agora você me aparece supostamente me salvando de um possível assassino, o que foi desnecessário, me enfia dentro de um carro dizendo que está me levando pra CSNI. VOCÊS TÃO PENSANDO QUE EU SOU O QUÊ!?!? - Grito com ele, sim grito. Já estou cansada disso, não queria mais saber deles, ou da agência mas parece que insistem em ficar vindo atrás de mim. Eu mandei um aviso para Rachel e ela não me escutou, parece que vou terminar meu serviço.
- Não fomos nós na Loja - Sebastian tenta dizer, mas ele mal consegue respirar, tadinho.
- E quem disse que eu me importo?
Sai de cima dele quando o vi fechar os olhos e o corpo relaxado. Corri de volta para o carro e encontrei Dimitri com os olhos arregalados.
- Você viu Dimitri? - pergunto olhando em seus olhos que agora estão aterrorizados.- Esqueça o que viu, não vou te machucar.
Ele confirmou com a cabeça e deitou no banco de trás. Liguei o carro dando meia volta.
***
O apartamento estava vazio, nenhum sinal de Katerine o quê é estranho.
Deito Dimitri no sofá da sala colocando uma coberta sobre ele. Sigo até meu quarto tomo um banho rápido e coloco minha roupa. Pensei que nunca mais a usaria mas cá estou eu a colocando de volta.
Calça preta com lugares específicos para guardar facas, botas de cano média, camiseta vinho com uma camada de proteção contra facadas e balas de raspão. E minha jaqueta com a costura para colocar dois revólveres, quatro pentes de balas e mais duas facas. Agora só falta pegar os equipamentos para colocar na roupa. Vou para meu closet e abro a porta dos sapatos, o scanear reconhece a palma da minha mão e dentro do guarda roupa outra parte abre revelando meu pequeno arsenal em casa. Pego e coloco a facas em seus devidos lugares, carrego os revólveres e quando ia colocá-los na jaqueta uma barulho atrás de mim me assusta fazendo com que eu mire as armas diretamente para a cabeça de uma Katerine assustada junto de Dimitri.
- Céus! - é tudo o que ela diz.

Sabe aquele momento em que sua vida vira totalmente de cabeça para baixo em um segundo? No meu caso é mais ou menos isso mas demorou cerca de três horas, é isso, em três horas a vida que eu tinha foi destruída. Ver Kate cair de joelhos no chão chorando pelo fato de eu quase ter atirado em sua cabeça foi um soco direto no meu peito. Foram oito anos escondendo toda essa merda dela, jogados fora por um movimento idiota meu. Ela não podia saber.
Na minha antiga profissão, era matar ou morrer. Uma guerra nas sombras, onde os mortos eram esquecidos e os vivos coroados, mas apenas os melhores. Porque só sobrevive quem sabe matar. Eu fugi disso no momento em que percebi: Quando você se torna um assassino, se torna um alvo. E o pior... Quem você ama se torna a isca.
Eu amo Katerine por isso ela é meu ponto mais fraco, se algo acontecer com essa menina tudo o que me mantinha em pé desmontaria e eu seria levada a insanidade.

Consequências de um enganoOnde histórias criam vida. Descubra agora