Capítulo 3

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Abro minha boca e faço uma tentativa bem ridícula de falar algo. Eu quero perguntar quem é ele e onde estou, porem minha garganta e minha boca estão secas, o jovem ruivo nota, vai até a cozinha e volta com um copo de água.

– Beba devagar – alerta ele me ajudando a me sentar e colocando o copo em minha boca, e eu bebo e bebo e no final só consigo dizer:

– Mais, por favor.

Ele vai até a cozinha e volta com uma jarra com água, despeja no copo e coloca em minha boca novamente, dessa vez bebo mais devagar e aproveito pra olhar melhor esse jovem que me ajuda.

Seus olhos expressivos em algum tom de verde, que não consigo decifrar ainda por conta da pouca luz, demonstram preocupação, seu queixo é forte, mas as maçãs do rosto parecem finas demais, ele deve ter um pouco mais de 1,65 de altura e é tão magro que penso que deve estar doente. Após terminar de me dar água e certificar que estou satisfeita e bem, ele vai até o interruptor e ascende a luz.

– Honestamente, não sei como está viva – diz ele se sentando na cadeira próxima a cama que estou.

– Desculpe não me apresentei – ele continua ao perceber meu olhar cauteloso sobre ele – meu nome é Arthur – o silêncio que se estende é desconfortável – e o seu nome é? – pergunta ele quebrando o momento estranho.

Penso se seria uma boa dar meu nome a um estranho, o que é bizarro considerando que esse estranho salvou minha vida, em minha defesa esse mundo quase medieval em que vivia no castelo das rosas me deixou assim.

– Meu nome é Emily – digo decidindo por fim que seria o melhor a ser feito.

– Sem problema – fala Arthur – você passou por muita coisa, quase morreu – ele me examina com aqueles olhos que agora sei que são de um verde bem escuro.

Seu olhar sobe e desse pelo meu corpo, leva tanto tempo que começo a me sentir desconfortável, mas acho que por fim ele fica satisfeito com o que vê.

– Bom – prossegue ele tirando algo do bolso de sua calça larga na cor de um bege claro, que combina bem com a camisa branca, percebo que agora ele está com um celular na mão – há alguém que você gostaria que eu ligasse?

Droga, com o avanço da tecnologia, ninguém mais grava numero de celular de cabeça, e eu havia deixado o meu celular no castelo antes de sair, achei que ele poderia ser destruído em uma guerra, o que na verdade nem aconteceu, já que eu só fiz um acordo pra salvar todo mundo e pulei de um penhasco.

– Na verdade, até teria, porem eu não sei nenhum numero de cabeça, e perdi meu celular – respondo.

– Então, você quer que eu te leve para algum lugar? – questiona Arthur.

– Imagina, não quero dar mais trabalho do que já dei, só preciso recuperar minhas forças e logo partirei – digo a ele.

– Não deu trabalho algum, e por mais que você não tenha ido para o hospital, contratéi uma enfermeira de minha confiança para cuidar de você – diz ele

– E onde ela está? Gostaria de agradecê-la – procuro até onde meus olhos poderiam alcançar, mas não vejo nenhuma pessoa na casa, além de nós dois, claro.

– Ela precisou se ausentar hoje, é aniversario do filho dela, por isso quando acordou, estava em meus cuidados – explica ele – agora, você deveria repousar.

– Acho que já repousei demais, não? – questiono

– O que quer dizer com isso? – retruca Arthur

– Sei que fez muito por mim e agradeço por isso, mas gostaria de pedir mais uma coisa – digo a ele.

– E o que seria? – pergunta ele com um semblante de desconfiança.

Emily - Depois das ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora