Capítulo 4

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Começamos nossa procura pelos lugares mais próximos, mas era difícil, Arthur não viu de qual penhasco eu havia caído, e o castelo continha proteções que afastava quem quisesse se aproximar, e pra piorar, a sensação de estar sendo seguida havia retornado.

Minhas emoções estavam a flor da pele, eu queria muito voltar para o lugar que havia se tornado meu lar, voltar para meu pai, que deveria estar sofrendo muito, afinal perder a mulher e em pouco tempo perder a filha também... Deve estar realmente sendo muito difícil para ele.

Quero voltar para Max e tentar consertar as coisas, quando cai não pude me despedir, e além do luto ele deve estar com muito ódio de mim, ele merece mais de mim, eu ainda sinto que devo muito a ele, não estaria viva sem sua ajuda, e não superaria tantas coisas sem seu amor.

Preciso organizar as coisas com Dereck também, não sei dizer mais o que somos, mas sei que não sinto somente um sentimento de amizade, eu me sinto atraída e impelida a ele, e às vezes acho que estou apaixonada, mas não tive tempo o suficiente ao seu lado para entender meus sentimentos, e de verdade? Agora gostaria de ir devagar.

Acho que a experiência de quase morte e ter conhecido Ruach me fez querer viver, não apenas sobreviver, mas viver, com calma entendendo as coisas ao meu redor, eu não quero mais lidar com as coisas como se estivesse correndo contra o tempo, e quando tudo acabar quero dizer que vivi ao máximo e feliz.

E além de tudo isso preciso mesmo ver minhas amigas, acho que é verdade o que dizem, um amigo na adversidade se torna um irmão, e elas se tornaram isso para mim, não sou ingênua, sei que não as conheço há tanto tempo, mas elas ficaram ao meu lado, me apoiaram, e discordaram de mim quando foi preciso, e eu daria a vida para protegê-las, eu quase dei minha vida por todos eles, então... Meu corpo falha novamente e Arthur me segura pelo cotovelo antes que eu caia de cara no chão.

Infelizmente nem tudo são flores, e por mais que eu tenha me recuperado extremamente rápido, mais rápido do que um ser humano se recuperaria, quando me canso meu corpo falha, minhas pernas simplesmente não obedecem ao comando do meu cérebro, isso já me fez cair tantas vezes em nossa caminhada, que Arthur já aprendeu a reconhecer os sinais e me segurar antes que meu rosto bata no chão.

Com o tempo que passamos enfiados em matas próximas a região Arthur e eu acabamos nos tornando colegas, afinal é difícil você passar tanto tempo comendo, dormindo, se banhando e fazendo necessidades básicas próxima a uma pessoa e não se tornar nem mesmo colegas, eca isso soou errado até mesmo em minha mente, não, eu nunca me banhei ou fiz xixi na frente dele, mas ele estava sempre próximo, e com isso pegamos certa intimidade.

A cada dia que o sol nascia e se punha eu me desesperava um pouco mais, após tanto tempo apagada eles poderiam ter mudado o castelo para outra região, e para piorar tenho um forte pressentimento de que me esqueci de algo muito importante, e enquanto eu e meu novo colega arrumávamos nossos lugares próximos a uma inacreditável FOGUEIRA, isso mesmo uma fogueira, como os incas e os maias faziam, ele disse que eu precisava ter toda a real experiência de acampar, eu respondi com um revirar de olhos, depois disso resolvi perguntar:

– Sabe Arthur, se você por um acaso esquecesse de algo, mas sentisse que precisasse lembrar o que faria?

Ele me olha com uma cara estranha, como se talvez uma segunda cabeça estivesse brotando nos meus ombros, eu não o culpo, com o passar dos dias ele tem notado quão desesperada estou, consigo perceber sua preocupação comigo, o que acho fofo até, e agora eu apareço com uma pergunta aleatória, ele deve estar pensando que fiquei louca, e talvez eu tenha ficado mesmo, afinal se eu esqueci de algo não faz sentido eu lembrar que esqueci, ou faz? É talvez eu tenha realmente perdido o juízo, depois de tanto silencio, quando acho que ele não vai responder ele finalmente diz:

Emily - Depois das ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora