Parte 5

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Acabou que minutos depois ele também largou seus pertences e peças na areia e também entrou na água. Para a minha surpresa, ele chegou perto de mim e sussurrou algo no meu ouvido que me fez arrepiar um pouco.

— Você fica muito gostosa nesse maiô. — Ele estava atrás de mim e na hora que ia falar algo, uma onda nos arrastou para a beira.

O riso veio de imediato e estávamos, os dois, rolando na areia como duas crianças após ouvir a melhor piada de suas curtas vidas. Parecia um momento verdadeiro, algo menos frio no meu dia a dia.

Paramos após alguns minutos por não aguentar mais, e então, um silêncio solene atravessou às paredes dos meus ouvidos. De fato, eu não tinha algo a falar, mas também não queria ficar em silêncio.

— Sinto informar, mas transar na areia ou dentro do mar não está incluso no meu caderninho de notas. — Comentei em tom de brincadeira.

— Você tem um caderno de notas para possíveis locais que quer transar? – Ele me encarou, incrédulo.

— Tenho, oras, nunca se sabe! — Não aguentei e voltei a rir.

Ele me olhou sério, mas logo se deixou levar pelo momento descontraído.

— Mas você realmente fica perfeita nesse maiô. — Direcionei minha atenção aos olhos dele.

— Se você me beijar agora, podemos alimentar meu caderninho.

O caderno foi alimentado, mas minha alma continuava vazia, tão seca quanto meus cabelos após um dia de praia. Aquilo acabou tão rápido, por sorte preferimos voltar para onde nossos familiares estavam.

Eu não sabia como agir, por um segundo pensei que me sentiria diferente, de uma forma boa, depois do que fizemos, mas não, eu me sentia estranha.

Ele me olhava de canto disfarçadamente em alguns momentos, mas não conseguia encara-lo por um segundo sequer. Busquei a distração e rapidamente a consegui, pelo menos o dia não estava perdido em sua totalidade.

Almoçamos, tomamos banho no mar, na piscina e no período da tarde, fomos embora. Todos estávamos cansados, então não seria bom pregar a estrada à noite.

Fiquei olhando pela janela e vendo aquela mistura de dunas de areia com luzes da civilização. Era estranhamente prazeroso estar imersa naquele meio. Soltei um suspiro leve, não sabia que por cansaço ou culpa.

Ter transado com ele não se tratava de um erro, mas não me fez sentir melhor ou feliz. Foi satisfatório no momento, mas quando acabamos, foi como se eu estivesse voltando de um transe e caindo de cabeça na realidade.

— Você gostou do dia, querida? — Tinha tia perguntou, aparentemente feliz.

— Sim, foi ótimo! — Respondi, buscando não parecer tão desanimada.

— Sebastian falou que têm bicicletas na garagem e caso queira, pode pegar e pedalar até à praia ou até dentro da própria fazenda.

— Sério? Não teria problema pra vocês? — Perguntei, incrivelmente empolgada.

— Não, na verdade parece uma boa ideia para espairecer um pouco.

— Então farei isso amanhã de manhã.

— Ele avisou que seria bom ir cedinho da manhã.

— Vou colocar um despertador.

— Tudo bem, querida.

Aquela parecia uma ótima ideia e eu não queria desperdiçar. Escorei minha cabeça no vidro da janela e busquei por controle emocional.

Chegamos na fazenda já com à lua esparramada pelo céu. Peguei minha bolsa e fui para o meu quarto, estava cansada e talvez eu só tomasse um banho e ficasse na cama até dormir.

Meu cabelo estava coberto por areia, então demorei mais que o esperado no banheiro. Meus dedos estavam enrugados devido ao longo período dentro da água e meus olhos estavam vermelhos pelo longo contato com a água salgada.

Sorri de canto e peguei o celular, postei algumas fotos e sentei para responder algumas mensagens. Recebi muitos comentários nas postagens, mas logo esqueci às redes sociais e coloquei uma série para assistir.

Após dois episódios eu já estava com o olho pensando, então resolvi colocar o celular para carregar e ir dormir, pois planejava acordar cedo para ir pedalar.

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