Parte 9

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O restaurante era prefeito, chegamos quando o movimento estava bem grande, mas achamos uma mesa vaga. Olhei de canto para o lugar e achei todos os mínimos detalhes incríveis.

Dava a impressão de ser um local mais caro, todavia, era simples e aconchegante, do jeito que eu gostava.

— Há tempos eu não saia para um restaurante.

— Sério?

— Sim, acho que acabo me entregando ao cansaço e nunca faço nada legal.

— Eu adoraria te levar pra sair mais vezes, mas pelo visto não teremos tantas oportunidades assim.

— Sobre isso, eu não sei como perguntar.  — Tentei buscar boas palavras.

— Sobre como vamos ficar depois que você for embora?

— Sim, basicamente isso. — Pigarriei — É que eu nunca tive nada tão intenso com alguém, mas não sei se isso é comum para você e ainda pelo fato de morar em outro estado...

— Acredite, eu estou tão confuso quanto você por esse sentimento repentino e tão intenso. Acho que não é todo dia que nos apaixonamos por alguém que não conhecermos e de forma tão rápida. Queria que não fosse tão difícil em relação à distância.

— Então você também está meio confuso sobre esse sentimento?

— Não estou confuso, eu realmente estou apaixonado por você, por cada detalhe seu. Mas confesso que sobre a rapidez que tudo aconteceu, foi fora do comum.

— Sim, realmente foi.

— Mas em relação à sua pergunta, não, eu não quero que você seja só um caso pra mim. Porque não foi ou está sendo só isso, não pra mim.

— Eu estou gostando muito de estar com você, tudo em você é maravilhoso, seu jeito atencioso, sua fala tranquila, você me deixa em paz e feliz, como nunca me senti antes.

— Se você me permitir, adoraria ocupar um espaço no seu coração e prometo me esforçar pra vir te ver ao menos uma vez no mês.

— Isso não seria caro para você?

— O dinheiro não importa, eu quero que isso que há entre nós não acabe, nunca.

— Então eu estarei te esperando.

Sorrimos um para o outro, era uma coisa tão bonita de se viver e eu nunca tinha sentido tantas borboletas no estômago ao mesmo tempo.

Pedimos nossa comida, tomamos alguns drinks e conversamos ainda mais, até chegar o momento de voltar para casa.

— Que tal um sorvetinho?

— Cairia muito bem.

— Vem, conheço um lugar super legal.

O segui pela esquina, após já termos saído do restaurante. O centro da cidade não era tão grande, então não havia a necessidade de usar o carro.

Entramos em um pequeno estabelecimento colorido com o típico cheirinho de baunilha. Escolhemos nossos sabores de sorvete e trocamos alguns pequenos selares enquanto isso.

— Quero te levar a um lugar legal à noite, então seria uma boa voltarmos para casa e descansar um pouco.

— Que lugar legal?

— Não é bem um lugar, mas você vai gostar.

— Então é uma surpresa?

— Sim, é uma surpresa. — Ele me beijou, um beijo mais intenso, mas logo nos separamos e seguimos até o seu carro para voltar para casa.

Meus amigos ficaram preocupados com meu sumiço repentino, mas avisei que estava tudo bem e que voltaria pela manhã, no horário da viagem.

Confesso que aquilo nunca doeu tanto em mim, mas o destino não poderia ser tão bonzinho de uma vez.

Quando chegamos, ele me convidou para deitar com ele na varanda, e assim passamos nossa tarde, cercada de carícias e trocas de afeto.

Era tão bom estar com ele, eu me sentia tão amada e desejada. Com ele eu não precisava me esforçar para nada, tudo acontecia de forma natural.

Sai daquela bolha de afeto quando meu telefone tocou. Pedi licença e sai da rede, indo em direção a parte a um sofá que havia ali. O número era da minha amiga, estranhei o ato, mas atendi.

Sua voz apresentava indícios de choro e logo entendi toda a situação. O irmão da mesma havia tido uma crise alérgica muito forte e estava no hospital e ela comunicou que iríamos viajar naquele mesmo instante.

Fiquei em choque com toda a situação, mas não iria questionar a decisão, a final, se fosse alguém da minha família eu também iria querer voltar às pressas. Desliguei e avisei que já estava indo.

Não passavam das quatro da tarde, mas talvez chegássemos em casa já à noite. Só depois que tirei o celular do ouvido notei o olhar apreensivo do Enzo.

— O que aconteceu? — O mesmo levantou e veio em minha direção.

— O irmão da minha amiga está no hospital e por isso vamos ter que viajar agora. — Vi sua expressão mudar e aquilo me quebrou um pouco.

— Mas... — Suas palavras não saíram, então resolvi falar.

— Infelizmente não poderemos ir para o local surpresa ou dormir juntos novamente. — Ele baixou a cabeça, buscando alguma solução.

— Eu posso levar você depois, não tem problema.

— Acho melhor não, infelizmente terei de ir.

— Eu não consigo entender, tudo estava indo tão bem. — Ele se afastou, entorpecido.

— Olha, tá tudo bem, nos veremos novamente. — Me aproximei novamente e dei-lhe um leve selar até entrar e seguir até o quarto do mesmo para pegar minhas coisas.

O vi me seguir e ficar escorado na porta, apenas observando a situação caótica.

— Eu sinto muito, isso também não fazia parte dos meus planos. — Falei enquanto colocava tudo na minha bolsa.

— Eu queria ter tido mais tempo com você.

— Esse tempo que tivemos juntos foi muito bom, Enzo. Mas uma hora ou outra teríamos que voltar para nossas realidades distintas.

— Sim, mas eu esperava que demorasse ao menos mais algumas horas.

— Eu também, acredite. — Olhei em seus olhos e o chamei — Vem aqui, deixa eu te beijar mais uma vez antes de ir.

Ele veio e recebi o melhor beijo da minha vida, porém, ele era uma mistura de paixão com saudades e aquilo me quebrou um pouco.

— Sentirei falta de você, N! — Ele falou, me ajudando com a bolsa e já me seguindo até a outra casa.

— Eu também sentirei falta de você, Enzo.

Quando chegamos, todos já estavam saindo com suas malas e tratei de subir e pegar a minha também. Enzo me seguiu e ajudou.

Na hora de entrar no carro do nosso amigo, abracei o mesmo uma última vez e o vi sorrir fraco quando o veículo se distanciou.

E sim, aquela foi a última vez que o vi ou falei com ele. Não imagino como seria se tivéssemos continuado com aquilo, mas tenho certeza que foi muito bom o que tivemos naquele curto e intenso fim se semana.



















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