Se mostre e eu descubro se eu gosto

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O tempo passou desde o rompimento com Lucas, mas as lembranças dolorosas ainda assombravam meus pensamentos. A cada dia, tentava reconstruir minha vida e superar a desilusão causada pelas inúmeras traições que descobri.

Trabalhava duro para me manter ocupada e distraída, mas a dor no peito persistia. Meus amigos tentaram me animar, mas a ferida ainda estava fresca. Eu me perguntava o que havia dado errado, como o amor que sentíamos um pelo outro se transformara em desconfiança e mágoa.

Lucas continuava a fazer sucesso em suas apresentações e aventuras passageiras com outras mulheres, e não demonstrava se importar. Eu não queria saber desses detalhes, mas era impossível não ficar sabendo. A cada boato ou foto que aparecia nas redes sociais, sentia um nó na garganta. E isso fazia com que eu evitasse frequentar os lugares que já estava acostumada.

Certo dia, ao sair do trabalho, peguei uma rota alternativa e me vi passando pelo Bar da Rô, Os funcionários estavam arrumando o palco externo para mais uma apresentação noturna que aconteceria em poucas horas, local onde havíamos compartilhado tantos momentos felizes. Fiquei imóvel por um instante, olhando para o lugar que agora só traz lembranças dolorosas de um relacionamento fracassado.

Foi então que, sem esperar, ouvi sua voz atrás de mim, como um eco do passado assombrando meu presente.

— Stela? — Ele parecia surpreso por me encontrar ali, logo sua expressão se transformou em um olhar de arrependimento enquanto me virava para encará-lo.

— Stela... — Sua voz sussurrou meu nome novamente, agora com a voz saiu trêmula.

Engoli em seco, quando ele deu alguns passos se aproximando de mim, tentava conter a emoção que ameaçava transbordar. Eu queria ser forte, não queria ceder à vulnerabilidade que ele causava em mim.

— O que você está fazendo aqui? — respondi, recuando, tentando manter uma distância segura entre nós.

— Estou vindo para passar o som antes da apresentação. — Não deu o próximo passo depois que me afastei, respeitando minha decisão. — Gostaria de falar com você, tentei ligar, enviei mensagens. — Ele esticou o braço me estendendo a mão, mas parou o movimento, se lembrando que não éramos mais um casal e a levando para o cabelo, tentando disfarçar. — Sinto muito por tudo o que aconteceu, por todas as... — Ele fez uma breve pausa, pensando que talvez citar "traições" não seria de bom-tom.

— Fui um idiota, não percebi o que estava perdendo até te ver partir. — Sua voz era carregada de remorso, desviou os olhos quando percebeu ser o único falando.

Entrelacei os dedos, raciocinando como responderia.

— Você teve tantas chances de ser honesto comigo. Mas todas elas foram desperdiçadas... — meus olhos marejaram, mas eu me recusava a chorar. — As cicatrizes que você deixou não podem ser apagadas. — Falei olhando para seu pingente.

Lucas tentou novamente se aproximar, mas eu me afastei novamente, sentindo a necessidade de me proteger.

— Sei que errei feio, Stela, e nada que eu diga pode mudar o passado. Mas quero que saiba que eu te amo. — Abriu os braços em sinal de rendição.

— Amar não é suficiente. É preciso respeito, confiança, lealdade. Você quebrou tudo isso. — respondi, com a voz trêmula e embargada. — Você não faz ideia do quanto me doeu descobrir suas traições. — Confessei, sentindo o peso da decepção.

Expirou o ar que parecia preso em seu peito, suas palavras saíram carregadas de emoção como se estivesse cantando uma de suas composições.

— Eu não posso desfazer o passado, mas posso mudar o futuro. Quero consertar as coisas, provar que posso ser diferente, que posso ser o homem que você merece.

Nem Todo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora