Mas pare e perceba como o seu dia a dia mudou

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Estava a caminho de casa, rindo com Joel da tentativa patética de algumas meninas da nossa sala de tentar conquistá-lo. As ruas pelas quais passávamos eram pouco movimentadas naquele horário, e eu aproveitava de sua companhia para usá-lo de modelo, tirando fotos em painéis, jardins, ou até mesmo aquelas bem espontâneas fazendo caretas, quando meu celular vibrou, interrompendo momentaneamente uma captura perfeita, recebendo uma notificação de chat no Facebook.

"Sério?" — Pensei enquanto arrastava a notificação para cima e focava novamente a câmera em Joel, que imitava a pose do O Pensador de Auguste Rodin no banquinho da praça.

Outra notificação do chat interrompeu novamente a foto, me tirando a paciência, revirei a bola dos olhos e resolvi abrir a conversa com o destruidor de memórias, que quase me fez ter um ataque de raiva.

O nome "Lukas Bragança" era visível no canto superior da tela e o balãozinho cinza contra o fundo azulado trazia as seguintes mensagens:

"Oi, gatinha! td bem?"

"Se é muito linda, sabia? (:"

— Aff, Jojo! — Exclamei para Joel, fazendo sinal para ele vir até mim. — Um Zé interrompeu nossa sessão de fotos para me passar uma cantada. Estiquei o celular em sua direção para que desse uma olhada. Pegou o aparelho e acessou o perfil, lendo em meio a risadas a bio do tal "Lukas".

— "Vivendo pela música." — Exclamou em voz alta. — "17 anos, Keep Calm and Rock'n Roll", fofo, mas brega, né?

— Acesse as fotos! Também estou curiosa. - Demos um pulo, quando a garota de cabelos coloridos falou parando ao nosso lado e entrando na conversa. Ingrid havia estudado com a gente no ano passado, mas mudou de escola quando conseguiu bolsa em um colégio técnico.

Começamos então a Stalkea-lo, o perfil era abarrotado de postagens citando músicas, bandas de rock nacional e internacional, algumas das quais eu nem nunca tinha ouvido falar, fotos foram deslizadas de um lado para o outro, enquanto comentários sobre sua aparência eram proferidos, "Até que ele é bonitinho", "Um boyzinho bem alternativo", "Ele tem um tipo de vibe, sei lá", Joel acessou então a pasta "Fotos de perfil" e em uma delas, vimos um grupo de garotos com instrumentos musicais fazendo pose em uma garagem meio bagunçada, em outra, ele estava de perfil abraçado com um gatinho siamês, deslizou mais algumas imagens, então peguei o celular de volta de sua mão.

— Já chega pessoal! — falei olhando para a foto na tela que havia recebido uma curtida sem querer com o movimento, onde focava bem de perto um de seus olhos, negros e brilhantes, com a melhor qualidade possível. Já tinha visto muitos olhos escuros, mas não tão negros quanto os dele.

Meu coração deu um salto quando outra notificação apitou na tela.

"Gostou da foto?"

Foi a partir daí, que minha vida se tornou o completo caos, regada a desespero e ansiedade, me corroendo ao entrar em um campo totalmente novo.

Começamos então a nos conhecer, trocando mensagens por dias, desde manhã, até altas horas da noite.

3 meses depois...

Lucas era do tipo que pegava todas as garotas que dessem mole, sempre postando foto com alguma diferente, e aquilo me deixava um pouco insegura. Ele não perdia nenhuma oportunidade. Realmente não sei o que me fez ficar completamente obcecada por ele, se era seu charme, quando mandava alguma letra de música pela DM, o grave de sua voz quando me mandava áudio, a forma com o qual dedilhava a guitarra, ou o jeito que segurou minha cintura e deslizou gentilmente sua mão até minhas costelas para me trazer para perto quando nos vimos pela primeira vez. Tivemos nosso primeiro encontro em um show cover do Metallica no qual ele tocaria com sua banda. Se existisse uma forma de mudarmos o futuro, esse teria sido o momento ideal.

Nem Todo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora