Se coisa ruim faz a gente crescer

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Um ano se passou desde que reatamos. Nosso relacionamento andava muito bem. Lucas parecia ter realmente mudado, Ele passava os dias ensaiando com a banda enquanto eu trabalhava na Coffee, sempre sincronizando seus horários comigo e revezando os finais de semana ou em seu apartamento, ou no meu.

Preparava alguns chocolates quentes quando senti a vibração no bolso do avental, conferi brevemente a tela do aparelho e entreguei os pedidos o mais rápido possível para poder ler a mensagem. O remetente era a boate "Lemon Demon" querendo um freelancer de fotografia para a noite, e gostariam de saber se eu estava disponível. Ainda não recebia tantas propostas, mesmo já tendo feito alguns cursos profissionalizantes na área. Pegar alguns trabalhos, mesmo que pequenos, após meu expediente ou aos finais de semana ajudava a pagar as contas. Então Lógico que aceitei a oportunidade. Assim que o relógio marcou 18h, a Skin Stela fotógrafa foi ativada. Passei no meu apartamento para me arrumar e pegar os equipamentos necessários.

Escolhi um vestido preto, o que não era novidade, já que o preto sempre foi minha cor favorita e ainda ajudava a me manter neutra no ambiente. Ele era de um tecido leve e fluido, perfeito para a ocasião, tinha alças finas e um decote quadrado discreto, realçando minha feminilidade de forma sutil e elegante, sua cintura era levemente marcada, e me deixava com uma silhueta delicada e um tanto charmosa, o comprimento ia até um pouco acima dos joelhos, permitindo que eu me movimentasse com facilidade durante o trabalho, diferente dos modelos que eu usava quando saia com Lucas, estes eram mais sexy e colados. Nos pés, optei por um coturno militar, combinando conforto e estilo. Também escolhi alguns acessórios delicados, como um colar de pérolas e brincos pequenos. Meu cabelo estava solto, com ondas suaves, e minha maquiagem era leve, realçando meus traços naturais. Com esse look atemporal, me senti pronta para capturar os melhores momentos da festa. Escrevi uma mensagem para Lucas um pouco antes de sair, meu erro foi apenas não conferir se ela tinha realmente sido enviada.

A noite estava agitada na boate, eu tentava aproveitar ao máximo o momento, fotografando cenas a serem divulgadas pelo estabelecimento. Porém, algo dentro de mim estava inquieto, e por mais que tentasse não conseguia espantar a pulga atrás da orelha.

Enquanto caminhava pelo salão lotado, me dirigi até próximo ao palco, me espremendo entre as pessoas para tentar pegar um bom ângulo da atração principal que seria revelada. Me posicionei bem ao centro, desviando de alguns braços pelo caminho, ajustando a câmera para que ela enquadrasse perfeitamente o ambiente e as pessoas. A melodia da guitarra conhecida ecoou enquanto a cortina de veludo negro improvisado se abria revelando a VórtexNox. Lucas apareceu no palco tocando com sua banda. Ele não me disse que se apresentaria essa noite. Junto a eles, esperando no canto, um pouco encoberto pelo tecido da cortina, uma garota atraente, com uma roupa colada, chamou minha atenção. Minha cabeça pipocou pensando ser uma dentre as várias garotas que um dos meninos convidavam para assistir à apresentação de perto, não consegui evitar me aproximando um pouco, e capturar mais algumas imagens, com curiosidade de observar mais de perto, e descobrir qual deles ela estava acompanhando. Escondida nas sombras, testemunhei a cena desenrolar diante de mim. Observei o sorriso de Lucas ao olhar para a garota, aquele mesmo sorriso cafajeste que me lançava quando era eu quem estava ali, era evidente, ela não era a garota do E.J, Gustavo ou Ramon. Era a garota de Lucas. E, para minha indignação, o que vi em seguida me esfaqueou como Ghostface faz com Casey em Pânico. Ele a puxou para o palco, agarrando-a, e logo em seguida, o beijo, bem na frente de toda a plateia, surpreendendo a todos, até mesmo seus colegas que olharam atônitos um para outro.

Uma mistura de choque e dor tomou conta de mim, meu queixo caiu, não sabia se estava sentindo raiva, fúria, ódio ou frustração. As lágrimas involuntárias começaram a se acumular em meus olhos, mas respirei fundo, reprimindo o desejo de estripá-lo, eu iria matá-lo, mas não nesse momento, o show poderia ser dele, mas eu? Eu seria a atração principal da sua noite. Enquanto a banda finalizava a apresentação, peguei a rota conhecida para camarim, que me permitiria fácil acesso ao palco, escondida por entre as sombras, aproximei-me o máximo que pude, tomando cuidado para não ser vista por nenhum deles, Mirei a lente da câmera para o homem de cabelos negros, capturando tudo o que podia, a proximidade me permitiu ouvir suas palavras.

Nem Todo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora