Quando Son e Vanessa chegaram em casa naquela madrugada de sexta eles realmente cumpriram a proposta quente da loira e tudo ocorreu muito bem.Porém, seis meses depois do vergonhoso episódio na festa de posse, o resultado do escândalo e do desemprego de Son havia finalmente batido na porta do casal.
— Um, dois, dois e cinquenta, dois e setenta e cinco... três reais — Son finalizou as contas das moedas que tinha na carteira. Olhou com uma cara de poucos amigos para Edmilson, que já estava há quase meia hora tentando tirar algo do bolso. — Você quer parar de ficar fingindo que tá tirando alguma coisa desse bolso e me dá logo esse dinheiro, Edmilson?!
— Calma, doutor, é que tá difícil de tirar aqui — o motorista mentiu. Na verdade estava com dó de dar suas suas moedas para ajudar na vaquinha.
Quando finalmente Edmilson retirou algo do bolso, uma cédula de dois reais e duas moedas de um real apareceram em suas mãos.
— Eu só tenho quatro reais, doutor — disse, desanimado.
— Meu Deus, que pobreza... — Son lamentou.
— Eu tenho mais dois reais — disse Raquel, a moça que trabalhava para Son. — Mas acho que vamos ter que devolver a mortadela porque na padaria só ela já é cinco reais. Caríssima.
— Não vamos devolver nada. Aquela padaria tá cansada de me devolver troco em balinha — o coreano declarou.
Ao fundo, Vanessa voltava de sua ginástica diária e adentrava a casa.
Sua feição ia se tornando cada vez mais confusa a cada passo que dava na direção dos outros.
— Mas o que é que é isso? Cadê os móveis? — perguntou, deixando a bolsa em uma pequena cadeira que havia ali perto.
— Estamos juntando dinheiro pra comprar um lanche — Son respondeu rápido, como se quisesse esconder aquilo da namorada e ignorou a segunda pergunta.
— É porque nem almoço teve hoje, dona Vanessa... — Edmilson murmurou. — Os homens da corretora cortaram os pagamentos todos e levaram alguns móveis também. Ai tivemos que liquidar boa parte dos que sobraram pra ter uma reserva de dinheiro...
Vanessa franziu o cenho.
— Pera, aí, eu lembro mesmo que ouvi no rádio que eles congelaram suas contas por causa do escândalo, Sonny, isso é verdade? — perguntou. — Eles podem fazer isso?
Son limpou a garganta, se sentindo derrotado.
— Bom, sim... e por causa disso eu não vou conseguir pagar o leasing — coçou a nuca. — Mas não se preocupe! Um advogado irá cuidar disso! Assim que eu encontrar um que aceite fiado...
Vanessa retirou algumas mechas de cabelo dos olhos e respirou fundo.
— Calma ai, você quer dizer que nem comida pra comer a gente tem mais, Son, é isso? — perguntou, descrente. — E aquele frango que tava lá no freezer?
— Eles levaram o freezer também, dona Vanessa — Raquel respondeu cabisbaixa. Amava aquele freezer.
A loira riu, nervosa.
— Não, gente, isso aqui só pode ser piada? A gente não pode tá morando numa casa desse tamanho e passando fome?!
— Não, porque daqui a pouco a gente vai passar fome fora dessa casa — Son alegou, apontando o polegar para a rua.
— É, e tá cheio de repórter lá fora — Edmilson pontuou. — Eles tavam até oferecendo mó grana pra eu tirar umas fotos do doutor daqui de dentro e— Son o deu uma cotovelada. — Ai!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Capixaba Boys (2son)
FanfictionEm uma colônia de férias em Nova Venécia, cidade do Espírito Santo, o pequeno paulistano rico e hipocondríaco Son conhece o jovem corajoso e capixaba Richarlison e, desde então, viram melhores amigos. Porém, com o fim das férias e a volta às aulas...