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DREW ALEV HYDE

- Hyde! - a voz distante ecoa de dentro de minha casa e inspiro fundo.

Era só o que me faltava. Fecho os olhos e estico o pescoço, tentando relaxar. Não iria me estressar hoje, nem que pra isso precisasse me fazer de surdo.

Era uma merda não conseguir relaxar em minha própria casa. De que adiantaria comprar um imóvel distante de tudo se os problemas ainda conseguiam chegar até mim?

A guerra e o poder sempre fizeram parte da minha vida, e pelo visto a paz não estava predestinada a mim. E por mais que eu amasse estar no controle era uma porra ter que lidar com parasitas. Governar um império ao lado de minha família era uma porra.

Era fácil entender por que os membros da família Hyde desapareciam sem deixar rastro há gerações. Se demitir não era uma opção, o que poderia ser mais prático do que simplesmente manda-los para o inferno?

Tento não dar ouvidos a voz e continuo me preparando para entrar na água gelada. Esse era o meu momento de terapia, e seja lá qual fosse o problema, podia esperar.

Mergulho fundo sentindo o silêncio preencher o espaço.

Desde pequeno a água era meu lugar favorito, era a única capaz de me apagar, de me fazer sentir. A sensação dos ossos congelando e as mil agulhas perfurando minha pele conseguia esvaziar minha mente e relaxar meus músculos, mesmo que por pouco tempo.

Era uma dor pela outra. Por alguns segundos a única coisa que meu cérebro conseguia pensar era na dor do meu corpo congelando. Estava imerso, longe o suficiente para não sentir mais nada. O cérebro desligava, e apenas o calor do meu corpo lutava para permanecer ali e me manter vivo. Era brincar com o limite.

E eu amava brincar.

A voz surge novamente, e abro os olhos debaixo d'água, perdendo o foco ao ver a figura embaçada de um homem. Sean. Claro, apenas ele e Bárbara conseguiam entrar sem serem barrados. Precisava mudar essa logística.

Emerjo da piscina, sentindo toda construção do bom humor ir por água a baixo. Era fácil me chamar de tirano quando não saiam da porra do meu pé nem por um mísero segundo.

— Não me lembro de ter te convidado para minha casa, Sean, então acho bom ter um bom motivo para estragar meu mergulho. — praguejo com a respiração curta e ofegante, observando o homem passar a mão pelo queixo, impaciente.

Podia sentir o drama no ar.

— Cala a boca e escuta. - minha mandíbula se fecha, ele tinha sorte de ser meu melhor amigo e meu braço direito. — Eros marcou uma reunião para te tirar da liderança da Hyde. — dispara impaciente. — Depois que o acusou de desviar dinheiro e o ameaçou, ele está espalhando que talvez não esteja apto mentalmente para liderar. Está te chamando de louco.

Uno as sobrancelhas e abro um sorriso largo, tinha que admitir que pelo menos seu senso de humor era bom.

— Não o acusei e muito menos o ameacei. — digo firme. — Apenas deixei claro que não pouparia esforços para acabar com quem estivesse me roubando. E pelo seu desespero, não precisei ir muito longe para descobrir. — pressiono as mãos contra a borda da piscina com força, saindo e sentindo o vento gelado atingir meu corpo.

Eu sabia que Eros estava envolvido nas irregularidades dos balancetes, era impossível o diretor financeiro não saber o que estava acontecendo em seu próprio setor. Eram pequenas falhas, mas ainda sim, perceptíveis aos meus olhos. Se ele achava que ia se dar bem, estava muito enganado.

— Ele entendeu o recado, e agora vai tentar de tudo pra se livrar das acusações, e de você. — o homem me encara. — Por isso a reunião, ele vai buscar o apoio de outros membros do conselho pra te tirar da liderança. E sabe que na primeira oportunidade eles vão apoiar Eros, só pela possibilidade de tomar seu lugar.

A CHAMA QUE NOS ATRAIOnde histórias criam vida. Descubra agora