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POV Aria

Agarro meus cabelos cansada e encaro o sedante ao lado de minha cama. Devia ter tomado mais pílulas antes de dormir. Era a única forma que eu encontrava de ter um sono tão pesado ao ponto de não sonhar e criar cenários ridículos.

Parecia piada, meu único momento de descanso tinha se tornado um inferno e eu não podia fazer nada a não ser me entupir de remédios e entrar cada vez mais num ciclo vicioso. Patético.

Há tempos não me permitia ter pensamentos intrusivos, mas, ultimamente, estava cada vez mais difícil. Os pesadelos pareciam tão reais que por alguns minutos depois de acordar questionava minha própria sanidade. Era sempre a mesma droga, eu presa numa casa com minha mãe morta, queimando junto com ela.

Todas as noites eu acordava em pânico, não era fácil sonhar ser queimada várias e várias vezes. Mas hoje, havia sido diferente, eu não havia queimado, nem acordado em pânico, também era a primeira vez que ele aparecia. O homem encapuzado.

Ainda podia sentir sua respiração em minha nuca, junto a repulsa e o medo, seus dedos em meu pescoço...

Senhor, se isso for algum tipo de premonição ou um aviso de como vou morrer pode me levar antes. Talvez os próprios remédios estivessem me fazendo piorar. Aperto meu colar de turmalina rosa. Era para você estar me protegendo de energias negativas. Encaro a pedrinha decepcionada. Ah não ser que eu fosse a energia negativa. Franzo o cenho.

A verdade era que realidade era dura demais para ser enfrentada sóbria, e por mais que tivesse passado três anos, a dor da perda estava recente. Antes fosse só os pesadelos que me atormentassem.

A morte de minha mãe era um tópico sensível ainda. Ainda estava lidando com o luto, e de uma péssima forma confesso. Terapia seria ótima ideia se eu não fosse tão dura de bolso e de cabeça. Fora que, me abrir para um completo estranho e dizer minhas fragilidades parecia errado. Aliás, me abrir para alguém me parecia errado. Então eu apenas me forçava a seguir em frente por Nick, e torcia para que ela não entendesse o que eu estava passando. Não queria despejar problemas em uma garotinha de três anos, era minha obrigação era protegê-la, até mesmo de mim.

Esfrego as mãos no rosto tentando me manter acordada, mas me arrependo assim que sinto meu rosto congelar pelas minhas mão de defunto. Em questão de dias iria nevar em Masonview, e estava me preparando psicologicamente para o inverno horripilante do canadá. Por sorte, a lareira dava conta, já que comprar um aquecedor e concilia-lo com as despesas de casa não era uma opção.

O salário que me pagavam como garçonete era pouco e mal dava para as contas e despesas de minha irmã. E ser assediada e servir bêbados não era exatamente meu sonho. Era difícil viver. Então fazia o que podia para sobreviver.

Olho para meu dedo e encaro minha aliança de noivado. Um sorriso involuntário se forma em meus lábios e não posso evitar não pensar em como minha vida mudaria daqui a três meses. A família iria aumentar. Eu, minha irmã, e Drew. Meu futuro esposo.

Eu estava feliz, Drew era um cavalheiro, e insistiu por longos dois anos para ter um relacionamento comigo, então, quando eu finalmente aceitei não demorou muito para noivarmos. Eu sabia que teria um futuro feliz ao seu lado e tentava não me sabotar estragando o que tínhamos. Ele é homem da minha vida, sei disso. Só de ouvir seu nome meu coração acelerava.

O som da campainha ecoa, puxando minha atenção para o relógio em cima da mesinha de cabeceira.

Merda. 08h15m. As encomendas para a festa de Nick.

A CHAMA QUE NOS ATRAIOnde histórias criam vida. Descubra agora