Contrato com o magnata

Capítulo 4

Com Felipe...

Felipe voltou a sua vida normal depois que atropelou Liana, ele tinha certeza de que aquele acidente iria matar as duas ou pelo menos o bebê. Ele ainda estava com a Karla, estavam muito bem, mas em um determinado momento ela começou a se cansar dele. Felipe voltou a beber, ser agressivo, chegava tarde e queria que Karla fosse igual à Liana, uma empregada e cozinheira. Mas, Karla não sabe cozinhar e nunca se interessou em aprender.

Felipe já ameaçou matá-la, Karla nunca acreditou, até que um dia ele a jogou pela janela da sala, eles moram num sobrado, Karla teve alguns ferimentos um pouco graves, ela estava no hospital há alguns dias, denunciou Felipe e nesse momento ele está preso.

Alguns meses se passaram, Ísis está com um ano, muito sapeca e esperta. Liana está cada vez mais feliz, livre, finalmente tem paz e pode viver a sua vida bem do jeito que quer. Mariana ajudava muito com Ísis, estava muito feliz por tê-las por perto, pois antes era sozinha. Ísis é a alegria da casa, comia tudo o que desse e estava cada vez mais gordinha.

Mariana ainda estava trabalhando com a idosa, como ela costuma dizer, mas um dia Liana a viu chegando pela madrugada com um vestido muito chique e sensual, ela ficou se perguntando onde Mariana estava, mas não perguntou nada.

Mais um fim de tarde, Liana chegou do trabalho, pegou sua filha na casa da vizinha e foi para casa.

Mariana: Que cara é essa?

Liana: Fui demitida

Mariana: O quê? como assim? por quê?

Liana: Agora é um novo dono, ele ficará apenas com os que estão lá há mais tempo.

Mariana: Nossa, eu sinto muito.

Liana: Procurarei outro amanhã.

Mariana: Você conseguirá, estou torcendo e vou te ajudar a distribuir currículos.

Liana: Obrigada, darei banho nela.

Mariana: Estou fazendo o jantar.

Liana: Tá bom.

Liana tomou banho com a princesa dela, fez uma pequena festa no chuveiro, Ísis ama tomar banho e sempre que sai do chuveiro ou da banheira chora muito.

Liana jantou, estava um pouco desanimada, mas pertinho da Ísis tudo ficava mais alegre.

Liana: Como está indo o trabalho?

Mariana: Um pouco cansativo, mas tá indo bem.

Liana: Entendo.

Mariana: Não se preocupe com alguma conta, posso te ajudar

Liana: Não, eu que estou responsável agora.

Mariana: Tudo bem, senhora orgulhosa.

Liana: Mari, eu estava pensando, procurarei um advogado para assinar o divórcio, acredito que Felipe ainda mora no mesmo endereço.

Mariana: Você sabe que por mim você já teria feito isso faz tempo, não é?

Liana: Eu sei, mas antes era complicado, estava com medo dele. Agora tenho de onde tirar forças.... olha para a sua filha que estava comendo e se sujando.

Mariana: Você conseguirá.

Liana: Amanhã resolverei isso.

Mariana: Tudo bem.

Elas arrumaram a cozinha, Liana limpou Ísis e elas ficaram na sala brincando um pouco com ela.

Mariana saiu às 22h como de costume, Liana ficou na sala assistindo um filme, ela estava tão pensativa. Sua vida mudou tanto, ela lembrou de quando estava casada, as humilhações que passou, os tapas que levou, às vezes que foi abusada pelo seu marido, quantas vezes ficou calada achando que a culpa era dela e acreditava que ele a amava e fosse mudar. Foi tudo em vão, anos perdidos, mas com tudo isso veio a sua alegria chamada Ísis.

No dia seguinte, Liana acordou cedo para entregar currículos, Mariana foi com ela, elas andaram o dia todo procurando lugares que estivessem contratando. Também aproveitou para dar entrada no pedido de divórcio.

Passou uma semana e ninguém ligou para Liana, ela continuou procurando emprego, mas não conseguiu.

Mariana: Liana, preciso que venha comigo a um lugar.

Liana: Onde?

Mariana: Vem.

Elas foram até o lugar onde Mariana falou, foram de ônibus, não ficava muito longe. Mariana parou de frente a um estabelecimento, estava fechado, ela criou coragem e olhou para Liana.

Mariana: Trabalho nesse lugar.

Liana: Você não trabalha para uma idosa?

Mariana: Sempre tive medo do que fosse pensar de mim, medo de que quando soubesse me deixasse sozinha por isso. É um absurdo para você o que falarei, mas vendo você assim desesperada por um emprego, eu...

Liana: Fala.

Mariana: Você já imagina, não é?

Liana: Você faz programa?

Mariana: Sim, eu trabalho nessa boate durante as madrugadas.

Liana: Meu Deus, Mariana. Como você chegou a esse ponto?

Mariana: Eu sei que para você é ridículo, mas não é assim como pensa.

Liana: Ah, não? Então como é? Você só olha para eles e pronto?

Mariana: Não, Liana. Me ouve, eu já fui sim assim como pensa, mas agora eu não sou mais, eu danço e fico apenas com um, sou exclusiva dele.

Liana: Você me trouxe aqui esperando que eu me prostitua?

Mariana: Você não precisa fazer programa, pode dançar comigo, não precisará dormir com ninguém.

Liana: Chega, não farei isso, eu não tenho essa coragem.

Mariana: Tudo bem, não fica chateada comigo, não me deixa sozinha, por favor.

Liana: Não vou te deixar sozinha, mas quero entender o porquê.

Mariana: Minha vida nunca foi fácil, minha mãe me deixou sozinha, eu era menor de idade ainda e ninguém iria empregar uma garota menor de idade. Mas na boate me aceitaram, trabalhei como faxineira, passei fome, fiquei sozinha aos 15 anos até você aparecer, eu nunca tive vida de princesa. Foi assim que comecei a trabalhar, a dona do estabelecimento me deu a oportunidade, não vou te dizer que fui feliz, mas eu tinha dinheiro para comprar comida. Com 19 anos fiz o meu primeiro programa, já fui espancada, humilhada, mas eu não faço porque gosto, faço pelo dinheiro.

Liana: Você não estava sozinha, você tinha a mim.

Mariana: Você era uma criança igual eu, você acha que os seus pais iriam me adotar?

Liana: Não vou te julgar por isso, você quem passou por isso sozinha e sabe o que sofreu. Mas eu não trabalharei nesse lugar. Continuarei morando com você, nada mudou.

Mariana: Tudo bem, eu entendo, obrigada por não ir embora. Eu te amo.

Liana: Também te amo.

Elas foram embora, tudo isso foi um choque para Liana, mas ela não queria trabalhar dessa maneira.