Capítulo 1

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Ana Cecília

São Paulo, 1 ano atrás.

- Cecília! - meu pai grita me fazendo olhar pra ele de pressa. - Sai daqui! - o homem joga ele em cima da mesa de vidro a quebrando.

Grito assustada vendo todo sangue saindo do meu pai e os cacos de vidros cravados em sua pele.

Marcos: Corre, agora! - fala com dificuldade e cospe sangue.

O homem saca sua arma e aponta pro meu pai, em seguida atirando em sua cabeça.

Cecília: Não... - falo baixo, desacreditada do que acabei de ver.

A poça de sangue fica cada vez maior, o sangue do meu pai. O mundo ficou em câmera lenta, olho em volta e vejo minha casa de cabeça pra baixo, minha mãe está caída machucada no canto da parede chorando.

Ele vem na minha direção e eu me assusto, com um movimento rápido ele me dá um soco no rosto, sinto o gosto metálico do sangue na minha boca e o sangue escorrer pelo nariz, ele da alguns chutes na minha barriga e saca a arma apontando ela pra mim.

Pietra: Não! Ela não. - disse num tom estranho.

O homem vai até minha mãe e pega ela pelos cabelos, arrastando ela pela casa e eu simplesmente não consigo fazer nada, só ficar parada, completamente em choque.

- Você vai dar um "oi" pro capeta pra mim, filha da puta. - o homem diz arrastando a minha mãe pela casa. Logo eles somem do meu campo de visão.

Me encolho na parede e fico chorando sem parar por 30 minutos. Quando sai do meu transe, estava tudo silêncio. Minha ficha caiu, eles levaram a minha mãe, e eu não fiz nada! Não consegui fazer nada... Meu pai está morto, na minha frente, e eu não fiz nada...

Me rastejo até o meu pai, que estava com uma bala no meio da testa e os olhos abertos. Coloco minhas mãos trêmulas em seus olhos os fechando e abraço seu corpo sem vida, e solto um grito angustiante e continuo chorando até escutar sirenes se aproximando.

Isso nunca deveria ter acontecido, que porra de condomínio é esse, não é a porra do Alphaville, a segurança aqui não é ótima? Isso é uma piada.

Dias atuais.

Termino de fechar minha última mala. Depois de um ano aqui, vou embora dessa casa que todo lugar vejo aquele maldito dia, que desde em tão, nunca mais vi minha mãe, enterrei meu pai, e vivo nessa casa enorme sozinha, só com os funcionários.

Eu recebi toda a herança do meu pai, já que sou filha única. Uma burocracia, tendo que passar horas depondo e tendo audiências com o juíz pra liberar a herança, já que fui considerada suspeita.

Minha mãe de acordo com os meses se passaram, foi dada como morta.

Mas eu sinto que ela não está morta. Eu sei.

Embora tudo isso tenha acontecido, minha vida não podia parar, comecei a trabalhar pra distrair minha cabeça, posso ter recebido uma herança bem gorda, mas se eu só ficasse enfiada aqui nessa casa eu ia ficar louca. Eu tenho amigas que sempre me chamam pra sair, as vezes eu até saio, mas tava mesmo com saudade de uma pessoa.

E é pra ela que eu tô indo, estou me mudando pro Rio de Janeiro, quero aprontar várias com a minha melhor amiga de infância, a Gabriella.

A Gabi se mudou pro rio tem uns três anos, ela conheceu um carinha do Complexo no Alemão e foi morar com ele, ela sempre foi louca, pra ela sempre foi 8 ou 80. Eu falei que não era uma boa ideia, mas quem disse que ela me escutou? Foi morar com ele.

Um ano depois ela me disse que não deu certo, que aconteceu umas coisas, mas não me contou exatamente o que foi. Ela nunca mais quis voltar pra São Paulo, ela disse que ficou fascinada pelo Rio de Janeiro e que ia se reerguer lá mesmo, e graças a deus ela conseguiu, ela trabalha e ganha muito bem, continua morando lá no alemão, segundo ela é muito bom. Mas enfim, estou indo gerar com a minha melhor.

O rio vai ficar pequeno pra gente.

DomOnde histórias criam vida. Descubra agora