brennuz

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sem conexão com a realidade.
contém: palavras de baixo calão,
preliminar sexual;
não foi pedido.

×××

Luiza

Dobrei a barra do tecido e a passei na máquina pra costurar, mais alguns toques e essa peça estaria pronta. Uma calça jeans velha que eu decidi customizar com o tecido estampado de uma camiseta e que finalmente estava ganhando vida exatamente da forma como imaginei que ficaria.

Costurar era uma verdadeira válvula de escape pra mim, a moda em si sempre me encantou e depois que aprendei a costurar me apaixonei mais ainda. Esse era um dos motivos para eu estar acordada customizando uma calça em plena 01h da manhã.

── EU TE AMO, LUIZA! ── o grito do Breno saiu do alto-falante do meu celular e ecoou pelo pequeno quartinho do meu ateliê.

Esse era o outro motivo. Breno estava numa live do Aldeia Cast e eu não deixaria de assistir meu irmão. Breno participava das batalhas de rima há muito tempo já, esse menino respirava música e vivia o hip-hop verdadeiramente. Eu nunca me cansei de dizer o quanto ele tem talento e ver ele crescer da forma que está crescendo me deixa feliz pra caralho, se tem alguém que merece isso, é ele.

Ouvir sua voz me fez tirar um pouco da concentração que dei a calça que estava fazendo e focar mais no podcast. Ao que parecia alguém tinha citado meu nome lá. Eu não sou famosa nem muito reconhecida, mas por estar sempre com Breno, já conhecia grande parte da cena das batalha.

Breno já estava bêbado, afinal, estavam ao vivo desde às 21h e bebendo desde então, a isso se deve seu grito de declaração à mim.

── Tem um cara aqui louco pra conhecer melhor a Luiza e quer sua ajuda em Brennuz... ── vi o momento em que o Bob disse isso em provocação a alguém que estava atrás da câmera, e pude ouvir até alguém xingá-lo enquanto todos riam por ele ter revelado um "segredo".

Franzi o cenho me perguntando quem poderia ser.

── Ajuda o caralho, Luiza não tá disponível. ── vi o Breno falar um pouco mais sério e franzi ainda mais o cenho, ele normalmente zoaria o cara ofendendo até a sua quinta geração e o faria desistir de olhar pra mim.

Desde os meus 13 anos foi assim, desde que conheci o Breno. Os homens que eu já fiquei todos foram guerreiros por aguentar meu melhor amigo em seu encalço. Depois de um tempo as provocações até diminuíam e ele se tornava amigo do meu ficante/namorado, mas antes disso ele agia como um verdadeiro irmão mais velho super protetor. O que foi bom, de certa forma, eu cresci sem um pai e qualquer outra figura masculina que representasse algum tipo de proteção.

── Breninho é ciumento parça, toma cuidado rapazeada. ── Jota falou logo depois com um sorriso provocador estampado no rosto.

── Eu não vou criar concorrência pra mim, irmão. ── ele falou fora do microfone olhando pro Jotape mas foi audível o suficiente.

Jotape e Alva fizeram um "IIIIIIH" enquanto o Breno se levantava do sofá dizendo que iria no banheiro, enquanto os outros o provocavam pela revelação na última fala.

Continuei confusa com sua fala, ele quis dizer que me queria? Paralisei com a possibilidade. Isso já aconteceu antes e não acabou bem, pra mim.

Só esse pensamento fez minha cabeça doer e meus olhos pesarem. Reparei na calça que estava em minhas mãos e vi que estava praticamente pronta, então a deixei esticada na mesa de costura, saí da live e desliguei as luzes que usava para costurar, indo dormir logo depois.

𝗺𝗲𝘂 𝗹𝘂𝗴𝗮𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora