capítulo um

350 27 11
                                    

Mark nunca foi uma pessoa que colocava sexo acima de tudo. Ele nem ligava tanto assim. Sua virgindade ele perdeu só aos dezenove anos, com uma menina que também era uma caloura na faculdade de Administração. Ali ele teve a certeza de que era gay, pois não queria fazer sexo com mulheres nunca mais em sua vida. Então ele sentiu que precisava transar com um homem, já que estava curioso pra saber como seria.

Demorou mais um ano inteiro para que ele sentisse vontade e tivesse oportunidade de transar com alguém. Foi um menino fofo chamado Ford, eles tinham se conhecido em uma festa de aniversário de um amigo em comum. Na sua primeira vez, Mark estava tão nervoso que tremia, mas Ford entendeu que ele não tinha experiência e o ensinou a fazer tudo. Foi bom, mil vezes melhor do que quando ele ficou com uma mulher.

Após isso, eles engataram um namoro onde sexo era gostoso, mas Mark sempre sentia que faltava algo. Ele até tentou ficar por baixo para saber como era, mas Ford tinha dito que não gostava de ser ativo.

O namoro de Mark e Ford durou um ano e meio, mas acabou porque o menor iria fazer intercâmbio no exterior. Mark tinha rompido, alegando que não acreditava em namoro à distância. A realidade é que ele usou isso como desculpa, pois já queria terminar faz um tempo.

Aos vinte e três anos, Mark conheceu Papang numa palestra da faculdade, ele era um cara mais velho, professor convidado. A atração tinha sido imediata e eles trocaram olhares durante toda a aula. Quando terminou, ele foi até Papang, usando o pretexto de que tinha algumas dúvidas. Essa foi a deixa pra eles marcarem um encontro.

No quarto encontro, Papang o chamou para ir até a casa dele, alegando que estava frio para ir em outro lugar e seria melhor ficar no sofá vendo um filme. Mark não era bobo, ele sabia o que aquilo significava e por esse motivo tinha se preparado, feito tudo que aprendeu na internet. Ao chegar no lugar, eles até começaram um filme, mas não durou meia hora até estarem se pegando no sofá. Papang com certeza era o dominante da situação e Mark sentiu que gostava de não ter que controlar as coisas.

Naquela noite, Mark foi fodido contra o sofá. Tinha sido doloroso no início, mas ele não se arrependia de absolutamente nada. Ele notou que gostava mais de ser passivo do que ativo.

A relação entre Mark e Papang foi muito rápida, eles saíram mais algumas vezes e então estavam namorando. Não muito tempo depois, eles já tinham conhecido a família um do outro e Mark se mudou para o apartamento de Papang. Aos vinte e seis anos ele foi pedido em casamento na frente de ambas as famílias, o que ele aceitou. Mesmo que não pudessem se casar oficialmente, pois a lei era homofóbica, eles trocaram alianças em uma cerimônia reservada para familiares próximos e seus amigos. Mark estava apaixonado e feliz, queria viver o resto dos seus dias ao lado do homem que amava.

Agora, com trinta anos, Mark não tem muita certeza se faz a escolha certa no passado. O casamento caiu na rotina de um jeito que ele não sabia se havia algum conserto. Mark tentou de tudo pra reviver a chama, roupas sensuais, brinquedos e novos fetiches. Nada adiantou, o sexo ainda era monótono e nada satisfatório. Papang só metia o pau, gozava e dormia. Simples assim. Ele nem ao menos ligava mais se Mark tinha chego lá, fazendo o mais novo ter que ele mesmo se masturbar se quisesse gozar. Era estranho, porque no começo do relacionamento, Papang passava muito tempo nas preliminares, focado em dar prazer ao companheiro.

Além do sexo ruim, eles mal conversavam mais e quando tentavam, acabava em briga. Não existia mais beijos amorosos, carícias trocadas e olhares apaixonados. E quando eles se deitavam para dormir, não era mais de conchinha ou ele deitado no peito do marido, agora era de costas um para o outro.

Mark refletia todos os dias quando acordava e observava seu marido dormindo, se essa infelicidade seria para o resto da sua vida. Ele não amava mais Papang, mas ainda era apegado a rotina que eles tinham construído. Pensou em separação inúmeras vezes, mas o apartamento era de Papang e ele teria que pagar um aluguel sozinho ou voltar para a casa dos pais (o que seria um terror). Ele tinha medo de ir embora.

TRAITOROnde histórias criam vida. Descubra agora