quatro

251 15 19
                                    

Mark conseguiu parar de chorar quando estavam na esquina da casa de Neo, mas nem fez movimento para tentar secar o próprio rosto, o deixando encharcado de todas as lágrimas que deslizaram por ele. Mark observou Neo parar o carro em frente à sua casa, acionando o portão automático e esperando se abrir por completo, para poder entrar em sua garagem. Era uma casa boa, não muito grande, mas o suficiente para viver confortavelmente. Ele estacionou, desligando o motor do caro e retirando o cinto de segurança, se virando para encarar o menor.

— Ei.

Neo tirou o cinto de Mark, com delicadeza, para depois erguer suas mãos e lhe segurar ambas as bochechas. Ele deslizou os dedos sobre a pele, numa tentativa de secá-la.

— Vamos lá para dentro e eu vou pegar algo pra você beber, tudo bem? — questionou, sua voz terna e suave.

Mark acenou com a cabeça, sentindo a garganta seca demais para falar qualquer coisa.

— Fique aqui. — Neo pediu, antes de se virar para sair do veículo.

Ele deu a volta no carro, abrindo a porta do passageiro e estendendo a mão para Mark. Cada movimento dele era numa tentativa de que o mais velho se sentisse cuidado e acolhido por ele.

Mark aceitou a ajuda, segurando a mão estendida e saindo do carro. Neo lhe lançou um sorriso e colocou sua mão no centro das costas do menor, o guiando para dentro da sua casa. O lugar era bonito, aconchegante, havia pôsteres e quadro de bandas de rock nas paredes, sendo que uma delas era pintada toda de preto. Antes que ele pudesse analisar mais o local, ele sentiu um impacto e só não caiu porque Neo o segurou pela cintura. Era um cachorro enorme e pesado da raça pitbull. Quando ele olhou para o lado viu outro, um marrom e branco e o outro todo preto.

— Não se assusta, eles são bonzinhos.

Mark acenou com a cabeça, passando a mão sobre a cabeça do mais escuro e o vendo balançar o rabo freneticamente. Era tão fofo que o fez sorrir, esquecendo todo o drama da sua vida.

— Qual é o nome deles? — perguntou, se agachado para ter mais acesso aos cães.

Ele rapidamente foi rodeado pelos dois, que não paravam de lamber seus braços, enquanto ele fazia carinho neles.

— Sirius Black e Mad Max.

Mark parou o carinho de repente, voltando a encarar Neo, enquanto arqueava uma sobrancelha.

— Não é possível.

— O quê? Pare de preconceito com os nomes que eu escolhi. Combinaram perfeitamente, tá bom?

Neo cruzou os braços no peito, fazendo o menor rir.

— Ah, por favor, dois nomes?

— Eles atendem qualquer um dos dois nomes que você chame. São muito inteligentes. — respondeu, meio que se gabando dos seus cachorros. — Não é, meu amores?

Neo sorriu e fez voz fofa, o que atraiu os cães em sua direção, os fazendo correr até ele.

— Finalmente lembraram que o dono de vocês sou eu, né?

Mark observou Neo sentar no chão e deixar os cachorros pularem nele, fazendo bagunça, enquanto acariciava seus pelos. Neo parecia tão bonito, tão... Gentil. Ele gostava da sensação que sentia ao estar perto dele.

— Eu sempre quis um cachorro. — confessou, sua voz baixa e com um tom de amargura.

— E por que não teve? — Neo perguntou, voltando a encarar o outro.

Mark deu de ombros, ficando de pé e sendo acompanhado pelo mais novo.

— Papang não deixou. Ele disse que só daria trabalho e prejuízo, que não valia a pena.

TRAITOROnde histórias criam vida. Descubra agora