O despertador ao meu lado me assustou, era 6:00 da manhã, havia acordado suada e com tontura. Tive um pesadelo, foi muito real. Rapidamente sai da cama cambaleando e fui para o banheiro. Sem raciocinar muito, fiz minhas necessidades e fui tomar um banho para tentar me sentir melhor, e funcionou. Sai do banheiro e me troquei, colocando uma calça jeans apertada e uma camiseta branca justa. Apenas penteei meu cabelo e deixei o secar naturalmente, e então logo em seguida fiz uma maquiagem leve. Percebi que a casa estava um silêncio insuportável, então resolvi chamar minha mãe. Fiquei sem respostas e estranhei, então fui pegar uma mala que havia em cima do meu armário e em seguida coloquei tudo que eu precisaria, apenas o essencial. Passei pelo corredor e desci as escadas, não havia ninguém no quarto de meus pais, entrei na cozinha e estava vazia. Bom, deixei para lá, tomei água e escrevi um pequeno bilhete o deixando em cima da mesa.
"𝑀𝒶𝑒, 𝒶𝓇𝓇𝓊𝓂𝑒𝒾 𝓊𝓂 𝓉𝓇𝒶𝒷𝒶𝓁𝒽𝑜 𝑒 𝑒𝓈𝓉𝑜𝓊 𝒾𝓃𝒹𝑜 𝓅𝒶𝓇𝒶 𝓁𝒶. 𝐸𝓃𝓉𝒶𝑜 𝓈𝑒𝓇𝒶 𝓃𝑜𝓇𝓂𝒶𝓁 𝒶 𝓅𝒶𝓇𝓉𝒾𝓇 𝒹𝑒 𝒽𝑜𝒿𝑒 𝑒𝓊 𝓃𝒶𝑜 𝓋𝑜𝓁𝓉𝒶𝓇 𝓅𝒶𝓇𝒶 𝒸𝒶𝓈𝒶 𝑒 𝒻𝒾𝒸𝒶𝓇 𝒹𝒾𝒶𝓈 𝒻𝑜𝓇𝒶, 𝓉𝒶𝓁𝓋𝑒𝓏 𝒻𝑜𝓇𝒶 𝓅𝒶𝓇𝒶 𝓈𝑒𝓂𝓅𝓇𝑒. 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶𝓂𝑒𝓃𝓉𝑒 𝓃𝒶𝑜 𝓁𝒾𝑔𝒶𝓇𝒶 𝑒 𝒻𝒾𝒸𝒶𝓇𝒶 𝒶𝓉𝑒 𝒶𝒷𝑒𝓃ç𝑜𝒶𝒹𝒶, 𝑒𝓃𝓉𝒶𝑜.... 𝒜𝒹𝑒𝓊𝓈"
Sai de casa e fui para o ponto de ônibus, meia hora depois cheguei ao meu destino e dei mais alguns passos até chegar na porta principal de Sunset. Cumprimentei o porteiro e fui até a recepção, então a mais nova recepcionista me acompanhou até o vestiário feminino das funcionárias e me deu a vestimenta de enfermeira psiquiátrica. Ele era simples mas bonito. O conjunto vinha com uma branca saia longa justa, um tipo de camisa social bege com botões brancos e uma etiqueta escrito meu nome, e uma bota marrom. Guardei minha mala no canto e por fim me arrumei e fui atrás do Miles para pegar minhas tarefas. Ao chegar no mesmo balcão de antes, avistei ele arrumando algumas papeladas, passei pelas pessoas que estavam ali na hora e então chamei seu nome:
━━ Miles? ━ falo parando em sua frente.
━━ Oi! ━ responde o mesmo olhando para cima em minha direção.
━━ Pode passar as minhas tarefas de hoje? ━ pergunto.
━━ Claro, um minuto Marthinha. ━ respondeu brincando, então abriu uma gaveta que havia ali no balcão e me entregou uma folha. ━━ Aqui está, qualquer coisa pode me chamar. ━ falou sorrindo me olhando.
━━ Obrigada Miles. ━━ falo acenando com a cabeça logo saindo dali enquanto lia o papel andando.
No papel, estava escrito várias etapas. A primeira era avaliar os pacientes Luccas Machado e Olivia Romans, depois informando suas condições ao seus familiares. Lá havia as perguntas que eu deveria fazer a eles e várias respostas significando um tipo de caso mental que poderia ser conforme oque eles responderiam na hora, não parecia ser difícil, mas é preciso muito foco e calma. Segui oque estava escrito na folha e fui até o local onde estava marcado e lá entrei em uma sala onde havia duas pessoas, além dos médicos presentes, um homem jovem e um senhor estando sentado em uma cadeira.
━━ Licença, Sr. Luccas Machado? ━ falei olhando para o senhor sentado na cadeira que olhava para mim com um olhar vazio.
━━ É ele mesmo Sra.... Martha Isabel ━ disse o homem mais jovem tentando ler meu nome que estava na minha etiqueta da camisa.
━━ Ok, tudo bem... ━ falo dando uma olhada rápida na folha de tarefas. ━━ Prazer meu nome é Martha Isabel e sou uma nova enfermeira de Sunset. ━ digo dando um sorriso e cumprimentando os dois. ━━ Me conte mais sobre você Luccas, oque anda pensando, se tem filhos, oque te incomoda nas coisas... ━ falo puxando uma cadeira do canto sentando em sua frente, mas que a mesa nos separava.
━━ Enfermeira Martha, ele tem dificuldades para falar. ━ cita uma médica que estava ali.
Ótimo, comecei o meu trabalho passando uma vergonha extrema, como ninguém me avisou que ele tinha dificuldade para falar? sinceramente minha vontade agora é de enfiar minha cara no chão para sempre. Disfarçando a minha vergonha quase explodindo do meu rosto de tão vermelho que estava, eu respondo:
━━ Certo. Você escreve Luccas? ━ pergunto olhando diretamente em seu olhos, então logo ele acena com a cabeça dizendo sim. ━━ Você tem uma caneta e um papel para me emprestar? ━ olhando para a outra médica em pé que ali estava, pergunto.
━━ Tenho sim. ━ fala tirando oque havia pedido de seu bolso logo me lhe entregando.
━━ Aqui está, irei fazer algumas perguntas e você pode respondê-las através desse papel, e relaxe, não vou fazer você escrever e escrever até cair a mão. ━ falo rindo, então o senhor abre um pequeno sorriso.
Bom, depois de meia hora avaliando e interagindo com o paciente Luccas, conversei com o homem que era seu filho e descobri mais algumas coisas sobre o mesmo. Seu filho, chamado David, estava apressado e ficou me perguntando se eu já havia identificado oque o Sr. Luccas tinha, não sei se era de preocupação ou se era de "livramento", como outros enfermeiros e médicos apelidam aqueles que querem deixar seus parentes com casos mentais no hospício, se livrando deles. Foquei nas respostas do paciente e com a ajuda de outros médicos conseguimos chegar que o Sr. Luccas tinha entrado em uma depressão leve e pulado para a mais grave. Ele tinha dificuldade em ingerir alimentos e água, então estava a perder muito peso e ficando fraco. Os outros especialista iam confirmar se era realmente aquilo o problema, tendo então o tratamento e outras avaliações.
Fiquei feliz em ter conseguido fazer meu primeiro "trabalho". Dependendo do paciente, o teste pode ser algo bem mais tenso, mas com o Sr. Luccas foi até que algo calmo. Agora tenho o segundo teste para fazer com a paciente Olivia Romans. Ela tem 22 anos e pela descrição dos médicos, sofria com alucinações perturbadoras e grandes séries de ataques do pânico. Com algumas orientações, pediram para eu tomar cuidado por conta do depoimento da responsável da Sr. Romans.
Ao chegar a sala ao lado, me deparei com uma senhora em pé e uma linda moça sentada, seus cabelos eram ruivos e seu olhar que se encontrou com o meu era semelhante a de uma águia. Fiz a mesma coisa que antes, puxei uma cadeira que havia ali e me sentei, colocando o papel sobre a sua descrição em cima da mesa, a qual nos separava. Repeti as mesmas perguntas a ela e como sabia mais coisas sobre a mesma, foi fácil deduzir sua condição. Fiquei curiosa sobre ela, estranhei seu jeito sarcástico. A senhora que estava ali presente, sua mãe, disse que sua filha desde os 18 anos sempre gostou de ver casos criminais, como se fosse assistir um desenho. Quando ia responder as perguntas que eu lhe fazia, ficava pensativa, parecia pensar no que responder, dar uma resposta certa. Com minha imaginação ainda infantil, entrei em uma paranoia na mesma hora enquanto fazia a entrevista com ela que estava inventando tudo aquilo de alucinações e ataques de pânicos e que seu comportamento estranho era por conta de influências desses crimes que assistia na TV.
Após os dois testes terem sido completados, marquei ponto no balcão do Miles e fui pegar minha mala que ainda estava no vestiário guardada do lado do meu armário e fui acompanhada por uma enfermeira que conheci até meu novo quarto. Subimos por uma escadas que dava a um corredor grande com várias portas e entrei no quarto 667, ele era da cor branca e havia presente uma cama, um armário, um banheiro e uma prateleira, um quarto simples mais essencial para eu conseguir viver. Agradeci a enfermeira que se chamava Caroline e arrumei minhas roupas e pertences no local. Era 16:29 da tarde ainda então sem ter oque fazer por ser nova no emprego, fui passear pelo pátio onde havia vários pacientes, alguns se remexendo, outros rindo sozinhos e outros tendo conversas sobre assuntos específicos podemos dizer assim. Então notei uma mulher magra e grávida, estava sentada em um banco enquanto lacrimejava. Fiquei com medo de ir até lá, vai que eu interrompesse algo que estava fazendo ou incomodasse mais ainda ela. Decido ir e então sentei ao seu lado.
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Hospício Sunset
Mystery / ThrillerEra em Los Angeles, 1985, quando tudo começou. Richard Ramirez, com seus 25 anos de idade, um psicopata assassino em série desde 1984, era desesperadamente citado em todos os jornais da cidade. Seu rosto aparecia na TV e famílias ficavam horrorizada...