Hospício Sunset

Capítulo 5: Maya Brown

       Sentando ao seu lado, por um momento permanecemos em silêncio, respeitei seu espaço. Suas lágrimas não paravam de cair, eu sentia sua tristeza pelo ar. Vendo que depois de dois ou três minutos, ela pareceu não se importar com minha presença, pensei ser a hora apropriada para dizer algo.

━━ Desculpe te incomodar senhora. Tem algo que eu possa fazer para te ajudar? ━ perguntei olhando em seus olhos, logo ela se vira assustada e vejo na bochecha esquerda dela um grande corte já cicatrizado. Me assustei, mas mantive o foco, esperando sua resposta.

━━ Ele... ele quer me matar! ━ a mulher responde em voz alta com seus dois olhos arregalados, os azuis de seus olhos me encaravam. Me assustei no mesmo momento mas não amostrei. então lhe respondi.

━━  Ele quem? ━  pergunto calmamente tentando não parecer desesperada igual meu coração batendo rápido. 

━━  Meu esposo, ele fica sempre tentando passar despercebido pelos seguranças para me pegar aqui. Quase conseguiu uma vez, sorte minha ele ter sido segurado pelos enfermeiros. ━ ela falava enquanto sorria de desespero.

━━  Mas por que seu esposo tenta fazer isso? ━ fico curiosa pelo fato dela estar grávida, ele não teria piedade alguma ou noção disso?

━━  O bebê não é dele. Antes de eu vim para cá, acabei ficando com um amigo meu, mas eu estava bêbada, não tive culpa. ━  ela disse chorando bravamente. No seu pulso, dava para ver suas veias pulsando de ódio. ━━  Desde então, ele me manda cartas ameaçando de matar eu, e obviamente matando o bebê.  ━ mais lágrimas escorreram pela sua face. ━ Eu tento avisar alguém para que protejam minha criança, mas acham que eu sou louca, claro, qual outro motivo me traria para cá não é mesmo? ━ disse ironicamente, rindo.

━━ Calma, por favor me diga, qual o seu nome e de seu marido? ━  falo pegando uma caneta e um papel no bolso de meu uniforme.

━━  Maya Brown e Francisco Allen. ━ diz, enquanto roía a unha.

       Anoto os dois nomes no papel e guardo de volta no bolso. Eu não iria deixar aquilo de lado, havia um homem querendo matar uma pessoa, além do mais, grávida de outra vida. É algo muito sério, irei repassar para o Miles, o único que eu acho e conheço que possa ajudar.

━━  Sr. Brown, eu irei avisar todos os seguranças locais daqui e também irei repassar o nome do seu esposo para os médicos e enfermeiros. Qualquer outra tentativa dele tentar entrar aqui, iremos ligar para polícia, tudo bem para você? ━ falo pegando em sua mão encarando-a. Ela fica em silêncio, então continuo. ━━ Não vou deixar ele tocar em você, nem que eu mesma tenha que enfrentar esse covarde.

━━ Ok... ━  ela responde, então me abraça, e eu faço o mesmo. 

        Já estava escurecendo, havia saído dali de perto da Sr. Brown, pedindo que fosse para seu quarto junto com os outros pacientes. Me senti aliviada por conseguir conversar com alguém e deixa-la confortável, hoje foi algo surreal de perfeito. Nada de mais aconteceu, consegui completar todas minhas tarefas como uma enfermeira psiquiátrica no primeiro dia de trabalho.  Após o pátio ficar vazio, dei tchau para o restantes dos enfermeiros que havia ali, passando no refeitório e comprando um lanche com o resto do dinheiro que havia me restado, então fui para meu quarto para aproveitar o resto de tempo que eu tinha para arrumar minhas coisas, subindo para o quarto de elevador. O número do dormitório era o 667, achei bem estranho porque no corredor dos quartos dos médicos e funcionários, não havia nenhum com o número 666, e que pelo oque ouvi falar, por conta de ser um número que tinha haver com religiões do "mal", muitas pessoas ficavam incomodadas, então acabaram fechando o quarto 666, o substituindo por um lugar como repositório de produtos de limpeza. Ao chegar na minha "casa" nova, deixei o quarto do meu jeito e fui tomar um banho. Por incrível que pareça, eu consegui passar quase o dia inteiro sem comer, apenas lanchando a noite. Completando o dia, fui para minha cama e adormeci logo depois.