Capítulo 1: A proposta

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Há dois minutos atrás eu estava em um restaurante buscando desesperadamente por emprego. Mais uma vez, enfrentei a rejeição, perdida em um mundo complexo. Olhei para o céu e vejo que o sol já está se pondo, então começo a andar sem rumo esperando encontrar algum ponto de ônibus que passasse perto do endereço da minha casa. Enquanto seguia com passos longos, observei em um lado da rua pessoas animadas, levando seus filhos para fazer compras, com sorrisos estampados em seus rostos. Do outro lado da rua, onde eu estava, vi pessoas sem-teto, implorando por comida, mulheres se prostituindo para sobreviver. Como ainda existe felicidade?
Perdida em meus pensamentos, minha atenção foi atraída por um cartaz sujo no qual eu já tinha passado. Pendurado em uma parede de um prédio, ele estava um pouco rasgado nas laterais, mas oque realmente me chamou a atenção foi oque estava escrito:

━━ Hospício Sunset Care Center, Vagas de emprego para Auxiliar de Enfermagem Psiquiátrica. Experiência não necessária. Endereço: Avenida Maple, 7489, Los Angeles CA 90015, Estados Unidos. ━ Li em voz baixa.

Meu coração começou a bater forte, uma nova esperança acendeu dentro mim, será que eu conseguiria essa vaga? será que já esgotou?. Por um momento me senti alegre, mas hesitante considerando que era um hospício, lidando com pessoas enfrentando problemas mentais. Não sei se sou a pessoa certa para isso. Do nada, fui surpreendida por uma voz atrás de mim, interrompendo meu choque:

━━ Tenha cuidado com suas escolhas jovem. Esse hospício é um lugar muito perigoso para crianças. ━ Diz um homem já idoso que aparentava ser um morador de rua, parecia ter adivinhado que eu era mais nova. Sorrindo, dava pra ver seus dentes amarelados.

━━ Como assim, perigoso? ━ me virei perguntando.

━━ Dizem que a maioria dos pacientes que vão para lá são doidos de pedra, alguns até assassinos ━ diz ele, logo em seguida cuspindo no chão.

━━ Você por acaso sabe se ainda existe esse hospício? ou se ainda tem vaga? ━ Perguntei, apontando para o cartaz, esperando que ele soubesse de algo sobre isso e ignorando o que ele tinha dito anteriormente , Então o homem olhou para o papel e diz:

━━ Sim, ele ainda existe. Com todos esses loucos chegando, o diretor deve estar desesperado por mais auxiliares e enfermeiros. Mas poucos tem coragem de trabalhar lá ━ ele responde logo soltando uma risada, o vento bagunçava seus cabelos longos grisalhos.

Fico pensativa por alguns segundos, será que eu deveria dar uma chance? Eu preciso de dinheiro para conseguir fazer minhas coisas, vai que o salário é bom? não tenho outra escolha, querendo ou não. Olho o relógio que estava em meu pulso e vejo que já estava marcando 5:30 da tarde.

━━ Muito obrigada... Senhor? ━ perguntei, em dúvida de qual seria seu nome.

━━ Sebastian. ━ ele respondeu, tossindo em seguida.

Solto um sorriso, acenando para o idoso antes de sair apressadamente em direção ao ponto de ônibus que avistei a alguns metros dali. Resolvi ir lá no hospício Sunset no dia seguinte por questões de segurança e por não chegar lá e estiver de portas fechadas.

Ao chegar em casa em casa, destranquei a porta com a chave que tirei do bolso da minha calça jeans. Meu pai estava caído no sofá da sala, roncando com uma garrafa de cerveja vazia nas mãos, uma cena já familiar. Tirei meu tênis e deixei essa visão para trás. Percebi que havia um outro sapato ali no canto da parede, nunca havia visto ele, estranhei. Passei pela sala e fui subindo a escada. Gemidos chamaram minha atenção, ficando mais alto a cada degrau que subia. Fiquei meio desconfiada, então acelerei os passos pelo corredor do segundo andar, dando a perceber que os gemidos eram da minha mãe. Será que ela se machucou? ou...
Sem pensar duas vezes, cheguei perto da porta do quarto dela e do meu pai, e percebo que estava com uma frestinha na porta então resolvo espionar. Um homem desconhecido de cabelos loiros estava com minha mãe, envolvidos em uma situação íntima. Fechei a porta rapidamente e me afastei. Ela tinha se aproveitado que o meu pai estava na sala, embriagado. Enojada, fui para meu quarto, precisando processar tudo aquilo.
Tirei minha roupa e tomei um banho, vestindo um pijama simples depois. Ao olhar para o cabideiro no canto de meu quarto que estava escuro, senti um arrepio. As blusas penduradas nele pareciam formar uma figura humana assustadora. Decidi mover o cabideiro para longe, evitando olhar naquela direção novamente. Sem muita demora fui para minha cama, os sons vindos do quarto dos meus pais continuavam ecoando, enquanto outros ruídos misteriosos vinha do meu armário. O medo pelos fantasmas sempre me assombrou, e sem dúvida, eu tinha certeza que tinha algo de estranho naquele armário, mas apenas decidi ignorá-los por pensar que era algo bobo, então dormi pelo cansaço.




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