Those Eyes - New West
Segunda-feira.
Faziam três dias que Mily havia se declarado para ele, quando eles decidiram conversar sobre isso.
Ela ainda não sabia muito bem como seria dali para frente, tinha medo de que seu amor por ele pudesse alterar a dinâmica do grupo, ou estragar o clima de amizade, caso não fosse correspondido. Letícia tinha alertado ela sobre isso.Mily não queria nem imaginar o final de cada uma dessas hipóteses, mas sua pequena mente ansiosa não lhe deixava em paz.
Naquela tarde a turma toda havia sido dispensada mais cedo, e ela decidiu ir com os amigos até uma praça que ficava localizada próximo dali.
- Tchau. - Acenou Vinícius, afastando-se do grupo.
- Cê já vai? A gente mal chegou. - Mily cruzou os braços.
- Eu tenho louça pra lavar, sabia? - Riu ele, estendendo a mão para se despedir.
- Bah... - Reclamou Lucas.
- Eu também vou indo. - Falou Letícia, abraçando Mily.
- Ah não Letícia... - Mily resmungou.
Eles se despediram, deixando ela e Lucas às sós.
- É, sobrou só nós. - Comentou ela, checando as horas no celular.
- Uhum...
Silêncio.
Ela não sabia o que dizer, mas sabia que precisava dizer algo.
Neste meio-tempo, Lucas sentou no banco mais próximo, colocando a mochila sobre o mesmo.Mily permaneceu em pé, um tanto sem reação. Ao passo em que seu peito ardia, sua garganta virara um nó, sentia medo de se expressar mal, ser mal interpretada, de ser ela mesma naquele momento.
Era um momento crucial, era o momento. Era agora ou nunca.
- Tu... Leu o poema? - Perguntou ele, finalmente. Enquanto olhava para o celular em suas mãos.- Hum? Ah, sim, sim. - Assentiu ela, balançando a cabeça.
- O que que tu entendeu? - Lucas ergueu a cabeça, olhando para ela por cima dos óculos.
Ele ficava ainda mais atraente naquela posição, pensou Mily. Ela queria beijá-lo.
- Eu não sei se o que eu entendi tá certo. O que significa? - Perguntou ela, ocupando o lugar ao lado dele, com uma distância de uns trinta centímetros, pois a mochila dele separava os dois.
Lucas explicou, ao longo da conversa, que o poema que mostrara para ela horas mais cedo era sobre o que ele sentia. Aliás, o que não sentia.
Havia algum tempo que estava lidando com não sentir, ou sentir pela metade, sentimentos incompletos, inacabados. Até sentia, mas não o bastante.
E do outro lado, ela sentia tanto quanto era capaz, sentia por ambos. Brilhava. Sonhava com ele, e desejava ele.
Eram dois extremos opostos, unidos por uma faísca tênue que firmava uma ponte luminosa entre ambos. Unidos pelo universo, por mim, por seus corações astros.
E embora ele não sentisse o que ela sentia, alegou que estava disposto a tentar. Gostaria de fazer dar certo, de sentir borboletas no estômago, arrepios, o coração palpitando...
E ficou acordado que eles iriam tentar.Tentar.
Essa palavra rondou os pensamentos de Mily durante o restante daquele dia. "É um começo", disse para si mesma.
Da conversa em diante, vários pequenos passos foram dados por eles, pequenos gestos e pequenos detalhes que os aproximaram gradativamente.A primeira vez, por exemplo, que deram as mãos, ocorreu em uma tarde em que eles foram dispensados mais cedo e decidiram ir juntos até a praça. Só eles.
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Corações Astros e Rastros de Luzes
Lãng mạnEm uma noite atípica, Mily descobriu que seu coração não apenas impulsiona sangue, mas também emite luz e calor como um astro, quando alinhado à órbita certa. Mas a órbita certa era o coração do seu vice-líder de turma, com quem ela nunca havia troc...