She. | Billie Eilish (G!P)

έξι

Atualmente

Íris tentava não prestar atenção nos cochichos ao seu redor. Ela sentia o olhar de todas do presídio nela, e não começou apenas no almoço. Isso vinha do dia inteiro.

Ela suspirou, mexendo na papa em sua bandeja e colocando um pouco em sua boca, já não se importando mais com o gosto horrível que toda aquela comida tinha. Afinal, ela precisou se acostumar, ou era isso, ou ela morria de fome.

Duas mulheres se sentaram um pouco afastadas na mesma mesa que Iris sentava e a pouco estava ocupada apenas por ela, já que por algum motivo ninguém havia se sentado ao seu lado.

- Você ouviu os rumores? - ouviu um cochicho baixo ao seu lado e continuou focada na bandeja, evitando levantar o olhar.

- Não. - a outra murmurou confusa - O que aconteceu? Por que todo mundo tá com medo dela?

- Não é dela que elas tem medo - a garota respondeu - Você sabe a Magda?

- A mexicana? A que foi presa por homicídio? - perguntou novamente e Íris parou de comer, começando a prestar atenção na conversa delas.

- Sim - a outra respondeu - Ouvi dizer que ela foi encontrada hoje pregada no muro.

- Pregada no muro? - ela perguntou mais alto dessa vez, e Íris pode ouvir um "shh" vindo da outra - Desculpa.

- Sim, pregada num muro - tentou diminuir o tom de voz - Parece que ela teve os olhos arrancados também.

- Mas eu não entendi, essa garota fez isso? - Íris sentiu o olhar da menina queimar sobre ela, e um sorriso debochado surgiu no seu rosto.

- Não - ela respondeu, encarando as duas que a olharam surpresas. - Foi minha mulher.

20/02/2020 - Melbourne, Austrália

Íris Megalo

Zayn e eu nos aproximamos nos últimos dias. Desde o evento em que Billie havia tirado minha virgindade a força, ele vem cuidando de mim. Tanto na parte psicológica quanto em evitar me deixar sozinha em casa enquanto ela tá aqui. Eu sei que ela não gostou nada dele ter me ajudado naquele dia, e sei que muito provavelmente ele vá sofrer com as consequências disso. Mas, o que eu posso fazer? Ninguém pensou em mim também quando eu sofri as consequências por presenciar uma morte de forma involuntária.

No momento eu estava no meu "novo quarto". Era ao lado do quarto do Zayn. As janelas eram gradeadas e trancadas, então mesmo que existisse a remota possibilidade de eu pensar em fugir, não teria como acontecer. Ele também tranca a porta, pra evitar visitas indesejadas por aqui.

De certa forma, eu gosto dele. Como pessoa, claramente. Não seria capaz de me apaixonar por alguém que me mantém em cárcere de forma proposital e sem um motivo aparente.

Eu não durmo bem desde o dia em que Billie tirou minha virgindade a força. De certa forma, eu sinto como se eu fosse apenas uma ingrata durante toda a minha vida. Todas as minhas convicções, tudo que eu pensava ser errado antes, está colapsando dentro dos meus pensamentos. Quer dizer, tudo o que eu to passando parece anular qualquer outro sofrimento que eu pensei já ter vivido na vida. E eu sinto que, realmente, minha mente está entrando em combustão e provavelmente vai ser um dano irreversível no futuro. O tempo sozinha me dá grandes possibilidades em ficar pensando e repensando em tudo na minha vida.

Ouvi a porta ser destrancada e já fiquei alerta. Fazem alguns dias que estou aqui, sob a proteção e o olhar de Zayn. Mas ainda não confio cem porcento em suas palavras, tampouco suas atitudes. A qualquer momento, pode ser ela passando pela porta.