Prólogo

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Fani: Acontece que, de repente, você começa a imaginar como seria se aquele beijinho que ele sempre te dá na bochecha escorregasse um pouquinho mais para o lado...
Fazendo meu Filme

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Hillary (12 anos)

— Peguei! — exclamou quando tiro o chocolate das mãos de Jackson e começo a correr.

— Hillary, volte aqui!

Nós estávamos perto do lago, conversando trivialidades quando Jackson pegou uma barra de chocolate e teve a ousadia de dizer que não iria dividir comigo. Fiquei indignada que meu melhor amigo teve coragem de fazer isso.

Jackson é filho dos jardineiros do palácio — que por conta de nossa amizade, foram promovidos a supervisores. Muitas crianças da minha idade julgam nossa amizade por ele ser filho dos "jardineiros", mas eu realmente não ligo. Jackson é o meu companheiro de todas as horas e nunca me deixa na mão.

Diferente das crianças que fazem parte da realeza, Jackson não age como se um machucado fosse catastrófico, pelo contrário, ele dá risada de seus próprios machucados e logo está de pé correndo de novo. Nós somos amigos desde os quatro anos e inseparáveis, não seria uma diferença de patamar social que iria me impedir de continuar sendo amiga dele.

— Eu vou pegar você! - gritou quando eu escapei dele, contornando a árvore perto do lago.

- Não vai não! - gritei de volta enquanto tentava correr para longe

Não percebi a pedra em minha frente e bati nela, tropeçando para trás com o impacto. Jackson tenta me segurar antes que eu caia, mas ao invés de me amparrar ele acaba caindo também, me fazendo cair por cima dele enquanto rolamos pela grama.

Quando finalmente paramos, às margens do lago, percebi que nossos lábios se encostavam em um selinho desajeitado e infantil. Jackson se levanta às pressas quando percebeu. Suas bochechas assumiram um tom leve de vermelho, e provavelmente ele estava com tanta vergonha quanto eu.

Uma sensação desconhecida me invadiu enquanto eu me levantava. Senti meu coração acelerado e um frio na barriga enquanto assimilava o que aconteceu. O que era aquilo afinal?

— Nós...? — comecei a perguntar, mas Jackson me interrompeu

— Não foi nada certo? — perguntou de repente.

Demorei algum tempo para responder pois ainda estava pensando nas sensações estranhas que se passavam por mim naquele momento, mas assim que encontrei minha voz, não hesitei em responder:

— Certo — disse firme.

Apesar das novas sensações que descobri com aquilo, resolvi que a melhor coisa era ignorar isso por enquanto. Jackson é só um ano mais velho que eu, e nós somos praticamente duas crianças ainda.

Um silêncio torturante recaiu sob nós, e ambos estávamos receosos em quebra-lo. Mas Jackson tomou a atitude no fim das contas.

— Hillary, eu... Tenho que ir... — começou, olhando para todas as direções menos para mim — Fazer meu dever de casa - fala. Sorrio em solidariedade a sua tentativa de nos tirar dessa situação.

— Claro — falo — Tchau Pequeno príncipe — digo, dando um beijo em sua bochecha

Jackson me olha surpreso por um momento e leva seus dedos ao local onde meus lábios estiveram. Ele sorri fraco para mim antes de se virar e ir.

— Tchau Raio de Sol - diz por cima do ombro

Fiquei o observando até que ele saísse do meu campo de visão. Levei meus dedos aos lábios como se ainda pudesse sentir aquela sensação tão estranha.

Aquele havia sido meu "primeiro beijo" e nada poderia ser mais estranho que a sensação que aquilo me deixou. Tento esquecer aquilo enquanto ando em direção a entrada, sentindo meu coração bater forte enquanto a sensação de que aquilo nos levaria a um lugar mágico me acompanhava

✽✽

Jackson (13 anos)

Ando em passos apressados até a ala que a família real concedeu a minha família, pensando no que havia acabado de acontecer. Como a situação mudou tão rápido?

Uma sensação estranha me acompanhava enquanto eu andava, como se tudo aquilo fosse surreal demais. Não era a primeira vez que eu trocava um selinho com uma garota, já que na escola eu tive várias oportunidades para isso, mas era a primeira vez que essa sensação de sentir que meu coração iria explodir me invadia.

Paro no meio do caminho até meu quarto quando escuto minha mãe dar uma bronca em meus irmãos. O que eles haviam feito dessa vez?

— Não acredito que você fez isso, Chloe!— minha mãe diz abismada, ainda sem me perceber ali — Você tem noção de que se...

— Jacky! — Mike exclama. Meu irmão vem em minha direção e me abraça

— O que está acontecendo aqui baixinho? — pergunto. Mike faz sinal para que eu me abaixe

— Chloe aprontou mais uma vez — ele sussurrou no meu ouvido. Me levantei e observei a situação.

— O que ela fez dessa vez? — pergunto, sabendo que não importava o que eu achasse que foi, provavelmente era pior.

— Vou lhe dizer o que sua irmã fez — minha mãe falou. Ela respirou fundo como se soubesse que precisaria de todo o controle do mundo para não colocar minha irmã em um castigo severo — ela achou que seria uma boa ideia ir até o quarto do príncipe Andrew e lhe pregar uma peça

Ah céus... Isso com certeza não terminou bem

— Quando eu estava passando pelo corredor, vejo o príncipe, coberto de farinha e ovos, correr atrás da sua irmã enquanto ela gargalhava — falou desesperada — então...

— Onde foi que essa menina conseguiu farinha e ovos, afinal? — pergunto, interrompendo minha mãe. Vejo Mike olhar para o chão como se seu olhar fosse lhe entregar e entendo tudo.

Mike e Chloe eram gêmeos, e, apesar de Mike ser o mais sensato, Chloe era a mais velha. Minha irmã se usava do fato de ser onze minutos mais velha que Mike para que ele fizesse o que ela pedisse, — apesar de ambos terem apenas cinco anos — e isso sempre acabava em uma travessura que lhes trazia vários castigos.

Resolvo ficar calado e poupar Mike de um castigo igual ao de Chloe. Se minha irmã teve a ideia, ela pode arcar com as consequências.

— Não faço a menor ideia de onde sua irmã conseguiu isso — disse minha mãe, respirando fundo mais uma vez — Só sei que eu estava a ponto de me ajoelhar e pedir mil desculpas ao príncipe quando a princesa Hillary apareceu. Ela disse que nós não precisávamos nos preocupar com nada e ainda se ofereceu para ajudar o irmão caçula a se arrumar. Se não fosse pela misericórdia da princesa....

Não escutei mais nada do que minha mãe falou. Ouvir o nome de Hillary me levou mais uma vez aquele momento no jardim, a sensação estranha me voltou e meu coração acelerou.

Sai dali sem que ninguém me percebesse e andei para meu quarto, me deitando na cama assim que entro e sentindo meus lábios formigarem.

E depois de algum tempo, eu me peguei pensando no que teria acontecido se aquele último beijo na bochecha que ela me deu tivesse sido um pouco mais para o lado...

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Mais um capítulo pra vocês! Eu espero que gostem, e perdoem qualquer erro 🥰

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