Até que o "Até logo" vire um "Olá"

Capítulo 1: See You Later

Ben: Acho que é o seu vôo
Nicolly: É, acho que é o meu vôo
Ben: E você precisa embarcar
Nicolly: É, eu tenho que embarcar
Ben: Eu não quero que você vá, Nicolly
Nicolly: Eu sei Benji, eu também não quero ir, mas você sabe que eu preciso
Ben: É, eu sei que você precisa
- Qual foi o último para sempre em que você acreditou?

✽✽✽

Hillary (14 anos)

Sinto meu peito apertar enquanto seguimos pelo aeroporto, várias lágrimas me deixando quando percebo que o "adeus" se aproximava.

Hoje é sem dúvidas um dos piores momentos da minha vida. Eu e minha família viemos nos despedir da família de Jackson no aeroporto, após eles decidirem que iriam partir para Roosevelt city, no sul do país.

- Passageiros do vôo 1628, com destino a Roosevelt city, se dirijam ao portão de embarque número 27

Nosso pequeno grupo, que já havia começado a chamar a atenção devido aos guarda-costas ao nosso redor, se dirigiu até o portão no fim do enorme corredor.

Nossos pais iam na frente, conversamos trivialidades e nossos irmãos iam se despedindo, como se já tivessem aceitado isso. Mas Jackson e eu íamos temerosos atrás deles, sabendo que no momento que ele passasse pelo portão de embarque, não nos veríamos por um bom tempo.

Paramos perto do portão de embarque e nos observamos, sabendo que a despedida está próxima. Eu já não conseguia conter as lágrimas de tanta tristeza.

Meus irmãos abraçaram os irmãos de Jackson e de repente todos começaram a se despedir. Eu e Jackson nos observamos sabendo que era a hora de dizer o "adeus".

Ele tirou um papel rasgado ao meio do bolso e me observou, evidentemente tentando segurar as lágrimas.

- Abra a mão e feche os olhos - disse com um sorriso fraco. Eu obedeci e ele depositou um papel e um objeto pequeno em minhas mãos.

Quando abri os olhos e vi o que havia em minhas mãos, não consegui conter a emoção.
Ali, estava a metade de uma foto nossa e um pequeno chaveiro de sapatilhas de balé. O observei atônita e emocionada

- A foto é para que você não se esqueça de mim - disse - e o chaveiro... É porque eu sei o quanto você adora balé, e para que você sempre se lembre de mim quando dançar.

Não perdi tempo e abracei meu amigo, sentindo a saudade de maneira antecipada. Cada vez mais lágrimas me deixavam e eu não conseguia mais conte-las. Percebo que Jackson também estava chorando.

- Eu não tenho nada para você - sussurro ainda abraçada a ele, como se caso eu o soltasse ele fosse sumir.

- Tudo bem, você e seu abraço são o suficiente para mim - disse segurando meu rosto para que eu o olhasse

Observo Jackson, sem conseguir desviar o olhar dele. Eu conseguia sentir a sua respiração em meu rosto devido a nossa proximidade do mesmo jeito que ele conseguia sentir a minha. Era tão surreal o quanto eu queria o observar pelo o resto dos meus dias e ao mesmo tempo queria puxá-lo e sentir seus lábios nos meus mais uma vez.

Desde aquele dia no lago eu passei a ver Jackson de uma maneira diferente. Era como se eu visse além do que nós éramos e imaginasse o que poderíamos ser, como se eu visse todas as nossas possibilidades ao alcance de meus dedos.

Mas agora já era tarde para dizer algo, pois ele já estava partindo e não havia previsão de volta. Tudo o que eu podia fazer era aceitar

De repente o rosto de Jackson se aproxima um pouco mais do meu e eu me pergunto se ele me beijaria ali. As vezes essas oportunidades de avançarmos a linha apareciam, mas ambos escolhiamos ignora-las. Agora era diferente, talvez nós....

- Última chamada para os passageiros do vôo 1628, com destino a Roosevelt city, no portão de embarque número 27 - escutamos.

Jackson e eu nos afastamos e nos observamos mais um pouco. Mais lágrimas escorriam de meus olhos a cada segundo.

- Eu tenho que ir... - ele disse enxugando uma lágrima. Eu assenti, sabendo que era a hora.

- Eu não quero dizer "adeus"... - falo, a voz embargada pelo choro

- Não se preocupe, Hillary. - ele disse, enxugando algumas das minhas lágrimas - isso não é um "adeus", é apenas um "até logo". - falou - e quando você menos perceber... O "Até logo" vai se tornar um "Olá" outra vez

- Promete me escrever até que esse "Até logo" vire um "Olá"? - perguntei enxugando algumas lágrimas remanescentes.

- Só se você me escrever também - disse. Sorri para ele. - mas por enquanto, quero me lembrar de você assim, sorridente - falou, me abraçando uma última vez

Jackson me soltou e sorriu para mim antes de falar:

- Nos veremos em breve, raio de sol. - disse com um sorriso, enquanto deixava um beijo em minha bochecha - Eu estarei em seus sonhos - falou antes de passar pelo portão de embarque e partir com sua família para o outro lado do país. E mal sabia ele que estava levando o meu coração consigo.

✽✽✽

Jackson (15 anos)

Andei pelo corredor de embarque sentindo que uma parte minha estava ficando e que eu não poderia levá-la comigo. Eu queria muito voltar e ficar, mas agora já era tarde para isso.

Sigo minha família até o avião e me acomodo com eles lá dentro. Fico observando da minha janela o aeroporto, imaginando se Hillary ainda estaria ali, esperando para ver meu avião passar.

Uma lágrima me escapa quando penso nela mais uma vez, e em tudo o que não vivemos. Eu percebi os sinais, percebi tudo e fui tolo o suficiente para achar que teríamos tempo para isso, que talvez nós pudéssemos cruzar a linha. Mas agora não havia mais tempo.

O avião levantou voo e de repente eu não conseguia mais ver o aeroporto. A distância finalmente pesou para mim e eu me permito chorar todas as lágrimas que eu havia segurado para não deixar Hillary ainda mais triste.

Aquele quase beijo no aeroporto começa a rodar em minha mente como um filme, me deixando arrependido por não ter feito aquilo e ao mesmo tempo aliviado por não ter feito.

Mas o meu conflito finalmente se resolveu quando eu dormi durante o voo, me esquecendo de tudo isso até que chegasse a Roosevelt city. Mas nada conseguiu impedir que Hillary fosse meu último pensamento antes de fechar os olhos e relaxar.

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Mais um capítulo pra vocês! Eu espero que gostem, e perdoem qualquer erro 🥰

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