Ela estava acordada, sentada em uma poltrona de frente para janela aberta, sentia a brisa fria bater contra seu rosto, tão gelada que seu cérebro e narinas congelavam, talvez porque ainda fosse madrugada, mas tinha dificuldade para dormir se não estivesse morta de cansaço, pensava em coisas deprimentes, pensava na sua carreira, nas coisas de ballet que ainda não tinha tirado do quarto, os pôsteres, as roupas brilhosas, as medalhas, prêmios, e ate o papel de parede com bailarinas, as revistas com seu nome, as placas de honra, tudo que a lembrava o que a levava a sentar na poltrona de madrugada, se fechasse os olhos, podia se lembrar de dias quentes, onde via sua mãe e seu pai fazendo churrasco no quintal, seu irmão correndo atrás de Melanie, as famílias reunidas, amber acha estranho não se sentir como antes, era como se o acidente a tivesse mudado, despertado, podia estar morta, mas estava bem, podia andar, podia se recuperar, devia estar feliz por estar viva, por não ter grandes sequelas, amber tinha lutado por seu pai, mesmo assim, não podia disfarçar o sentimento de se sentir estranha na própria casa, fazia muito tempo que viajava, que saia por temporadas e voltava meses depois, para passar um fim de semana, talvez ate um mês, mas não mais do que isso, e agora ficava em casa sempre, não entrava mais em aviões, cidades, palcos, não precisava mais ficar longe da mãe, de casa, era o que queria, ainda se lembrava de como era, voltar e ver que Melanie tinha tomado cada vez mais o seu lugar, que ela tocava com seu pai, que era sua pupila, que os levava no medico, que preparavam refeições, sentavam-se a mesa, enquanto ela estava pelo mundo, longe das pessoas que amava, se tivesse entendido antes, que devia ter sido grata ao invés de ter a tratado com ódio e rispidez, se tivesse entendido que Melanie lhe fazia um grande favor, cuidando de seus pais, limpando a casa para eles, levando-os no hospital, dormindo ao seu lado quando as coisas não estavam boas, que ela ate mesmo trocou suas fraldas, claro, Amber trabalhava para bancar as contas, mas se não fosse por Melanie, a carga teria sido mil vezes pior para sua mãe, e mesmo assim a garota ainda tinha que lidar com os próprios problemas, com a irmã que tinha a abandonado com as crianças, lhe roubado, com um chefe horrível como o que tinha, Amber podia sentir um nó na garganta enquanto olhava para a casa de Melanie no fim da rua, se o seu pai não tivesse a adotado, ela teria ido parar em um lar e as coisas seriam diferentes, se o seu pai não fosse um homem tão bom, Amber deixou uma lagrima sair, como se sentia envergonhada por ser como era, secou a lagrima, tinha tanto orgulho para pedir perdão depois de tudo que tinha feito. Pensava em seu irmão, como ela a aceitou de braços abertos, como era bom, e o que ele tinha deixado para trás, o que ela tinha lhe dito, Amber o julgava egoísta por os deixar, por voltar em missões, por os preocupar, havia lhe chamado de tantas coisas horríveis, achou que carregasse um fardo sozinha, mas seu irmão também carregava, ele ajudava tantas pessoas do outro lado do mundo, salvava crianças, mulheres, idosos, ele trazia a paz, e o dinheiro dele pagava a conta do hospital, como tinha sido idiota de olhar só para si mesma, ela passou a madrugada acordada, pela primeira vez na vida sentindo necessidade de pedir perdão, perdão aos seu pais, perdão a sua família, seus irmãos, como podia ser uma pessoa tão ruim? Tinha passado grande parte da vida usando a cegueira de Melanie, como uma fraqueza para a denegrir, e agora se sentia tão burra e nojenta, se amber apenas visse uma criança qualquer rindo de mandy como ela ria de Melanie, nem sabia qual seria sua atitude, sentiu raiva só de pensar, não conseguia imaginar as atrocidades que tinha feito, acontecendo com mandy, e nesse momento amber quis a guardar em um potinho e proteger, lembrou de quando trancou Melanie em um armário no porão por um dia inteiro, quando a encontraram, estava desidratada e sem voz, de tanto chorar e gritar, na época amber não se arrependeu, achou que estavam fazendo tempestade em um copo de agua, ou quando fez inveja para Melanie, dizendo que ela não podia brincar na rua, que nunca iria brincar na neve, nem fazer um boneco, amber sabia que Melanie iria tentar, ate mesmo a desafiou, e no que isso deu? Ela ficou perdida na rua, em meio a uma nevasca, assustada e cega, amber não aguentou a pressão que sentia no estomago, poderia vomitar, todas as coisas ruins que havia dito e feito, como se sentia bem quando a fazia se sentir mal, qual a fazia se machucar ou parecer idiota, levantou da poltrona e andou pelo corredor quase cambaleando, não bateu na porta do quarto, foi logo entrando, se jogando na cama de casal, o lado de seu pai estava quente, porque agora sua mãe dormia nele, amber não aguentou ao ver aquela cena, o quarto sem as coisas dele, a mãe dormindo sozinha, viu sua mãe acordar assustada
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Volúpia
Romanceele precisava de amor.... ela deu tudo que tinha... Quando Amber entrou na sala de Hector pela primeira achou estar vendo um anjo.... tudo naquela manhã havia dado errado... mas ela havia conseguido chegar a sua entrevista de emprego e agora Hector...