Teoria

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Castiel tem uma teoria.

Odiar alguém é perturbadoramente parecido com se apaixonar por ele. Seu estômago fica embrulhado. Seu apetite e sono ficam em frangalhos. Seu coração acelera e fica quase visível através de sua pele e roupas. Cada interação causa um pico de adrenalina no seu sangue e seu corpo mal fica sob controle.

Castiel trabalhava na editora Harvelle, conhecida por sua insistência na literatura como arte e era quase como um lar até um ano atrás, pois diante da falência, foi forçada a se fundir com a Shurley Livros, um império do mal, conhecido por escritores-fantasmas de autobiografias de estrelas do esporte com danos cerebrais.

E não se engane, o pessoal da Shurley e da Harvelle estão em guerra.

Exatamente como o homem que Castiel poderia chamar de "Psicopata Americano", o cara que dividia a sala com ele e brincava de imitador, por nada, apenas para irritá-lo.

Claro que ele é um colírio, mas não se deixe enganar. Como dizia Shakespeare: "As vezes, o belo é feio".

Suas mesas ficavam uma em frente à outra, e era como se houvesse uma linha invisível que separasse a sala pois quem visse poderia jurar que são dois espaços diferentes.

Do lado de Castiel havia muita cor, livros e papeladas por todos os lados. Já do lado de Dean, as cores mais neutras possíveis, muito preto e tudo detalhadamente organizado.

Dean fazia essa brincadeira com Castiel, entre muitas outras, apenas por pura provocação. Eles não precisavam nem trocar palavras um com o outro, mas todos os movimentos que Castiel fazia ele tratava de repetir. Se o moreno batesse duas vezes a pilha de folhas na mesa, ele também bateria exatamente duas vezes em seguida. Se Castiel tomasse um gole de chá em sua caneca decorada com morangos, Dean daria um gole de café em sua caneca preta e, se Castiel pegasse uma de suas jujubas do pote em sua mesa, Dean pegaria uma pastilha de menta da sua caixa.

O moreno já estava cansado de digitar da maneira mais rápida que conseguia, nem ao menos olhando as teclas que tocava em seu notebook porque mantinha seus olhos fixos nos de Dean, que ainda insistia em repetir sua ação.

Foi só quando Castiel abruptamente parou e deu um sorriso que Dean ficou confuso, observando ele tirar um hidratante labial de sua bolsa e passá-lo em sua boca sem desviar os olhos dos seus. Dobrou um papel e colocou entre seus lábios, o apertando duas vezes pra tirar o excesso.

O sorriso saiu de seu rosto assim que apareceu no de Dean, que com seu dedo do meio fez um gesto como se estivesse retirando a tampa de um produto, passou o mesmo dedo em seus lábios e com um toque final espremeu os lábios um no outro, imitando-o.

É. Castiel o odiava com paixão.

Ele poderia listar 4 dos vários motivos pelos quais podia odiar Dean Winchester:

Um: Nunca havia o visto sorrir.

No primeiro dia da fusão, quando soube que iriam trabalhar juntos, Castiel levou um pequeno vaso de planta para que colocasse na mesa dele e com toda a educação e o sorriso mais simpático existente foi cumprimentá-lo, oferecendo o presente. Dean apenas olhou para ele sem falar nada, pegou o vaso de suas mãos e continuou andando.

Dois: Ele é maníaco por controle.

Era só olhar a mesa dele. Tudo perfeitamente espaçado e alinhado desde o grampeador até às canetas, post-its em ordem crescente de cores, somente branco e tons de azul. Um dia quando Castiel viu a oportunidade dele estar virado de costas, correu e deixou o grampeador levemente torto e também trocou um dos blocos de post-it azul por um laranja. Não demorou nem um minuto para Dean perceber, o oferecendo um olhar tedioso enquanto alinhava o grampeador.

O cara também usa as mesmas camisas na mesma ordem toda semana.

Segunda-feira: cinza-claro, Terça: branca, Quarta: azul bebê, Quinta: azul-céu e na Sexta: azul-royal.

Três: Ele sempre corrige qualquer errinho que Castiel comete.

Ele literalmente já deixou uma pasta dos relatórios e projetos de Castiel em cima da mesa, todos com algum círculo e correções em vermelho em algum parágrafo ou frase grifada.

Quatro, e talvez o mais importante:

Após a fusão, ele chegou com uma lista de pessoas para despedir e ela incluía todos os colegas de trabalho do moreno, que também eram todos os seus amigos.

Então, agora, ele estava ali preso dia após interminável dia, sozinho com seu arqui-inimigo maníaco com quem passava grande parte de todos os dias trocando olhares mortais.

The Hating Game • DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora