Sou incapaz de lhe dar esse prazer

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Dean apoiava o peso de seu corpo na bancada da cozinha. Observava Castiel cantarolar baixinho e dançar com os ombros enquanto assoprava seu chá, de costas pra ele.

— O emprego é meu, moranguinho. — o loiro fez questão de provocá-lo, agarrando sua própria xícara de café quando o moreno se aproximou.

— Sua esperança é cativante, mas você se esqueceu de uma coisa: Todo mundo odeia você.

— Eles não me odeiam, têm medo de mim. O que me torna eficaz.

— Quando eu for seu chefe, exigirei que faça tudo que eu disser com um sorriso no rosto. — o próprio moreno deu um debochado, encarando o loiro do outro lado da mesa.

— Quando eu for seu chefe, vou te dar tanto trabalho que você usará o escritório como seu endereço residencial.

Eles sempre tinham um contra-ataque um para o outro na ponta da língua.

— Quando eu for seu chefe, vou impor sextas-feiras casuais. Camisas havaianas obrigatórias.

Indo em direção ao elevador com Dean em seu encalço, continuaram.

— Quando eu for seu chefe, vou implementar um novo código de vestimenta. Chega de parecer um bibliotecário de escola primária.

Castiel riu zombeteiro. Os dois lado a lado segurando suas xícaras e olhando para as portas depois que o moreno apertou o botão do andar e elas se fecharam. Houve apenas um curto momento de silêncio antes dele voltar a falar.

— Se você conseguir o emprego, vou pedir demissão. — Cas soltou.

— Sério?

— Assim como você, se eu conseguir.

— Não vou me demitir. — o loiro disse tranquilo virando seu olhar para o moreno, mas logo o voltando pra frente.

— Então eu vou demitir você.

— Mas sou incapaz de lhe dar esse prazer.

— Aposto que já disse essa frase muitas vezes, não é? - disse afrontoso, Dean riu imperturbável. — Então concordamos. Se um de nós conseguir o emprego, o outro pede demissão.

— Certo, combinado. — o loiro disse bem antes das portas se abrirem.

Os dois saíram ao mesmo tempo e Cas quase esbarrou nele para ir até seu lado da sala, a ação fazendo os dois revirarem os olhos.

Aaron estava no canto de Dean da sala com um livro em mãos.

— Oi, Aaron. —  Cas o cumprimentou simpático, seu tom de voz completamente diferente.

— Venho trazendo presentes! — ele mal esperou o moreno se aproximar e jogou o livro em sua direção, que bateu em seu braço e então caiu no chão. — Desculpe, deveria ter esperado contato visual.

Cas se abaixou para pegá-lo, sorrindo quando viu do que se tratava.

— O livro novo! — ele levantou, fitando o colega, agradecido. — Foi muito gentil da sua parte, obrigado.

— Os designers fizeram cópias antecipadas, então não foi nada demais.

— Ah, não. Essa é a capa? — quando chegou em sua mesa ele parou para reparar e com uma careta viu a imagem da silhueta de uma mulher, seus seios cobertos apenas por um sutiã com as alças abaixadas até o ombro.

— Sinto muito, Shurley nos obrigou a fazer isso.

— O livro é sobre um arqueológo com autismo. Será que ele ao menos lê as contracapas?

The Hating Game • DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora