Capitulo 6

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-Por que todo mundo sumiu?- Resmungo saindo do quarto de Steven ao ver que estava tudo vazio, desço as escadas sem pressa só pra encontrar um bilhete na sala.

Crianças, Beck e eu fomos na rua resolver assuntos adultos. Se cuidem e não durmam tarde. 
Belly, Beck deixou algo pra você no seu quarto. Gaby, cuide deles!

Sorrio com a mensagem carinhosa e deixo o bilhete no mesmo lugar, não sabia se os outros ja tinham lido. Liguei a alexa na tomada e pedi para tocar a trilha sonora de Daisy Jones & The Six, Look at Us now começa a tocar em um volume mediano e canto junto fazendo toda uma cena dramática entre Billy e Daisy, me distraindo sozinha.
Até que um barulho do lado de fora me faz abaixar o som, pego uma faca no balcão e caminho sorrateiramente ate a porta dos fundos, meu coração estava pulado e meus punhos tremendo, não sai do Brasil pra morrer nos Estados Unidos igual os filmes do pânico.
Num surto de adrenalina abro a porta rapidamente, apenas para encontrar Conrad sentado na beira da piscina e uma grande fumaça densa ao seu redor.

Suspiro alto aliviada e caminho ate o garoto, me sento ao seu lado em silêncio e olho ao redor procurando o motivo da fumaça, só pra encontrar um baseado que Deus me perdoe estava completamente pastelado.

-Desde quando?- pergunto apontando para o cigarro com a cabeça

-Alguns meses..- murmura o garoto num tom de voz tão baixo que era quase imperceptível

-E ainda sim não aprendeu a bolar direito? Vou te ensinar direito qualquer dia.- Digo rindo batendo com meu ombro no do garoto, ele sorriu mas estava murcho. Algo aconteceu.- Oque aconteceu?

-Nada.. só não conte pra minha mãe ok?- pediu ele com um tom de voz esquisito, parecia manhoso como se tivesse chorando. Conrad estava chorando?

Assinto com silêncio e puxo o baseado de seus dedos, dou uma tragada forte no mesmo e solto a fumaça pro alto despertando um olhar de surpresa e curiosidade do moreno.

-Sabe Connie, você não precisa disso- murmuro devolvendo o cigarro. Pude sentir o garoto me olhando novamente.- Não posso dizer que faz mal até porque eu fumei essa porcaria com você, mas se você quer um conselho, não deixe sua felicidade e paz depender disso. Se depender, o mundo perde a graça.

Eu nunca tive problemas com drogas, mas quem nunca fumou um baseado num momento de estresse? Obvio que já tinha me ocorrido. Como acha que eu passei os primeiros meses sozinha aqui?

Conrad ainda me olhava, segurando o baseado. O moreno então o deixou apagar sozinho e o guardou dentro da latinha de alumínio de mentos.

-Por que você tem uma faca?

O olho incrédula e só então me lembro que ainda estava com a faca na mão, solto uma risada alta deixando o garoto ainda mais confuso.

-Eu achei que estava sozinha e ouvi um barulho aqui fora.- digo entre a risada pondo a faca no chão. - E ai eu lembrei dos filmes de pânico e cara eu definitivamente não sou uma final girl.

-Achei que pânico fosse seu filme favorito.- Disse ele com um sorriso tranquilo nos lábios, confuso, mas tranquilo

-Ah e é, mas não quer dizer que eu sobreviveria a ele. - Rio junto por alguns segundos ate que o silêncio se instaurou no ar novamente. Conrad sacudiu a cabeça e desviou o olhar pra piscina e só então me toquei o quão constrangedor estava.- Onde foi todo mundo?

-Mcdonalds, essas pessoas sem amor próprio - brincou ele

Apesar de estar rindo, tinha algo pairando no ar. Os olhos de Conrad estavam vermelhos pela maconha, mas também tinha alguma outra coisa. Eu estava tão perto que podia sentir o cheiro da pasta de dentes de hortelã saindo da boca do menino, engulo em seco revezando o olhar entre seus olhos e sua boca que  me seduzia de uma forma inexplicável. Estava tão perto que podia sentir o calor de seu corpo queimando o meu.

Eu desejei Conrad com tudo que havia dentro de mim naquele instante, mas ele não era algo a ser desejado. além de tudo, Conrad tinha uma namorada e uma coisa que eu não sou é amante. Isso nunca.

-Você ja viu Lady Bird? - pigarreio me afastando a uma distancia segura, tentando puxar assunto novamente.-A gente pode ver

Conrad me olhou novamente, seu olhar não era triste, nem confuso, era curioso. Ele estava quieto e mesmo assim parecia dizer tanta coisa que eu conseguia decifrar. A luz da piscina refletia em seus olhos e só o deixava mais angelical.

-ta bom, vamos ver Lady Bird.




Conrad ficou encarregado da pipoca enquanto eu procurava o filme na televisão, após alguns minutos de discussão ele cedeu e botou manteiga na pipoca. Dou play no filme e apago as luzes esperando o garoto se jogar ao meu lado.
Assim que ele se senta, ponho a pipoca entre nós dois e deixo o filme rolar.

Era inevitável não o olhar, tão concentrado no filme como se absorvesse cada milissegundo do mesmo, analisando detalhes e procurando por algo na tela.  Pouco tempo depois enfiei a mão no balde apenas para descobrir que a pipoca havia acabado, suspiro baixo e bato as mãos uma na outra para limpar o sal.

-Você quer mais? Eu posso fazer.- Disse ele se preparando para levantar, por um impulso momentâneo seguro seu pulso o fazendo ficar sentado.

Conrad pairou o olhar sobre mim, e mais uma vez ficamos em silêncio. Até que me toquei que estava o segurando, soltei seu braço e me endireitei no sofá

-Não precisa Connie, eu ja estou satisfeita.- Digo sorrindo fraco e tomando um gole do refrigerante que ele havia trago mais cedo.

Eu honestamente não sei quando o filme acabou, não assisti até o final. a maconha realmente havia me acertado em cheio, encostei a cabeça no sofá e deixei que o sono me levasse.
Apaguei por algumas horas, acordei com a risada de Belly e Steven na escada, abri os olhos e me espreguicei, então descobri o motivo das risadas. Conrad também dormia no sofá, deitado ao meu lado e com os braços ao redor de meu corpo em um abraço confortável.  Acho que me mexi muito porque em questão de segundos os olhos do moreno começaram a piscar dando sinais de que estava acordando.

Conrad abriu os olhos e num pulo se sentou no sofá, me soltando. Imitei seu movimento e passei os dedos no cabelo para não correr o risco de ficar com o mesmo em pé pelo cochilo. Os passos apressados de Belly e Steven invadiram a sala assim que nos levantamos.

- Bom dia belas adormecidas. -Disse a mais nova com um sorriso provocativo no rosto

-Dormiram bem, casal?- Perguntou o irmão da mesma.

Engasguei com minha própria saliva e virei o rosto, Conrad pareceu ter a mesma reação e começou a catar o lixo pelo chão da sala rapidamente correndo pra cozinha

-Nós não somos um casal- dizemos em uníssono

-Só estávamos vendo um filme e cochilamos- digo jogando um milho da pipoca em Steven. - Vocês são dois fofoqueiros isso sim! Onde está Jeremiah? Susannah e Laurel?

Tento mudar de assunto sentindo meu rosto esquentar de vergonha, há quanto tempo eu estava dormindo com Conrad? Como chegamos nessa posição? Não que eu esteja reclamando, mas eu não esperava acordar assim.

Steven explica o paradeiro de cada um dos ausentes e concordo com a cabeça terminando de limpar tudo, Conrad ja não estava mais por perto então resolvo subir para o quarto e ajudar a procurar oque Susannah tinha deixado para Belly. A garota soltou um gritinho de comemoração  ao encontrar o presente e se jogou na cama com o pequeno envelope branco com nosso nome.

Leio a cartinha com cuidado e suspiro olhando para Belly.

-Baile de debutantes?- digo confusa analisando as opções.- Você vai aceitar?

-Honestamente? Não sei Gabi..Susannah sempre disse que seu sonho era me ver com vestido de debutante mas, isso é não muito a minha praia

Susannah, aquilo foi ideia dela obviamente. Lembro da conversa que havia ouvido no dia anterior e suspiro baixo devolvendo o convite para a dona

-Você deveria aceitar, por ela.- digo baixo acariciando o ombro da menina, não poderia elaborar mais sem conta-la da doença da loira e do terrível destino que a aguardava.

-Você ta certa, pela Susannah.- Sorriu ela marcando a opção de "sim" com uma caneta.

Endgame and shitOnde histórias criam vida. Descubra agora